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Gaviões debate fim do voto do associado em eleição presidencial; entenda

Parte do mural gigante que a Gaviões da Fiel prepara para o clássico contra o Palmeiras - Sérgio Cruz/Gaviões da Fiel
Parte do mural gigante que a Gaviões da Fiel prepara para o clássico contra o Palmeiras Imagem: Sérgio Cruz/Gaviões da Fiel

Ricardo Perrone e Yago Rudá

Do UOL, em São Paulo

28/01/2022 04h00

A Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do Corinthians, trabalha na elaboração de uma reforma estatutária. As novas normas e diretrizes que serão apresentadas ao quadro de sócios ainda estão sendo estudadas por uma comissão criada especialmente para o tema. Internamente, discute-se a possibilidade de alteração do sistema eleitoral para a escolha do presidente, que deixaria de ser escolhido em votação aberta aos associados e passaria a ser eleito pelo Conselho Deliberativo.

A ala favorável à mudança argumenta que a manobra é democrática e não fere os ideais da Torcida, fundada em 1969 durante a Ditadura Militar no Brasil. Isto porque, o Conselho Deliberativo é formado pelos fundadores, todos os ex-presidentes, membros beneméritos e membros eleitos pela assembleia geral de associados para um mandato trienal. Portanto, um grupo distinto e que poderia ter mais acesso aos candidatos à presidência em eleições futuras.

"Os caras mais antigos acham que é uma forma de ter o controle de quem é o presidente, quem são os membros da diretoria. Ainda vai ser discutido, teremos mais propostas dentro da comissão e todas elas vão para o Conselho. O Conselho aprovando, vai para uma Assembleia Geral. É tudo conforme o estatuto, é uma discussão normal", argumenta Douglas Deúngaro, o Metaleiro, ex-presidente, conselheiro vitalício e um dos líderes atuais.

"Caso a proposta que dá o poder de voto apenas ao Conselho vingue, a Gaviões voltará a usar um sistema adotado no passado", conclui.

Há quem considere a proposta antidemocrática. Afinal, a Gaviões da Fiel atualmente possui um quadro de 128 mil associados, sendo que para ter o direito a voto basta ter mais de 16 anos, pelo menos três anos como membro da Torcida, e comprovar sua identidade no dia da eleição. A organizada nem sequer cobra que o sócio esteja adimplente com suas mensalidades para participar da escolha do novo presidente e dos novos conselheiros.

Outro ponto debatido internamente é o conflito de interesses com aquilo que é pregado pela organizada. Afinal, a Gaviões cobra publicamente uma reforma estatutária no Corinthians para que o Fiel Torcedor também tenha direito ao voto nas eleições do clube, e não apenas os associados que frequentam o Parque São Jorge.

Em contato com a reportagem, Alexandre Jacobino, o Jarrão, atual vice-presidente da Gaviões, deu sua opinião sobre o tema e demonstrou ser contrário à proposta.

"Seria um retrocesso sem tamanho nos Gaviões. Que fique claro que o posicionamento da atual gestão é contrário a essa proposta. Não apoiamos".

Próximos passos

A polêmica proposta ainda está sendo debatida pela comissão que revisa o atual estatuto e busca alterações e melhorias no documento. O grupo é composto por aproximadamente 25 pessoas, com membros da oposição e situação na política interna da Gaviões. Nas próximas semanas, as possíveis mudanças serão apresentadas ao Conselho Deliberativo.

Os conselheiros estudarão as propostas e votarão para decidir quais serão elegíveis à Assembleia Geral — esta sim soberana e definitiva. Em data ainda não divulgada, as eleições aos sócios serão convocadas para definir quais alterações serão adotadas.

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