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Daniel Alves diz que presença na seleção não é por ser 'queridinho'

Daniel Alves em coletiva na seleção brasileira - Reprodução/CBF TV
Daniel Alves em coletiva na seleção brasileira Imagem: Reprodução/CBF TV

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em Belo Horizonte

30/01/2022 14h04

Já são 121 partidas com a seleção brasileira. "E contando", segundo ele mesmo. Mas Daniel Alves não atribui a longevidade na amarelinha e, mais especificamente, a presença na convocação atual de Tite ao fato de ser "queridinho".

Aos 38 anos, ele está na disputa com Danilo e Emerson Royal pelas duas vagas na lateral direita na Copa do Mundo do Qatar. Contra o Equador, Dani entrou no top-3 da lista de jogadores com maior número de partidas. E como será titular diante do Paraguai, já vai acrescentar mais um à marca pessoal. Como explicar tanto tempo de atuação?

"No que eu sempre coloco como premissa de trabalho, de lutar por aquilo que eu sonho. E volto a insistir, o sonho é meu, a vontade é minha, o desejo de fazer aquilo que fiz toda minha vida é meu e está no meu controle. Sempre me vi dentro da seleção brasileira, com opções e chances. Não porque sou queridinho, não porque sou um jogador que acumula muitos jogos e tem algumas conquistas na carreira, mas pelo meu comprometimento, pela minha disciplina, pelo meu caráter, pela minha entrega", avaliou o jogador.

O movimento de carreira de Daniel Alves foi com o objetivo explícito de disputar mais uma Copa — em 2018, ele foi cortado por causa de uma lesão. Nas palavras de Dani, a decisão de rescindir com o São Paulo em setembro e, posteriormente, fechar com o Barcelona teve como intuito buscar uma rotina de competitividade com aqueles que serão adversários no Qatar: os europeus.

"Estar lá te condiciona melhor a enfrentá-los, será uma extensão do que você está enfrentando praticamente no cotidiano. Isso faz com que o seu nível de competitividade aumente. Não que aqui no Brasil não tenha, tem, mas de uma forma diferente a nível logístico, do que pode se entregar para o atleta é um pouco mais complicado. Aqui é um nível de performance, lá é um extra nível de performance", avaliou.

Não é só o fato de voltar para a Europa, é voltar para a alta performance, voltar num clube como o Barcelona. Está sendo especial, muito maior do que eu sonhei, porque queria voltar para a Europa, mas ainda não tinha um destino muito certo até aparecer o Barcelona. É um presente que a vida me deu de voltar ao Barcelona e escrever novos capítulos em alto nível, com a idade que tenho, acredito que foi uma grande surpresa para a maioria. Mas não para quem me acompanha, vê meu trabalho e meu comprometimento com a obra. Espero que esse ano seja de gratas surpresas e muitas alegrias".

Daniel Alves durante partida da seleção brasileira contra o Equador - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Daniel Alves durante partida da seleção brasileira contra o Equador
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Mas o tempo de inatividade e o período no tricolor até atuando fora da lateral trouxeram questionamentos sobre ele. Ainda mais pela idade. Olhando o fim da carreira em um horizonte cada vez mais próximo, Daniel sabe que precisa compensar o peso do tempo.

"É o que eu procuro fazer, tentar fazer com que apesar da idade que eu tenha isso não seja um problema. Sou um jogador que por sorte e pelo meu estilo de jogo não tive muitas lesões físicas e isso joga um pouco a meu favor. O resto é trabalho e quando se fala em trabalho meu nome vem logo em seguida, porque é o que eu mais fiz durante toda a minha vida, trabalhar para performar", comentou o jogador.

Na cabeça de Daniel Alves, a gangorra na disputa por espaço na seleção pode pesar a seu favor por conta de elementos técnicos e características de jogo que se encaixam melhor na construção que Tite deseja para a equipe.

"Consigo entender mais o macro do jogo, consigo ser um armador jogando de lateral-direito, o que sempre fiz na vida. Minha diferença para eles no modo de ver, analisar e de conhecer um pouco dessa profissão é que trago um pouco mais de técnica, de controle de jogo, um pouco mais de criação e armação dentro do sistema que se requer", disse ele, ao ser perguntado sobre Danilo e Alex Sandro, hoje titular na esquerda.

Ao longo de 121 jogos, Daniel Alves elegeu três momentos como mais marcantes pela seleção. O mais recente e citado em terceiro foi em 2013, na final da Copa das Confederações diante da Espanha, no Maracanã. Os outros dois foram o gol na semifinal da Copa das Confederações 2009, diante da África do Sul, deixando para o topo a final da Copa América 2007, quando ele sai do banco e anota um dos gols na vitória sobre a Argentina por 3 a 0.

O próximo desafio é terça-feira, contra o Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. O jogo será às 21h30, no Mineirão, em Belo Horizonte. Como recordação desse mesmo estádio, Dani guarda a boa atuação na semifinal da Copa América 2019, diante da Argentina.