Grêmio aposta em Ferreira protagonista contra "maldição" da camisa 10

O Grêmio anunciou a renovação de Ferreira com uma dose de pompa e circunstância. Não foi à toa. O clube gaúcho aposta no meia-atacante como um dos protagonistas da temporada, com boa chance de ser destaque na Série B. E com ele, também vem um fato curioso: a tentativa de encerrar uma recente maldição na camisa 10. De 2019 para cá, nenhum jogador se firmou com o número.

A partir da saída de Douglas Costa, a caminho do Los Angeles Galaxy, dos Estados Unidos, a camisa 10 ficou vaga, mas por poucos dias. Ferreira mudou um dígito no uniforme: sai o número 11 e entra o 10.

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O Grêmio costurou a renovação de Ferreira desde o final de dezembro, mas a conversa foi acelerada com sondagem do Flamengo, à época ainda em negociação pela saída de Michael. O novo contrato do meia-atacante em Porto Alegre tem maior salário, multa rescisória mais elevada e o adicional do status de protagonista.

"Todos nós confiamos em ti. O torcedor sabe a tua dedicação. Nós contamos contigo. Nosso verdadeiro camisa 10. Esse é o camisa 10 que nós queríamos", disse Sérgio Vasquez, diretor de futebol do Grêmio, durante a coletiva de renovação.

A visão interna do Grêmio é que Ferreira possui características importantes, como drible e velocidade. E tem espaço no elenco para crescer e se tornar decisivo. Em 2021, o meia-atacante foi vice-artilheiro do time, mas com altos e baixos ao longo da temporada. Também por conta de lesão no joelho, teste positivo para covid-19 e o ambiente conturbado do clube, que ficou 37 rodadas no Z4 e teve rebaixamento confirmado na última partida.

Os dirigentes também entendem que repassar a camisa 10 a Ferreira contempla a trajetória do meia-atacante, que passou pela base gremista, foi emprestado para clubes do interior gaúcho e se envolveu até em litígio judicial antes de ganhar sequência no time principal. De 2020 para cá, Ferreira tem recebido diferentes elogios no dia a dia.

Maldição mesmo?

O último camisa 10 do Grêmio a ter notoriedade foi Douglas, campeão da Copa do Brasil de 2016 e desfalque no título da Copa Libertadores por lesão no joelho. Com a saída dele, o número rodou pelas costas de reforços que chegaram a Porto Alegre e não deslancharam.

Gastón Fernández, ídolo do Estudiantes-ARG, usou a camisa 10 ao longo de 2017, logo após cirurgia no joelho de Douglas. Quando o meia voltou aos treinos e jogos, o argentino já havia deixado o Brasil.

Depois da saída do barbudo, o número foi parar na camisa de Felipe Vizeu. O atacante revelado pelo Flamengo chegou em janeiro de 2019 e saiu em dezembro daquele ano, com cinco gols em 26 jogos.

Em 2020, a camisa 10 do Grêmio rodou com Thiago Neves, Robinho e Jean Pyerre. O primeiro ganhou a numeração na chegada, em sinal de boa fé após desavença interna sobre a contratação. O segundo jogador herdou o número, semanas depois de desembarcar no Rio Grande do Sul. Em novembro do mesmo ano, a peça ganhou outro destino. A diretoria convenceu Renato Gaúcho a dar o número a Jean Pyerre.

À época, o ato de repassar a camisa 10 a Jean Pyerre foi encarado como simbolismo de aposta no meia-atacante, recentemente emprestado ao Giresunspor, da Turquia. Na prática, pouca coisa mudou na relação do jogador com Renato. E nas atuações em si.

Em maio de 2021, a camisa 10 saiu de Jean Pyerre e foi repousar no uniforme de Douglas Costa. O meia-atacante chegou a telefonar para o colega em busca de autorização para usar a numeração. Internamente o caso gerou desconforto por não ter participação da diretoria e ocorrer de maneira apressada.

O novo camisa 10 do Grêmio, Ferreira, estreia na temporada na quarta-feira (2), contra o São José-RS. O jogo é válida pela terceira rodada do Campeonato Gaúcho e será o primeiro ato de uma nova era. Que o clube gremista espera ser de protagonismo e nada de maldição.