Ceni vê melhor atuação do São Paulo no ano e lamenta erros em nova derrota
A derrota por 4 a 3 do São Paulo para o Red Bull Bragantino deixou boas impressões para Rogério Ceni. Mesmo com o placar adverso e sem ainda ter conseguido vencer no Paulistão, o treinador apontou a exibição como a melhor até agora nesse início de temporada e lamentou que os gols do adversário tenham saído de erros cometidos por seus atletas.
O São Paulo chegou a estar à frente no placar com 3 a 2, mas levou os gols da derrota na parte final do jogo. "Nós não matamos o jogo e sofremos em alguns detalhes: bolas alçadas à área, falta de um pouco mais de controle da bola, não entregar tão fácil para o adversário. Mas, dentro de um todo, de um contexto, como jogo, foi disparada a melhor apresentação que nós fizemos", analisou.
A equipe tricolor terminou a partida com 19 finalizações contra 11 do Red Bull Bragantino e com mais posse de bola (61% a 39%). Mesmo assim, segue sem conseguir sua primeira vitória na competição. Foi apenas um ponto conquistado nas três partidas disputadas.
"Futebol não é feito só de você jogar bem. Nós jogamos um bom jogo hoje. Mas nós precisamos de resultado porque são poucas rodadas. Não é que nem o Campeonato Brasileiro que são 38 e dá tempo de você buscar. São só 12 partidas e somar só um ponto em três é muito pouco", prosseguiu.
O São Paulo terá quase uma semana de preparação antes de voltar a campo. A equipe enfrenta o Santo André, no Morumbi, na próxima quarta-feira (10), pela quarta rodada do Paulistão.
Confira outras declarações de Rogério Ceni:
Por que não conseguiu segurar nem a vantagem nem o empate? O que faltou defensivamente?
Acho que foi o melhor jogo que fizemos desses três e a tendência, logicamente, é que o time melhore. Acho que de positivo foi a parte de sempre propor o jogo, tentar ter o controle do jogo, finalizamos bastante no jogo de hoje, o poder de reação é uma coisa importante de citar.
Agora, nós lutamos muito para conseguir, batemos muito no adversário para conseguir os gols e nós não conseguimos sustentar essa vantagem, entregamos com muita facilidade a vantagem ao adversário. Eu até falei para os jogadores que foi triste acabar um jogo perdendo de 4 a 3, um jogo em que você foi superior ao adversário, que tivemos possibilidades de fazer o quarto, o quinto.
Nós não matamos e depois a gente sofre em detalhes que são perceptíveis durante o jogo: bolas alçadas à área, a gente tem dificuldade em relação a isso; um pouco mais de controle, trabalhar um pouco mais essa bola, não entregar tão fácil a bola ao adversário; pressa em bater falta no campo de ataque, onde você pode segurar a bola consigo; algumas reposições de defesa para o ataque que não são necessárias fazer ligação direta. Aí a gente perde uma bola e acaba sofrendo gols. Mas dentro de um todo, de um contexto, como jogo, foi disparada a melhor apresentação que nós fizemos.
Por que o Igor Gomes saiu 37 minutos depois de entrar no intervalo da partida?
Igor e Talles tiveram covid e voltaram faz quatro dias a treinar com a gente. Ficaram uma semana parados, o Patrick sentiu a posterior, eu precisava montar o tripé do meio de campo, quis usar Sara, Nestor como primeiro e precisava de um homem para tripé. Tanto Igor quanto o Talles fazem essa função, mas os dois eu imaginava que só poderia utilizar 45 minutos cada um.
Mas o Igor acho que entrou... talvez até um erro meu de avaliação, eu achei que ele aguentaria a intensidade do jogo, mas ele não conseguiu acompanhar a intensidade do jogo, o próprio Talles deixou alguns buracos devido à parte física. Mas a necessidade do jogo pedia um dos dois naquela função. Quando eu achei que ele não ia conseguir cumprir a função - e é um erro de avaliação meu colocar ele no jogo achando que ele suportaria 45 minutos com a intensidade necessária -, nós mudamos para um 4-2-4 colocando o Neves ao lado do Nestor, abrindo o Sara, o Marquinhos e aí já na parte final com Eder e Nikão à frente.
Mas alguns jogadores ainda sentem muito a parte física, não estão conseguindo ainda responder. É muito curto ainda o tempo de treinamento, mas houve evolução. Pela primeira vez, a gente vê um time que tem condições de vencer jogos.
O que mais te preocupa na equipe?
Eu acho que essa transição, a calma para sair jogando, nós construímos o jogo, mas, de repente, esse branco que dá no time em fazer bolas longas, rifar bolas em que nós temos a condição de controlar o jogo, de trabalhar essa bola como chegamos várias vezes no dia de hoje. Jogando por dentro, por fora, com uma quantidade enorme de chances de gols que nós tivemos. Eu acho que dá branco no time.
O time fez um bom jogo, repito, principalmente na parte de criação, a parte ofensiva, mas foram erros primários que nós cometemos, desnecessários. A origem dos gols, se você analisar, são gols que nós entregamos praticamente para o Bragantino. Temos que melhorar nesse sentido, mas como time, os caras lutaram, brigaram, tiveram qualidade para construir jogadas. Nós não fomos bons e não tivemos a organização suficiente para se defender da maneira correta.
O que explica o apagão defensivo?
Primeiro que a equipe nitidamente ofensiva foi a nossa, que controlou o jogo e que teve muito mais oportunidades. E é uma equipe que tem coragem de jogar contra outras equipes ofensivas. Isso é um ponto positivo, é uma equipe que arrisca vencer jogos. E, consequentemente, ocorre também de perder partidas como foi a de hoje. Mas marcou três gols, esse é o lado positivo.
E os gols que nós sofremos não foram nem de jogadas trabalhadas do Bragantino, não. Foram muito mais por erros de falta de alguma avaliação melhor da jogada, de não ter pressa às vezes para ligar uma bola à frente e ter um pouquinho mais de calma, esperar o time sair para estar um pouquinho mais bem posicionado. Foi muito mais isso do que um envolvimento do Bragantino em matéria de construção de jogo.
Nesse sentido é o lado positivo que a gente vê: fazer três gols e perder mais um caminhão de gols que nós perdemos. De negativo é que a gente tem que ter uma compactação melhor, um pouquinho mais de calma e escolher melhor as jogadas. Mas repito: o time competiu bem no dia de hoje.
Cogita voltar a usar três zagueiros?
Não. Não vale porque temos poucos zagueiros. Tem o Beraldo que subiu agora, mas ainda é novo, sem muita experiência. Nós temos a maioria dos nossos jogadores de ataque, então temos que usar o maior número de jogadores desse setor.
Temos que ter calma, fazer com que os jogadores que chegaram evoluam fisicamente. O Nikão estava um pouco cansado para começar o jogo, é um jogador que nitidamente que nos últimos anos não joga no mês de janeiro, de fevereiro. Ele está fazendo pré-temporada nessa época. E isso faz diferença ao longo dos anos um atleta começar assim.
O Patrick fora machucado, o Rafinha vinha de dois jogos em pouco tempo. Hoje o Igor Vinícius fez um bom jogo ofensivamente, fez um bom jogo no primeiro tempo, chegou muito na linha de fundo, foi o principal jogador que fez jogadas ofensivas pra gente.
Hoje jogou praticamente o time do ano passado, que começou o jogo de hoje. Então nós temos que esperar todo mundo se condicionar. Temos jogadores no departamento médico, o Arboleda chegou ontem à noite de viagem, não fez nenhum treino. O Luan até hoje eu vi 10 minutos o Luan no campo. Luciano voltou das férias lesionado e ainda não conseguimos trabalhar com o jogador. Tanto Luan quanto Luciano vão ter que fazer pré-temporada. Não tenho à disposição tantas peças.
Alto número de gols sofridos e pouco desarme são coisas que preocupam? Sente falta de um primeiro volante de origem?
Num 4-3-3, o primeiro volante tem mais necessidade de ter uma pegada maior, preferencialmente de uma maior estatura, porque você pega o Bragantino que iniciou hoje que tem seis jogadores acima de 1,80m. Como que nós sofremos o último gol? Em uma bola cruzada para dentro da área. Ou seja, o nosso time é um time que não tem estatura. Nosso time tem o Arboleda, que é um bom cabeceador, o Miranda, que é zagueiro, e quando está o Calleri é um terceiro cabeceador que ajuda na parte defensiva. Vai sofrer nesse sentido, é uma coisa que já falamos, mostramos que nós vamos sofrer contra equipes que nesse quesito são superiores a gente.
Você tem mais derrotas do que vitórias. Como vem lidando com a pressão?
O início da temporada é agora, mas nós não vencemos em três jogos e isso é... as pessoas não querem saber se você jogou bem, criou 10 oportunidades. As pessoas querem saber se você fez pontos, isso é o mais importante para quem olha de fora.
Eu fico feliz de o time evoluir. Nos primeiros jogos com poucos dias, hoje um pouco mais de tempo, o time já correu muito mais, já jogou muito mais, competiu contra um time de Série A. Agora, os resultados precisam vir, porque você precisa classificar no Paulista, precisa subir seu nível de jogo. Não adianta só jogar um bom jogo como hoje se no final, por um motivo ou outro, você acaba entregando o resultado ao adversário.
Nós sofremos muito para conquistar nossos gols e entregamos com muita facilidade a possibilidade de gol ao adversário. Temos que evoluir nesse sentido e tentar as vitórias o mais rápido possível.
Como explicar esse começo ruim?
Começamos a jogar o campeonato com duas semanas de preparação. Atrasamos um dia na preparação para fazer exame de covid, nós tivemos 17 jogadores com covid ao longo desses dias. É pouco tempo de treinamento. Talvez o grande erro nosso... nem é um erro, mas porque não é permitido, no Campeonato Paulista você não pode colocar o time da Copinha para jogar, você pode botar no máximo oito jogadores que sejam formados no clube para iniciar um jogo. Mas talvez o nosso maior erro tenha sido não colocar o time da Taça São Paulo nos dois primeiros jogos e se preparar de uma maneira melhor.
Estamos nos desgastando, tendo que preparar o time fisicamente e, automaticamente, jogar e ganhar. E a vitória não está vindo. Talvez esse tenha sido o grande erro. Se fosse no Rio de Janeiro, por exemplo, você coloca um time de garotos e você vai dando sequência à preparação. Nós não conseguimos fazer isso.
Vê a necessidade de contar com mais um zagueiro?
Se tiver mais um zagueiro, todos sabem que estamos em busca de mais um zagueiro para tentarmos melhor o jogo aéreo, a altura do time. Um time alto é sempre mais fácil de se trabalhar. Quando você tem uma linha de quatro defensiva grande dá muito mais segurança à equipe. Então em algum lugar do campo vamos ter que tentar achar jogadores mais altos.
Agora, vinha com dois gols sofridos no primeiro jogo. Hoje acho que o time fez disparado o melhor jogo dos três, o que é natural que o time evolua e jogue melhor. Mas hoje tivemos erros, como foi no pênalti do Ituano que se inicia num erro nosso de construção a jogada. Mas já é um time bem melhor.
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