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Especialista diz que tumor de Jean Pyerre é comum e tem alta taxa de cura

Pedro H. Tesch/AGIF
Imagem: Pedro H. Tesch/AGIF

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

05/02/2022 04h00

A notícia de que Jean Pyerre, meia revelado pelo Grêmio e emprestado ao Giresunspor, da Turquia, foi diagnosticado com tumor em um dos testículos causou comoção entre jogadores e clubes do futebol brasileiro. A corrente de apoio ganhou ainda mais força na sexta-feira (4), Dia Mundial de Combate ao Câncer.

O prognóstico dado ao meia-atacante brasileiro é de rápida recuperação após cirurgia. A taxa de cura é superior a 95%, segundo especialista de câncer urológicos.

Ao longo da quinta-feira, Grêmio e Flamengo postaram mensagens de apoio a Jean Pyerre. Hoje, o Internacional abriu a lista de solidários ao meia. Corinthians, Juventude, Novo Hamburgo, Vasco, Red Bull Bragantino, São José-RS, Caxias, Goiás e Fortaleza se somaram nas horas seguintes.

"O câncer no testículo é bem raro mesmo, acomete um a cada 100 mil homens e afeta pessoas jovens. São duas faixas de idade, basicamente. Dos 15 aos 25 anos e depois dos 35 aos 45 anos", relata Stênio Zequi, líder do centro de referência em tumores urológicos do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo.

Jean Pyerre teve tumor detectado nos exames médicos para assinatura de contrato de empréstimo com o clube turco. No início da semana, ele foi comunicado de alteração nos testes clínicos e recebeu o diagnóstico.

"Apesar de ser preocupante (o diagnóstico), os casos têm altíssima taxa de cura. Com diagnóstico precoce, a cura é de 97, 98%. No caso de tumor em estágio avançado, a taxa de cura ainda é elevada", comenta Zequi.

O tratamento geralmente envolve cirurgia para retirada de um dos testículos, com possível necessidade de sessões de quimioterapia ou radioterapia. No diagnóstico dado a Jean Pyerre, não foi citada a necessidade de tratamento posterior à cirurgia. A intervenção não afeta a vida sexual dos pacientes, de acordo com especialista.

"O paciente continua com potência sexual, com ereção e virilidade. Ele continua fértil. Embora cause certa comoção, o paciente fica bem. O testículo remanescente, em geral, dá conta de todas as funções hormonais, sexuais e reprodutivas", aponta Stênio Zequi.

O diagnóstico do câncer ou tumor de testículo pode vir a partir da palpação do médico, com posterior ultrassonografia para confirmar ou não o caso, ou ainda mediante exames de sangue que medem a dosagem de marcadores tumorais.

"Todo homem tem que estar atento. Aumento no tamanho no testículo, surgimento de algum nódulo. Ele sente peso na região, mas não sente dor. A maioria dos diagnósticos é feito durante o banho, onde o paciente sente alguma alteração. Ou ainda durante relações sexuais. Não precisa todo homem jovem ir ao médico, mas se ele notar aumento de volume, consistência e forma, é bom olhar", recomenda Zequi.

Aos 23 anos, Jean Pyerre já comunicou a Grêmio e Giresunspor a decisão de voltar ao Brasil para realizar tratamento. A previsão é que o meia faça cirurgia em Porto Alegre.