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Como assim? Palmeiras terá déjà vu da Pompeia rumo ao estádio do Mundial

Diego Iwata Lima

Do UOL, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos)

06/02/2022 04h00

Um estádio encravado em uma vizinhança residencial, com um movimento comercial local considerável, mas não muito grande. Ladeado, porém, por avenidas largas e vizinho a um shopping center, além de bem próximo a um grande terminal de ônibus. Essa descrição cabe perfeitamente para o Allianz Parque, do Palmeiras. Mas, na realidade, se refere ao Al Nahyan, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde o Alviverde enfrentará o Al Ahly (EGI) pela semifinal do Mundial de Clubes na próxima terça-feira (8).

Por conta da rígida lei local, ancorada em preceitos islâmicos, o palmeirense que vier para Abu Dhabi para ver a estreia do Verdão no Mundial não vai poder fazer o seu tradicional "esquenta alcoólico" por bares da região. Tampouco a uniformizada Rasta Alviverde poderá homenagear Jah num ritual canábico sincrético na Terra de Alá, como de costume em São Paulo —algo, aliás, punível com anos de cadeia, por aqui. Mas terá um "déjà vu" da Vila Pompeia ao andar pela região do estádio.

Localizado entre os bairros de Al Nahyan e Al Tibbiya, o estádio Al Nahyan, casa do clube local Al Wahda, vira de ponta-cabeça a rotina dos moradores do seu entorno, assim como ocorre especialmente nas ruas Palestra Itália/Turiassu, Caraíbas e Diana na capital paulista.

Ao redor do estádio, há uma profusão de ruas estreitas, residenciais e de mão única, cortadas por vielas ainda mais estreitas. De cujas janelas senhorinhas, no caso aqui, de hijab ou burca, observam torcedores aos gritos por seus times de futebol. Mas o povo emiradense é pacato. Não é de se esgoelar como fizeram egípcios e mexicanos na noite de sábado (5), antes e depois da partida pelo Mundial, vencida, aliás, pelo time do Cairo, por 1 a 0.

Eram poucos, os mexicanos no estádio. Algo que vai ser muito diferente com os palmeirenses, que prometem dividir meio a meio o Al Nahyan com os africanos. E se a gritaria já foi grande, o que vem na terça-feira tende a ser muito maior. Quem já esteve em um pré-jogo perto do Allianz Parque sabe bem a que o UOL Esporte está se referindo.

Um shopping muito próximo do estádio, que vira filial do estádio

Al Wahda também é o nome do shopping center que é literalmente grudado no estádio Al Nahyan, a ponto de possuir uma passagem interna de um estabelecimento ao outro.

O Palmeiras está acostumado também a ter centros comerciais como vizinho de parede. O hoje Bourbon Shopping foi construído sobre o antigo Shopping Center Matarazzo, fundado em 1975, com o nome do Conde que emprestou ao clube o dinheiro para compra do terreno onde ficam a sede do Palmeiras e o Allianz Parque, no que era conhecido como Parque Antárctica.

Vem daí o fato de, apesar de oficialmente se chamar Estádio Palestra Italia, o estádio sempre ter sido chamado pelo nome da cervejaria que fora dono do local e que o construiu para o lazer de seus funcionários, até que a seguradora Allianz adquiriu seus naming rights.

Nos dias de jogo, o Bourbon vira estacionamento, praça de alimentação e até zona de descanso para muitos palmeirenses. No sábado, quando Al Ahly e Monterrey se enfrentaram, desde muito antes do jogo já havia um mar de camisas vermelhas dos egípcios tomando conta do pedaço.

E se coincidência pouca é bobagem, assim como o Terminal Barra Funda fica bem perto do Allianz Parque, o Terminal Central de Abu Dhabi também é muito próximo do Al Nahyan. E assim como as avenidas Pompeia, Francisco Matarazzo e Sumaré circundam o Allianz Parque, a Hazza Bin Zayed the First, a Sheik Rasheed Byn Saeed e a Old Airport Road circundam o estádio onde o Verdão joga sua sorte contra o Al Ahly.

A grande diferença entre os dois estádios está no tamanho. Enquanto o Al Nahyan tem apenas 15 mil lugares —normalmente apenas 12 mil ingressos são vendidos—, a lotação oficial do Allianz Parque é de 42 mil lugares.

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