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Palmeiras mudou de patamar com Dudu, mesmo com constantes substituições

Dudu, Raphael Veiga, Danilo e Rony comemoram gol do Palmeiras contra o Al Ahly, na semifinal do Mundial - Mohammad Karamali/Getty Images
Dudu, Raphael Veiga, Danilo e Rony comemoram gol do Palmeiras contra o Al Ahly, na semifinal do Mundial Imagem: Mohammad Karamali/Getty Images

Diego Iwata Lima

Do UOL, em Abu Dhabi (Emirados Árabes)

09/02/2022 12h24

Dudu só não foi o melhor em campo na semifinal do Mundial de Clubes contra o Al Ahly (EGI) —2 a 0—, na última terça-feira (8), porque os analistas da Fifa preferiram Raphael Veiga. Cada um fez um gol e colocou o outro em posição de balançar a rede no jogo que devolveu o Palmeiras a uma final de Mundial de Clubes depois de mais de duas décadas. O prêmio em Abu Dhabi estaria em boas mãos qualquer que fosse o escolhido.

O desempenho de Dudu na noite árabe foi uma mostra do futebol eficiente que o camisa 7 sempre jogou no Palmeiras e que elevou de patamar o time do técnico Abel Ferreira. Com ele em campo, o técnico português perdeu apenas nove dos 42 jogos que disputou desde julho, quando o atacante reestreou pelo Alviverde. Mesmo com Dudu sendo substituído com frequência nos jogos, algo com o que ele não estava acostumado no Alviverde.

Antes intocável, Dudu entrou no rodízio de jogadores que Abel promove com todos os jogadores, independentemente do status.

Números superlativos traduzidos em taças

Dudu não apenas ama e é amado pelo palmeirense, mas devolve em números a adoração que a torcida tem por ele. Quatro vezes Bola de Prata da ESPN (2016, 2017, 2018, 2019), duas vezes melhor atacante do Campeonato Brasileiro na premiação da CBF (2016 e 2018), além de melhor jogador do campeonato pelas duas premiações, também em 2018.

Pelo clube, além da Libertadores de 2021, ganhou a Copa do Brasil de 2015 e os Brasileiros de 2016 e 2018, além de participar dos inícios das campanhas do Paulista e dda Libertadores de 2020.

Em junho de 2021, enquanto reclamava publicamente por não ter recebido os reforços que pedira, Abel Ferreira certamente não fazia total ideia do tamanho do jogador que estava por receber. Abel foi dormir sonhando com Ademir, então do América-MG, e acordou com Dudu na sua equipe.

Conforme revelou em entrevista ao UOL Esporte, àquela altura, enquanto Abel se confessava desiludido, Dudu e o presidente Mauricio Galiotte já tratavam da volta do atacante depois de uma temporada emprestado ao Al-Duhail (QAT).

Na prática, em uma das negociações mais rentáveis da história do clube, o Palmeiras vendeu Dudu por 7 milhões de euros (R$ 42 milhões), para tê-lo de volta, sem custos e sem ter pago seu salário por um ano, 13 meses depois. Este foi o valor que o clube qatari pagou pelo seu empréstimo, com a promessa de completar o pagamento acordado no ano seguinte, mais 5 milhões de euros, e ficar com o jogador em definitivo.

Mas, se o pagamento não fosse feito, e à vista, o contrato de três anos de Dudu com o Al Duhail seria rompido ao fim do ano um. E Dudu voltaria a vestir a camisa do Palmeiras, como acabou acontecendo. "O Mauricio (Galiotte) me dizia: 'Eu quero mais é que eles não paguem', que era para eu voltar", revelou Dudu à reportagem.

Adaptação e pequenas rusgas pelas substituições

Dudu, de cara, estranhou um pouco o certo afastamento de Abel dos jogadores nos trabalhos cotidianos. À moda europeia, ele não é de participar da roda de pagode do elenco, como Vanderlei Luxemburgo, por exemplo, um ótimo passista e tocador de pandeiro, adorava fazer.

Abel tampouco gostou muito das evidentes demonstrações de desapreço de Dudu quando substituído. Acostumado a ser a esperança, algumas vezes única, de vitória do Alviverde em esquemas que faziam dele o centro do time, ele se ressentia de ser sacado. E isso aconteceu muito com Abel.

Dos 42 jogos sob comando do português em que esteve relacionado, o, de novo, camisa 7, só atuou por 90 minutos em oito, um número pouco acima de 20%. O que não impediu que o jogador alterasse o patamar do Palmeiras de Abel Ferreira.

Abel chegou a conversar publicamente com Dudu, perante o grupo, sobre a necessidade que teria de sacá-lo e disse a ele que manteria tal processo se julgasse necessário. E que queria saber se teria a compreensão do técnico. E, aos poucos, Dudu foi entendendo que não são os minutos que fazem sua importância no time.

Tanto que ele foi substituído nas duas semifinais contra o Atlético-MG -tendo feito o gol da classificação no segundo jogo- e na final, contra o Flamengo, na Libertadores. Dudu viu do banco o Palmeiras jogar mais 13 minutos de tempo normal fora acréscimos e os 30 da prorrogação, resignado. Assim como foi sacado também na vitória sobre o Al Ahly, no Mundial. E ninguém discute que o camisa 7 é um dos pilares do time de Abel.

Não será nenhuma suroresa se ele também não jogar os 90 minutos na final do Mundial no sábado (12). Bem como se for escolhido o melhor da partida ou do campeonato.