Por que Dudu e Raphael Veiga não têm espaço na seleção brasileira hoje
Destaques da campanha na Libertadores e autores dos gols que levaram o Palmeiras à final do Mundial de Clubes ontem (8), na vitória por 2 a 0 sobre o Al Ahly-EGI, o atacante Dudu e o meia Raphael Veiga não têm espaço na seleção brasileira neste momento — o primeiro tem duas convocações com Tite, sendo a mais recente em março de 2017, enquanto o segundo jamais foi lembrado.
A explicação passa por vários pontos, a começar pela simples preferência do ponto de vista técnico por outros nomes. Também fazem parte deste contexto, segundo ouviu o UOL, a forte concorrência nas posições, a diferença de nível e competitividade do Campeonato Brasileiro em relação aos grandes torneios da Europa e a filosofia do treinador sobre chances para novidades.
Os casos de Dudu e Raphael Veiga, aliás, são tratados de formas diferentes nos bastidores da comissão técnica comandada por Tite. Enquanto o atacante é um nome improvável, ainda mais depois da ascensão de jovens jogadores na posição, o meia faz parte do radar, já esteve perto de uma convocação e tem apoiadores que tentam convencer o técnico a dar uma chance.
Ex-meia e atual coordenador da seleção brasileira, Juninho Paulista é um dos maiores defensores de Raphael Veiga. Ele é gestor e não tem influência nas decisões de campo ou mesmo em convocações, mas é sempre ouvido por Tite como um especialista da posição, voz forte no ambiente, com feeling mais apurado para análises específicas. Até hoje Tite não se convenceu, mas também não esconde que o palmeirense é observado.
O treinador coloca Raphael Veiga na disputa por posição com Lucas Paquetá, Philippe Coutinho e Everton Ribeiro como articuladores em zona mais adiantada, próximos da área adversária. Desde o começo das Eliminatórias da Copa do Mundo, em 2020, só um jogador diferente deste trio foi convocado: Claudinho, ex-Red Bull Bragantino, hoje no Zenit-RUS, mas que foi cortado a pedido de seu clube depois de já ter se apresentado e não chegou a jogar.
Além do trio de especialistas da posição, Neymar também atuou três vezes neste ciclo para o Qatar como meia, atrás de um trio de atacantes. É a função que ele desempenha no Paris Saint-Germain, que pode acomodar destaques ofensivos como Vinicius Júnior e Raphinha, e que restringiria ainda mais o espaço para testes na seleção.
Tite também tem preocupação em não ser um técnico de seleção que aceita facilmente clamores populares ou de parte da mídia esportiva. Sua filosofia é convocar jogadores e dar oportunidade para que eles se mostrem no dia a dia da seleção, em termos de ambientação e também de jogo. Ele já disse que a observação de um atleta "requer mais tempo, inclusive de errar", para que o jogador "tenha a liberdade de errar, senão fica oprimido".
Neste sentido, Everton Ribeiro se afirmou na seleção nas primeiras rodadas das Eliminatórias, quando Veiga ainda era tratado como má contratação do Palmeiras antes da chegada do técnico Abel Ferreira. O flamenguista soma hoje três gols e um passe para gol no ciclo da Copa do Mundo — a assistência foi justamente contra o Paraguai, no jogo do dia 1º de fevereiro, para Antony.
Lucas Paquetá é, hoje, uma certeza na Copa do Mundo. Tem seis gols no ciclo e é titular incontestável no último ano e meio. Já Coutinho é uma aposta pessoal de Tite baseada no histórico pela seleção antes das lesões. Uma linha de pensamento possível neste contexto é a seguinte: o treinador preferiu tentar reafirmar Coutinho do que iniciar a jornada com outro nome, como Veiga ou Claudinho.
A volta para a seleção do meia atualmente no Aston Villa, inclusive, foi em uma lista em que Tite só convocou um jogador que atuava no Brasil em razão da reta final das competições no país, em um acordo com a CBF. Foi uma chance a menos para o palmeirense.
Não dá para descartar que Raphael Veiga receba uma chance na seleção nos próximos meses, porque é um nome no radar. Ontem, o auxiliar técnico Cleber Xavier foi o responsável pela análise do desempenho do palmeirense no Mundial e os indicativos são positivos. O grande problema é que faltam apenas três convocações (sete jogos) antes da lista final para a Copa do Mundo.
Dudu é caso mais complicado
Enquanto Veiga ainda tem esperanças de uma convocação até pela idade — 26 anos —, Dudu já corre por fora. Aos 30, ele recebeu chances sob o comando de Tite duas vezes, ambas em 2017. A primeira foi num amistoso contra a Colômbia em que só jogadores que atuavam no futebol brasileiro foram chamados. Ele fez o gol da vitória por 1 a 0.
A outra convocação foi para as Eliminatórias da Copa da Rússia, numa rodada dupla contra Uruguai e Paraguai. Ele substituiu o lesionado Douglas Costa, mas não saiu do banco nos dois jogos. Depois disso, nunca mais.
Dudu, inclusive, soa um comportamento mal resolvido em relação ao assunto. Ele já fez críticas diretas e ironias veladas às convocações de Tite nos momentos em que vivia boa fase. Na época em que havia certa comoção pela convocação de Marinho, então no Santos e hoje no Flamengo, Dudu respondeu um post do jornalista Benjamin Back dizendo que "nem sempre vão os melhores". Na época ele jogava num time chamado Al Duhail, do Qatar, e apagou o comentário.
Apesar de ter jogos observados pela comissão técnica da seleção até hoje, Dudu perdeu espaço na concorrência. No cenário atual, a disputa é forte — isso sem considerar Neymar, unânime. Enquanto Vinicius Júnior, Raphinha e Matheus Cunha são os atuais titulares do ataque, Rodrygo e Antony fizeram gols na última rodada, Gabigol ainda procura se afirmar e os já rodados Gabriel Jesus, Richarlison e Roberto Firmino correm atrás do tempo perdido, com Pedro, Hulk, Malcom e Arthur Cabral no radar. Haja concorrência. E de todos estes 14 possíveis mencionados, só três atuam no Brasil.
Os próximos jogos da seleção estão previamente marcados para os dias 24 e 29 de março. A convocação deve ser no começo do próximo mês. Um possível título mundial do Palmeiras pode mudar a lógica atual? Respostas em março.
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