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Hoje na Espanha, lateral jogou no Grêmio depois de 'errar de vestiário'

Yago (esquerda) disputando partida pelo Racing de Ferrol, da Espanha - Divulgação/Racing Club de Ferrol
Yago (esquerda) disputando partida pelo Racing de Ferrol, da Espanha Imagem: Divulgação/Racing Club de Ferrol

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

11/02/2022 04h00

Sabe quando erros viram acertos? Aquela falha que você comete e acaba se tornando a melhor coisa que poderia ter acontecido? Bem, foi exatamente o que houve com Yago Taborda. Ainda criança, ele se preparava para um treinamento na escolinha de futebol do Grêmio, mas errou de vestiário, acabou treinando com a base, o técnico gostou, e desde então ele virou jogador do Tricolor.

Hoje, Yago, 20 anos, está na Espanha e defende o Racing Club de Ferrol, da Terceira Divisão nacional. Ele atua como lateral direito e tem três partidas na temporada.

O erro de porta que acabou abrindo caminho no Grêmio ocorreu quando Yago tinha 9 anos, como ele mesmo contou ao UOL Esporte.

"Eu estava me preparando com meu treinador, Seu Darci. Eu tinha 9 para 10 anos, na época. Quando chegou o dia, ele demorou um pouco para chegar, e eu tinha que me apresentar na escolinha. Mas, como tinham muitos vestiários, eu acabei entrando no errado. Já estava com a roupa que trouxe de casa para poder treinar, mas entrei no vestiário da base do clube. Aí, fui para o campo e treinei. Só que depois fiquei sabendo que não era ali. Mas, felizmente, o professor gostou de mim e fiquei no clube por dez anos", disse.

Yago Taborda, criança, nas categorias de base do Grêmio - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Depois do primeiro dia, ele passou a frequentar os treinos da base e encontrou dificuldades pelo alto nível dos colegas.

"Foram dias difíceis, apesar de sermos pequenos na época, o clube já tinha muitos meninos bons que estavam há algum tempo no clube. Já eu ainda não tinha tido uma experiência nesse nível. Mas sempre fui muito esforçado e isso me fez ter um lugarzinho no time", disse.

Ele permaneceu na base gremista, jogando em todos os times até o sub-20. Chegou a ser convocado para seleção brasileira sub-15. No ano passado, optou por se transferir para o futebol europeu ao fim do vínculo em Porto Alegre.

"As lembranças são várias e muito boas. Desde muito pequeno me acostumei a ganhar muitos títulos. Como o Gaúcho, Efipam, Santiago, entre outros. Tive também a oportunidade de ser campeão com a seleção brasileira sub-15, graças ao Grêmio. Claro que teve vezes que não conseguíamos chegar ao nosso objetivo, mas foram anos muito bons e que fizeram parte do meu aprendizado", revelou.

A realidade no Racing de Ferrol é bem diferente do Tricolor. Por ser um clube menor, a disputa por títulos é restrita, mas ainda assim o aprendizado é constante, na avaliação dele.

"É um clube onde todos têm que ter amor pela camisa que vestem. Sempre me acolheram muito bem e está sendo uma ótima experiência. Esse vem sendo apenas meu primeiro ano como profissional, e sendo na Europa, sou muito grato a Deus por isso. Vejo essa oportunidade como muito valiosa, principalmente sabendo da situação de muitos atletas de base que não conseguem ter essa chance. Sou grato por Deus me proporcionar isso. E espero evoluir ainda mais aqui", comentou.

"Acho que é uma questão de aproveitar a oportunidade quando ela surge. Foi difícil decidir sair de um clube que me acolheu sempre, pois meu sonho era jogar pelo profissional do Grêmio, e ainda tenho isso em mente, mas acredito que aqui posso aprender muito e evoluir como atleta", completou.

Futuro pode ser volta ao Brasil

Com contrato até o meio do ano, Yago não descarta retornar ao Brasil. Ainda que tenha realizado o sonho de atuar no Velho Continente, buscar espaço em times principais no país também seria um objetivo interessante para o jovem.

"Eu acho que todo menino que sonha em jogar futebol, tem o sonho de um dia poder jogar na Europa. Eu estou tendo esse privilégio, mas costumo focar apenas no agora. Meu futuro deixo com meus empresários. Se for para eu voltar para o Brasil, será muito bom também. Todo mundo sabe da qualidade e do nível do futebol brasileiro, e que é uma vitrine para o mundo todo", explicou.

"Evolui muito minha maneira de jogar e olhar o jogo, principalmente na parte tática. Estou aprendendo bastante com meus companheiros de equipe. O futebol aqui é um pouco diferente do brasileiro. Evolui também no 'jogo jogado', aqui geralmente não tem muito balão, catimba, essas coisas", finalizou.

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