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Que saudade! Grêmio reabre treinos à imprensa após quase dois anos

Treze jornalistas foram autorizados a acompanhar parte do treino e acessar sala de imprensa - Jeremias Wernek/UOL Esporte
Treze jornalistas foram autorizados a acompanhar parte do treino e acessar sala de imprensa Imagem: Jeremias Wernek/UOL Esporte

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

18/02/2022 18h21

Olhos ansiosos, mãos inquietas e um sorriso que nenhuma máscara seria capaz de esconder. Hoje (18), o Grêmio autorizou os jornalistas a acessarem o CT Presidente Luiz Carvalho pela primeira vez, desde o início da pandemia de covid-19. Eu e mais 12 colegas presenciamos o momento com cara de histórico e a maioria não conseguiu esconder a empolgação por voltar a fazer algo tão comum antes das restrições por conta do novo coronavírus. Um quê de primeiro dia de aula, mas também sensação de recomeço e fome por cada detalhezinho pelos cantos do centro de treinamentos.

Foram 709 dias sem nenhum repórter no CT gremista. Exatos 23 meses de cobertura sem acesso ao dia a dia e todo o universo de informações, impressões e interação com o clube.

A atividade ainda teve um motivo bem noticioso para mobilização da imprensa: foi o primeiro treino de Roger Machado com todo o elenco. O treinador foi apresentado na terça-feira e a estreia à beira do campo será no sábado (19), contra o São Luiz-RS.

O Grêmio organizou logística para receber repórteres, cinegrafistas e fotógrafos. Os jornalistas apresentaram comprovante de vacinação e tiveram uma janela de 30 minutos para chegar ao CT. Depois, todos foram levados à sala de imprensa para depois serem conduzidos ao gramado do centro de treinamentos.

"Quanto tempo, hein!", disse um repórter ao pisar na sala de imprensa. "Chegou o dia", festejou outro. "Agora só vai", completou um terceiro, minutos depois, ao projetar a volta da rotina.

Para quem cobre diariamente um clube de futebol no Brasil, nada se compara ao contato com treino. Seja para observar comportamentos, colher informações ou simplesmente ter maior proximidade e agilidade na divulgação dos fatos repassados pela assessoria. No Rio Grande do Sul, em especial, a presença da mídia nos treinos é uma tradição muito forte.

Grêmio e Inter fecharam os treinamentos em março de 2020 e o longo inverno de quem vive o dia dos clubes começou. Os relatos indiretos de treinos, ambiente e relações tomaram conta, mas não foram capazes de substituir a velha prática de olhar, anotar e informar.

"Vocês todos são bem-vindos e essa é uma vitória de todos nós. Vamos nos ver todos os dias e é muito importante ter vocês aqui", disse Denis Abrahão, vice de futebol do Grêmio, que fez uma incursão ao espaço onde os repórteres se concentraram.

Quando o assessor de imprensa do Grêmio, Ígor Póvoa, informou que o acesso ao campo havia sido autorizado, o grupo saltou de pronto e iniciou uma caminhada rápida. No trajeto, brincadeiras e sorrisos. O trecho final foi em uma escada de metal, que levou todos a um mezanino às margens dos dois gramados.

"Quem é aquele lá com o Roger?", perguntou um repórter. "É o Geromel! Vocês conseguiram ver se ele está de chuteira ou tênis? Eu não", emendou o colega. Lado a lado, os repórteres despejaram olhares pelos quatro cantos do gramado. Aqueles olhos todos viram Roger Machado falar de forma individual com outros jogadores. Diogo Barbosa, Diego Churín, Lucas Silva.

"É notícia, hein! Ele chamou os caras e falou só com eles. Será que ele vai usar o Churín no ataque e o Diego Souza como meia?", conjecturou o primeiro. "Pode ser outra coisa. Ele manda time misto sábado e ganha mais dias de preparação para o Gre-Nal", palpitou um segundo. "Eu vou citar que eles tiveram a conversa. Ponto", avisou um outro repórter, alguns passos mais atrás.

A presença à beira do gramado não durou muito. Todos foram convidados a sair do local antes do início do treinamento tático, onde o time realmente foi montado. E as impressões seguiram brotando nos minutos seguintes, no reencontro do grupo com a sala de imprensa.

O burburinho de boletins em emissoras de rádio, com acompanhamento de teclados dedilhados e conversas indistintas criou uma trilha sonora que não tocava em Porto Alegre há tempos. Em um canto no fundo da sala de imprensa, sorri e pensei. "Que saudade".