Corinthians: Luís Castro já vendeu embalagens e foi à semi da Liga Europa
Em poucos dias o treinador Luís Castro foi de figura desconhecida a um dos nomes mais falados do futebol brasileiro. O português de 60 anos está no futebol árabe, mas negocia com Corinthians e Botafogo e pode se tornar o mais novo técnico estrangeiro no Brasileirão.
Luís Castro não tem muitos títulos no currículo, mas é um técnico respeitado em Portugal pelo trabalho na base do Porto e os resultados surpreendentes em times do interior. Viveu seu auge com o Shakhtar Donetsk, no futebol ucraniano, e, desde agosto, comanda o Al Duhail, do Qatar. Ele já foi alvo do Atlético-MG no começo deste ano, estava na mira do Botafogo e agora tem conversas avançadas com o Corinthians, que o considera ideal para o cargo.
Abaixo, o UOL Esporte lista quem é o técnico, em quais trabalhos ele se destacou, quais títulos já ganhou e como ele pensa o futebol.
Quem é Luís Castro
Filho de uma professora e de um militar, nasceu em 1961 na cidade de Vila Real, no norte de Portugal. Foi atravessado por ideais políticos logo na adolescência, discutia política com o pai e frequentava comícios de partidos de esquerda na efervescência dos anos seguintes à Revolução dos Cravos, que em 1974 havia derrubado uma ditadura em Portugal. Hoje é fã de jazz, de leitura e acredita que um treinador de futebol precisa ser um pouco psicólogo, outro pouco filósofo
Foi um lateral direito modesto que surgiu no União de Leiria, em 1980, e passou a maior parte da carreira longe da elite do futebol português. Não chegou nem perto da seleção portuguesa e se aposentou em 1997. No ano seguinte virou técnico, também começando por baixo, mas, desta vez, com resultados expressivos, uma longa passagem pelo Porto e, finalmente, a carreira internacional.
Como os times dele jogam
Castro tem predileção pela posse de bola, saída de trás com três atletas e, se necessário, muita paciência para criar espaços —o estilo "da moda" do futebol atual. Seu jogador-chave recua para o meio dos zagueiros, torna-se o responsável pela saída de bola e dá cadência a todo o ataque. Ele se refere a este jogador como "volante", mas pode muito bem ser um meia (como Renato Augusto?), e é assim que ele acredita fazer todos os demais participarem do ataque.
O técnico também valoriza muito a parte mental e acredita que até as decisões de improviso de um atleta podem ser treinadas, mas não cai na "tentação de transformar jogadores em robôs", como ele mesmo diz. Também não fica preso ao esquema, pois varia a depender do que o jogo e o adversário exigem.
O volante é determinante, é um farol. Quando a equipe está perdida ou em apuros, tem que procurá-lo. Ele é quem equilibra, quem faz rupturas, quem dá apoio ao triângulo [no meio-campo]... é tudo. Tem que ser um jogador muito cerebral.
técnico Luís Castro, em entrevista ao Footure.
Elogio de Guardiola e vitórias sobre o Real
Foram dois anos recentes no Shakhtar Donetsk, entre 2019 e 2021, com um título do Campeonato Ucraniano e campanhas em torneios europeus nas duas temporadas. Caiu na primeira fase em ambas, mas com atuações de destaque contra adversários melhores.
Na Liga dos Campeões de 2019-20, o Shakhtar foi à Inglaterra, arrancou um empate com o Manchester City e mesmo eliminado impressionou Guardiola, que elogiou o "trabalho incrível" do adversário. Na edição seguinte, o time de Castro venceu o Real Madrid duas vezes, dentro e fora de casa.
Teve dois empregos para dar exemplo
Em 1998, Luís Castro estreou como treinador no desconhecido Águeda, no qual trocou as chuteiras pela prancheta. Era um time amador que só treinava à noite, por isso ele tinha as manhãs e tardes livres. A rotina o deixou desconfortável.
"Eu tinha uma filha pequena, a mais nova, e não achava bom ela saber que eu não fazia nada durante o dia. Seria um mau exemplo", explicou em entrevista ao site português maisfutebol. Ele pediu um segundo emprego ao presidente e passou a complementar a renda com 300 euros por mês, vendendo embalagens. Deu tão certo que cogitou deixar o futebol, mas insistiu no esporte ao receber um convite de um time profissional.
Da base do Porto ao Qatar
Castro chegou ao Porto em 2006 para trabalhar nas categorias de base. Foram sete anos como diretor técnico de formação de atletas e outros três como treinador do time B. Ajudou a revelar, por exemplo, o lateral Diogo Dalot (do Manchester United), o volante Rubén Neves (Wolverhampton) e o atacante André Silva (RB Leipzig), todos na seleção portuguesa hoje. Também foi campeão da segunda divisão portuguesa, mas o time naturalmente não subiu porque a equipe principal já estava na elite.
Ele deixou o Porto para voltar a treinar um time profissional. Gostava da base, mas preferiu ser técnico, viver o futebol no campo. Foram quatro anos seguidos subindo degraus: levou o Rio Ave ao sétimo lugar do Campeonato Português, depois foi sexto com o GD Chaves, quinto com o Vitória de Guimarães e então deixou o país para treinar o Shakhtar em junho de 2019. Foi campeão ucraniano e semifinalista da Liga Europa, mas deixou o clube em maio. Com o Al Duhail, é o atual segundo colocado do Campeonato do Qatar.
"Técnico é a melhor profissão do mundo quando se ganha e a pior quando se perde. Mas no treino não se ganha ou perde, e eu adoro treinar. Melhor do que um treininho, só dois treininhos"
técnico Luís Castro
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