Vasco homenageia Moïse e lança manifesto: 'Clube que reflete as migrações'
O Vasco recebeu na tarde de hoje familiares de Moïse, congolês brutalmente assassinado no início do mês em um quiosque no bairro da Barra da Tijuca, na Zona Oeste (RJ). Os parentes receberam homenagens e, na ocasião, o clube também promoveu um amistoso entre a seleção de imigrantes e refugiados contra funcionários cruzmaltinos.
Lotstove Lolo Lay Ivove, Kabangambe Magbo Sammy, Djodjo Baraka Kabagambe e Kevinen Kabangambe Lay fizeram ainda o chamado "Tour da Colina", onde conheceram toda a história do clube e sua luta contra o racismo e o preconceito.
Já a partida realizada no gramado de São Januário foi uma forma de dar visibilidade à Copa dos Refugiados e Imigrantes, que terá início no dia 4 de agosto. Este evento tem chancela das agências da ONU e reúne refugiados e imigrantes incentivando seu protagonismo em oficinas e torneios de futebol. Os participantes representam inicialmente seus países de origem e posteriormente o Estado e/ou país de acolhimento.
A agremiação vascaína aproveitou a oportunidade para lançar um manifesto em defesa dos imigrantes, ressaltando sua luta histórica contra o preconceito. Veja abaixo:
"MANIFESTO EM DEFESA DOS IMIGRANTES E REFUGIADOS
As migrações são tão antigas quanto a humanidade. Desde os primórdios, pessoas se movimentam entre regiões, países e continentes, com diferentes motivações, ambições e dores particulares, buscando vidas melhores, estabilidade ou, tão simplesmente, resguardar suas vidas e a dos seus familiares.
As migrações sempre contribuíram para o avanço da humanidade. O enriquecimento cultural e a economia são diretamente beneficiados pelas movimentações populacionais, e o Club de Regatas Vasco da Gama é testemunha de tal realidade
Criado em 1898, o Vasco era tido como um clube de colônia - com orgulho. Portugueses radicados no Rio de Janeiro, orgulhosos de suas tradições, fundaram um clube que refletia sua própria identidade: profundamente portugueses e não menos brasileiros. O Vasco é um clube que reflete as migrações e o sonho por uma vida melhor.
Os fundadores do Vasco da Gama não tiveram vida fácil. Taxados de estrangeiros pelas elites da época, como o diferente a ser afastado, o Vasco não recuou e trouxe para si outra bandeira histórica: a da luta contra o racismo. O clube pioneiro na inclusão de negros e trabalhadores em competições futebolísticas de alto nível no Rio de Janeiro já conhecia os caminhos da luta contra o preconceito. Luta-se contra o racismo com iniciativas de inclusão. É a mesma fórmula do combate à xenofobia, em favor de migrantes e refugiados de todo o mundo.
O Vasco da Gama se solidariza com todas as vítimas de racismo e xenofobia, e se insurge contra esses crimes. Casos como os de Moïse Kabagambe calam fundo na alma dos vascaínos e são ilustrativos das condições enfrentadas por pessoas que desejam oportunidades de vidas melhores e mais seguras.
Se o esporte é um espaço de mudança da sociedade, o combate ao racismo e à xenofobia devem estar entre as prioridades de um clube que se orgulha de seu histórico de responsabilidades diante do mundo que o cerca. O Vasco da Gama convida a todos para uma reflexão e para que juntos possamos erradicar essas mazelas que envergonham nosso país.
Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 2022.
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