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Neymar vai de calcanhar a gol e pênalti bizarro: o que isso diz à seleção

Neymar, do PSG, disputa a bola com Osman Bukari, do Nantes - Sebastien Salom-Gomis/AFP
Neymar, do PSG, disputa a bola com Osman Bukari, do Nantes Imagem: Sebastien Salom-Gomis/AFP

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em São Paulo e Rio de Janeiro

21/02/2022 04h00

Neymar teve uma semana esquisita. Voltou a jogar após quase 80 dias, deu um passe de calcanhar marcante na Liga dos Campeões, fez gol no jogo pelo Campeonato Francês, mas o Paris Saint-Germain perdeu. E com direito a um pênalti bisonhamente perdido pelo craque brasileiro - sem falar em uma chance de cara desperdiçada ainda no primeiro tempo.

Os resultados da equipe não podem ser colocados por completo nos ombros de Neymar — para o bem ou para o mal. Afinal, ele divide espaço com Messi e Mbappé. Mas, pensando na seleção brasileira, onde o atacante concentra protagonismo e as atenções, a primeira semana após o período relativamente longo de afastamento pode trazer alguns sinais.

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O primeiro parece óbvio, mas se acentua com a idade e o esgotamento psicológico que Neymar já revelou ter nos últimos tempos: a falibilidade do craque.

Neymar nunca foi perfeito. Já esteve em momentos de sucesso e tantos outros de brilhantismo com a seleção brasileira. Mas o ponto é que, com a amarelinha, ele sempre foi tratado como um porto seguro do time. Homem das bolas paradas, dos pênaltis, da resolução dos jogos. E a primeira semana de volta ao PSG — sim, a amostra é pequena — traz essa faceta do Neymar mais humano e menos ET.

A partir daí, o que fazer? Obviamente, a evolução física ainda virá. Sobretudo pensando numa Copa do Mundo que será em novembro. Mas há espaço para imaginar um Neymar mais letal em março, contra Chile e Bolívia, embora a seleção só vá cumprir tabela pelas Eliminatórias. Neste ano, ainda haverá a chance de vê-lo contra a Argentina do próprio Messi, em data e local ainda indefinidos pela Fifa.

No sistema da seleção, pelo menos Tite parece ter desenvolvido durante o período sem Neymar um desenho de como se virar sem ele, embora sublinhe que sempre quer contar com o craque, naturalmente. Na figura de linguagem de que o técnico se apropriou após ouvir o narrador Gustavo Villani, um Neymar mais arco do que flecha.

Olhando para os movimentos dentro de campo nos dois jogos da semana que passou, Neymar foi os dois. Mas não dá para dizer que ele foi omisso. A primeira jogada diante do Real Madrid, inclusive, foi ele fazendo fila e driblando até o árbitro. Levou uma entrada e sofreu falta logo em seguida. Já o gol diante do Nantes - um drible curto na área e batida firme — já veio em um momento adverso da partida, quando o PSG perdia por 3 a 0.

Para além dos dribles, espera-se de Neymar a iniciativa para cobrar o pênalti, como fez diante do Nantes. Mas o que não combina com Neymar é a batida fraca, diante de um goleiro que meramente esperou a definição de onde a bola iria: no canto direito do batedor. Foi o segundo pênalti desperdiçado pelo PSG em poucos dias, já que Messi também perdeu contra o Real Madrid.

O início de março se aproxima e também a próxima convocação. Na semana que voltou à ativa, Neymar viu de longe Matheus Cunha se machucar com certa gravidade no joelho. Logo, dificilmente será com ele a parceria no ataque diante de Chile e Bolívia. Firmino, um dos concorrentes à posição, não enfrentou o Norwich porque se machucou de novo, justo após fazer um dos gols na Champions, diante da Inter de Milão, quarta-feira. Coutinho, que "esquentou" o assento de Neymar no time titular da seleção em janeiro, passou em branco em mais uma derrota do Aston Villa, agora para o Watford.

A semana de Neymar ainda teve a divulgação de uma entrevista ao podcast conduzido por Ronaldo Fenômeno e Gaules. No papo, mais sinais relativos à seleção.

O craque citou o distanciamento com o torcedor e disse que "o brasileiro é rigoroso e mal acostumado", pelo fato de ter vencido cinco Copas do Mundo. Mas o morde-assopra veio com a frase: "Quando o brasileiro apoia, não existe torcedor melhor".

Sobre a longevidade na carreira, alternou na brincadeira dizendo que pararia com 32 anos — é a idade que terá em 2024. Mas, na racionalidade, lembrou que tem contrato com o PSG até 2026, quando terá 34.

"Vou jogar até cansar mentalmente, enquanto eu estiver bem de cabeça, bem de corpo". Para o bem da seleção, é importante que o auge venha ao fim deste ano.