Nikão faz melhor jogo e justifica pedido de paciência de Ceni no São Paulo

O São Paulo estreou no Campeonato Paulista há menos de um mês e foi derrotado por 2 a 1 pelo Guarani, fora de casa. Contratação comemorada pelo torcedor e dono da camisa 10 nesta temporada, o meia-atacante Nikão foi eleito o pior jogador em campo naquele dia, na Live do São Paulo, programa do UOL Esporte. "Pouco participativo e fraco" foi uma das críticas. Depois de 23 dias e apenas seis jogos, tudo mudou.

Ontem (20), Nikão deu dois passes para os gols de Eder e Rodrigo Nestor e ganhou a eleição como o melhor da vitória com autoridade por 3 a 0 sobre o Santos, na Vila Belmiro. Além de finalmente inaugurar suas estatísticas no Morumbi, o jogador justificou um pedido de paciência à torcida feito pelo técnico Rogério Ceni no dia em que teve o desempenho criticado, em janeiro.

Naquela ocasião, Ceni descreveu em entrevista coletiva o que esperava do comportamento de Nikão pelo São Paulo mesmo sendo apenas seu primeiro jogo. "Joga aberto pela direita para pegar a bola e ir para dentro", "ele não tem espaço grande na transição contra equipes montadas", "o intuito é jogar entrelinhas para dentro, trazendo para a perna esquerda com boa finalização e achar bons passes infiltrados", "proteger bola, trazer para dentro e achar infiltrações dos que usam esse corredor central" foram algumas das frases, numa espécie de antecipação do que seria o desempenho de Nikão neste nível top do clássico contra o Santos.

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Na Vila Belmiro, Nikão deu duas assistências: a primeira foi um cruzamento a partir do lado direito, numa jogada de contra-ataque, que encontrou Eder na área. A outra foi uma inversão da direita para a esquerda cruzando toda a defesa do Santos para encontrar Rodrigo Nestor livre para finalizar de fora da área.

Para além dos passes decisivos, ele quase fez o seu gol no segundo tempo e ainda ajudou na criação de outras oportunidades posicionado como ponta pela direita, sempre em contato com a bola, armando o time em amplitude e dando sequência às jogadas, como numa boa chance de Pablo Maia também na etapa final. Os tais "passes infiltrados" mencionados por Ceni.

Ontem foram 77 minutos em campo e o meia-atacante acertou um drible, finalizou duas vezes, teve 85% de precisão nos passes e acertou quatro de seis tentativas de lançamentos longos — isso já sem contar as assistências —, no que foi sua principal atuação pelo São Paulo até agora.

Quem acaba fazendo gol que geralmente ganha [como melhor em campo], mas fico muito feliz por ter ganho como melhor da partida, glorifico e agradeço muito a Deus pelo jogo de hoje, os atletas que me apoiaram e me deram todo suporte na minha chegada ao São Paulo, o Rogério Ceni que é um cara que dispensa comentários, toda a diretoria e minha esposa e meus filhos que estão comigo diariamente."
Nikão, logo após a partida

O aspecto físico agora caminha para ser a grande preocupação, já que a parte técnica enfim tem seu exemplo mais positivo. Nikão não completou nenhum de seus sete jogos pelo São Paulo. Ele começou como titular em quatro, com média de pouco mais de 64 minutos em campo, e saiu do banco em outras três oportunidades.

Também é algo que Rogério Ceni de certa forma previa. Ele já mencionou que Nikão estava acostumado a uma rotina no Athletico-PR em que tinha longa pré-temporada, pois os principais jogadores do clube não disputam o Estadual. No São Paulo a história foi diferente e em janeiro ele já estava em campo com poucos dias de treino. A tendência, segundo todas as partes envolvidas, é que este sofrimento na parte física seja atenuado nas próximas semanas e meses.

O próximo desafio do São Paulo e de Nikão é na quinta-feira, às 21h30, contra o Campinense-PB. O time de Rogério Ceni estreia na Copa do Brasil, torneio que seu camisa 10 foi campeão há três temporadas.