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Libertadores - 2022

Brasil começa a testar força emergente e alternativa na Libertadores 2022

Wellington Paulista, atacante do América-MG - Fernando Moreno/AGIF
Wellington Paulista, atacante do América-MG Imagem: Fernando Moreno/AGIF

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/02/2022 04h00

Quando pisar no gramado do Independência, amanhã (23), às 19h15, para enfrentar o Guaraní, do Paraguai, o América-MG se tornará o 29º clube brasileiro a disputar a Copa Libertadores. Ainda não será pela fase de grupos (é ainda a segunda), mas já serve como evento mais marcante na temporada que celebra os 110 anos do clube.

Enquanto isso, os participantes 30 e 31, Fortaleza e Red Bull Bragantino, já estão se preparando para aumentar o contingente de estreantes do país no torneio continental - esses, sim, nos grupos. Trata-se de uma representação com uma nova cara no âmbito sul-americano, que traz uma faceta de clubes emergentes no cenário nacional.

O trio faz parte de um bloco de nove clubes que representam o Brasil na Libertadores - o máximo possível de representação de um só país no torneio, já que o Palmeiras tem a vaga de atual campeão e o Athletico chegou lá pela conquista da Sul-Americana.

Quatro dos nove brasileiros no torneio já conquistaram a Libertadores ao menos uma vez. Pelo poderio econômico, Palmeiras, Atlético-MG e Flamengo chegam como favoritos, inclusive. O Corinthians é uma incógnita. Mas a participação do América-MG é o primeiro teste dessa força "alternativa" do Brasil, que tem se provado dominante nos torneios organizados pela Conmebol nos últimos anos. Em 2020 e 2021, a final foi brasileira.

A tarefa dos estreantes é se acostumar com o ambiente e mostrar que a presença na Libertadores não é um voo raso, sem repetição futura. Dos 28 clubes que antes do América disputaram o torneio, nove só foram uma vez e nunca mais voltaram (Criciúma, Goiás, Paysandu, Paraná, Santo André, Juventude, Paulista, Náutico e Bangu). Quatro deles entraram após um título improvável da Copa do Brasil.

"Daqui para frente, acho que vai se consolidar. Estamos fazendo, dentro da condição financeira, algo para participar de uma competição e fazer diferença, mudar de patamar. O futebol brasileiro está mudando. Nosso pão está caindo com a manteiga para cima. Está acontecendo quando se juntam todos agora, entendendo que os times emergentes precisam disso", aposta Alencar da Silveira, presidente do América-MG, ao UOL Esporte.

Red Bull Bragantino, Fortaleza e América-MG chegaram à Libertadores com modelos distintos de crescimento. Mas o ambiente de gestão profissional os une. Os mineiros morderam a última vaga via Brasileirão - o oitavo lugar - aproveitando que outros clubes tradicionais e participantes costumeiros da Libertadores, como Internacional, Santos, São Paulo e Grêmio, ficaram para trás.

Não há um rio de dinheiro fluindo. Logo, o desafio é tentar atingir o maior custo-benefício com o time que está na mão do técnico Marquinhos Santos. O elenco tem nomes como os atacantes Wellington Paulista e Henrique Almeida, além do goleiro Jaílson.

"A gente sabe que tudo pode acontecer. Temos um jogo de 180 minutos que começa na quarta-feira. Não temos que pensar que temos um jogo só. A gente sabe do risco que a gente tem, mas não estamos contratando quem não temos condição de bancar", completou Alencar.

No caso do Red Bull, há um aporte de uma empresa internacional, que turbina os investimentos e teve como meta ascensão gradativa. Em 2021, o título da Sul-Americana ficou bem próximo. A derrota na decisão foi para outro brasileiro emergente - este há mais tempo -, o Athletico. Em 2020, a diretoria se preocupava em não queimar etapas. Por isso, o décimo lugar no ano de estreia na Série A foi bem aceito. Em 2021, veio o passo maior, com a sexta colocação e a vaga direta na fase de grupos.

Já o Fortaleza é o único dos três que tem uma torcida representativa para empurrá-lo. A consolidação nos últimos anos na Série A passou pelo equilíbrio financeiro e teve, em 2021, um casamento quase perfeito com o trabalho do técnico Juan Pablo Vojvoda.

Pensando na Libertadores, o clube está abrindo mais a carteira para trazer reforços. De todo modo, o orçamento traz uma meta considerada realista em relação à Libertadores: arrecadar R$ 15 milhões em direitos de transmissão/cotas de participação. Isso é aproximadamente os US$ 3 milhões que a Conmebol distribui apenas na fase de grupos. Depois, o que vier é lucro.

"Qualquer projeto de consolidação do clube passa por permanência na Série A por muitos anos. Já estamos vivendo um recorde histórico de quatro anos, mas sabemos que não podemos parar por aqui. Nesta temporada, teremos a missão de tentar estrear bem numa Libertadores, competição nova e diferente para gente, que tem uma alta expectativa", disse o presidente Marcelo Paz, em entrevista recente ao blog do Danilo Lavieri, no UOL.