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Jogadores brasileiros na Ucrânia são proibidos de comentar tensão no país

Maycon em ação com a camisa do Shakhtar Donetsk na Liga dos Campeões - James Williamson/Getty Images
Maycon em ação com a camisa do Shakhtar Donetsk na Liga dos Campeões Imagem: James Williamson/Getty Images

Beatriz Cesarini

Do UOL, em São Paulo

22/02/2022 12h30

Os jogadores brasileiros que defendem as cores de Shakhtar Donetsk e Dínamo de Kiev e vivem na Ucrânia estão proibidos de conversar com jornalistas sobre a tensão militar que acontece entre o país e a Rússia. A reportagem do UOL Esporte tentou entrar em contato com atletas como Pedrinho, Maycon e David Neres, do Shakhtar, e nenhum deles pôde falar.

Maycon, por exemplo, se colocou à disposição e gostaria de comentar sobre a situação na qual o país em que vive se encontra. Apesar disso, de acordo com a assessoria de imprensa do atleta, o clube negou qualquer tipo de solicitação específica sobre a tensão militar.

Por meio de sua assessoria, o atacante Vitinho, do Dínamo de Kiev, explicou que o clube também proibiu os atletas de se pronunciarem ou conversarem com qualquer veículo de imprensa sobre o conflito a fim de evitar uma tensão no elenco, que conta com atletas russos.

A equipe do Shakhtar estava realizando uma intertemporada na Turquia e, nesta semana, retorna a Kiev, na Ucrânia para a retomada no campeonato nacional. O time enfrenta o Metalist, no sábado (26), em Kharkov.

Apesar de ser um clube de Donetsk, o Shakhtar tem a base e o estádio em Kiev. A decisão de partir para uma cidade a 700 quilômetros de distância da sede original veio após a guerra no leste da Ucrânia entre 2013 e 2015, que resultou na anexação da Crimeia pela Rússia, além de um referendo em Donetsk pela independência.

Em agosto de 2014, a Donbass Arena (estádio do Shakhtar) foi bombardeada. Não houve feridos. Na época, o clube contava com 13 brasileiros no elenco, entre eles Alex Teixeira, Dentinho, Douglas Costa e Bernard. Desde então, só retornou à Donetsk em casos com extrema necessidade.

Agora, a cidade, que é reconhecidamente uma república separatista pró-Rússia, vive novos momentos de tensão. Na última sexta-feira (18), os líderes da região anunciaram a evacuação de civis do leste ucraniano para a Rússia.

Ontem (21), o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência das duas regiões separatistas no leste da Ucrânia: a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk, agravando a tensão na região. A cerimônia foi transmitida pela televisão estatal.

Com a crise instaurada, a Uefa está cogita tirar a final da Liga dos Campeões da Rússia em meio à tensão envolvendo o país e a Ucrânia. A decisão está marcada para dia 28 de maio na Gazprom Arena, em São Petersburgo. Porém, segundo o jornal inglês The Guardian, a entidade europeia se vê sob crescente pressão para mudar o local depois que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou a decisão de enviar tropas para a região de Donbass, no leste da Ucrânia.

Os Estados Unidos e o Reino Unido acusam a Rússia de querer incitar a violência nesses territórios controlados por separatistas pró-Rússia para encontrar uma razão para invadir a Ucrânia, para cujas fronteiras foram enviados cerca de 150.000 soldados. Isso acontece porque os russos temem a aproximação da Ucrânia às instituições europeias.