O Vasco é mais um clube brasileiro a recorrer à Sociedade Anônima do Futebol (SAF), assim como já fizeram Cruzeiro e Botafogo. Ontem (21), o clube cruzmaltino anunciou o acordo de venda de 70% de sua futura SAF por R$ 700 milhões com o fundo norte-americano 777 Partners.
Diante do atual cenário no futebol brasileiro, fizemos a seguinte pergunta aos colunistas do UOL Esporte: a SAF é o melhor caminho para os clubes brasileiros em baixa? Confira as respostas:
A SAF é uma solução rápida, portanto mais atrativa para clubes em baixa. Mudanças orgânicas levam tempo e exigem uma paciência que não é comum por aqui. Vale lembrar, também, que muitas das soluções "profissionais", que permitem aos clubes organizar suas finanças, já estão disponíveis para as associações. Ou seja, não é preciso aderir à SAF para botar a casa em ordem. E virar empresa não é sinônimo de virar empresa de sucesso. Há inúmeros exemplos de fracasso dentro e fora do futebol. Será interessante ver como esse modelo vai coexistir com a cartolagem tradicional, política, acostumada a mandos e desmandos, e a expectativa de retorno rápido dos torcedores (e da mídia) brasileiros.
ALICIA KLEIN
Só o tempo e as experiências, especialmente nos clubes grandes como Vasco, Botafogo e Cruzeiro, dirão. Agora parece mesmo uma tábua de salvação, questão de sobrevivência mesmo.
ANDRÉ ROCHA
Não existe mágica. Transforma natureza jurídica do clube e pronto, os problemas acabaram. O que precisa haver é uma mudança de cultura, apostando na gestão responsável, profissional, que adote governança e integridade. E, também importante: não se muda natureza jurídica porque outro clube mudou, porque é moda. A mudança de modelo jurídico só pode ser decidida a partir de muita discussão interna e reflexão, entendendo as particularidades do clube e trabalhando bem a proteção jurídica.
ANDREI KAMPFF
A SAF não é a única solução para um clube quebrado se recuperar, mas é a mais fácil. Um time com R$ 1 bilhão de dívida demoraria anos para se recuperar e precisaria de várias temporadas com times modestos para colocar as contas no lugar. Com a SAF, a injeção de dinheiro acelera as coisas, mas há vários riscos ao repassar instituições centenárias para um empresário.
DANILO LAVIERI
Em baixa e em alta porque sabemos que em regra a alta não se sustenta por muito tempo.
JUCA KFOURI
Sim. É um oxigênio necessário, para quem está doente após tantas lambanças gerenciais. É com não ter muitas ilusões quanto a títulos. Os investidores não farão loucuras para ter lucro. Basta ver o Crystal Palace, do Textor.
MENON
As SAFs são o pior caminho, a despeito de os clubes estarem sendo vendidos "na baixa". Claro que vender "na baixa" deixa tudo ainda pior, mas o que é absurdamente lastimável é a redução absoluta do jogo à ordem econômica e a nada além dela. Nossos clubes têm problemas enormes, mas não é possível que só exista a "solução" de vendê-los ao sistema financeiro. De onde tiramos a ideia de que clubes devem dar lucro? O futebol não existe para dar lucro, existe para dar sentido à vida. Como colocar preço numa paixão? Vamos vender nosso futebol a estadunidenses que nada entendem desse esporte? O que será feito desses clubes-empresa? Em nome do que existirão? Então, o debate sobre vender, vender na baixa, vender na alta etc é todo igualmente absurdo do meu ponto de vista. O futebol não deveria estar à venda.
MILLY LACOMBE
Sempre defendi a presença de patrocinadores e parceiros em nossos clubes. Chega de administrações amadoras! Que o Botafogo e o Vasco animem outros com esse novo modelo para o futebol, algo que me parece inevitável e promissor.
MILTON NEVES
A SAF é um caminho interessante não só para clubes que estão em baixa. É uma boa opção para quem está bem e quer subir degraus. Mas, nos dois casos, se transformar em SAF não é garantia de sucesso. O valor da venda não é o mais importante. Uma gestão eficiente é o que vale mais.
PERRONE
Para os clubes quebrados, sim. Para os que têm condições de se manter sozinhos, ainda acho melhor que continuem como estão. Mas que não se iludam. Esses investidores que estão chegando não são milionários russos querendo lavar suas fortunas, nem xeiques com petrodólares infinitos. Visam lucro. Ou seja, o que querem é revelar jogadores e vender para o exterior. Esqueçam timaços como City, PSG, Chelsea etc.
RENATO MAURÍCIO PRADO
Sim. Mas é preciso deixar claro que o modelo de SAF não é infalível. Há exemplos bons e ruins ao redor do Mundo. Um gestor pode administrar mal ou bem, assim como um presidente. Pode se deixar levar pelo lado passional, mesmo não tendo um vínculo de infância com o clube em questão. Os clubes que estão mal não vão se tornar vencedores e bem geridos da noite para o dia. É preciso avaliar cada caso.
RODRIGO COUTINHO
Projetos de SAF não são iguais em todos os clubes, portanto, cada caso tem que ser analisado individualmente de acordo com as condições e parceiro. Dito isso, a formação da Saf è um caminho possível para clubes endividados se ajeitarem ou clubes saneados alavancarem investimentos. O modelo da lei dá uma grande Vantagem ao limitar o pagamento da dívida em 20%, o investidor compra um SAF quase limpa só com um quinto do dinheiro comprometido. Mas é preciso escolher bem o parceiro porque se estará entregando o futuro do clube nas suas mãos.
RODRIGO MATTOS
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