O português Vítor Pereira foi o sétimo treinador estrangeiro contratado para o comando de clube brasileiro da Série A ao acertar para trabalhar no Corinthians, se juntando aos também portugueses Abel Ferreira (Palmeiras) e Paulo Sousa (Flamengo), além dos argentinos Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza) e Antonio Mohamed (Atlético-MG), o uruguaio Alexander Medina (Internacional) e o paraguaio Gustavo Morínigo (Coritiba).
No UOL News Esporte, Julio Gomes, colunista do UOL, analisa a forma como técnicos estrangeiros que não eram nem mesmo as primeiras opções dos clubes acabaram contratados, enquanto os brasileiros perderam espaço no próprio país, como antes já haviam perdido em outros mercados do futebol internacional.
"Se a gente olhar bem, o Paulo Sousa não era a primeira opção e nem a segunda do Flamengo, o Vítor Pereira não era a primeira opção e nem a segunda do Corinthians, não é fácil também convencer os portugueses a virem porque eles se consideram inseridos nesse mercado top europeu, de times de Premier League", diz Julio.
"O Brasil era o país do futebol e da formação de jogadores e de treinadores e quando chega nos anos 1970 e as revoluções que começam a acontecer na Europa, elas são em função de um domínio absurdo que o Brasil impunha no futebol em Copas do Mundo e mesmo no mundo de clubes, o domínio que o Brasil teve nos anos 1950 e 1960 no futebol mundial nunca foi repetido por ninguém e nunca será por ninguém", completa.
O jornalista cita o caso do mercado árabe, citando o Al Hilal, da Arábia Saudita, que hoje é treinado por um português, mas tem um histórico de treinadores brasileiros para questionar os problemas atuais na formação de técnicos no Brasil.
"A gente acabou de ter o Mundial de Clubes com o Al Hilal, que deu trabalho para o Chelsea, da Arábia Saudita, o Rivellino se aposentou lá, o Zagallo foi o primeiro técnico estrangeiro lá, tem uma super história de brasileiros passando por lá para desenvolver futebol e o que aconteceu com o Brasil? O Brasil não forma técnicos, ele não forma nem cidadãos, o Brasil não forma cidadãos, o Brasil não consegue formar pessoas, como é que ele vai formar técnicos? O Brasil não tem escola de técnico de futebol, então isso foi começando a ficar claro para os dirigentes, para os donos de clubes desses outros países", diz Julio.
"De 20, 25 anos para cá, onde que africanos, asiáticos, chineses, japoneses vão buscar gente, matéria-prima, gente para ensinar futebol, tática, parte física, toda a multidisciplina que o futebol envolver hoje em dia? Na Espanha e em Portugal. A fama do Barcelona, que também tem mais fama do que escola, e em Portugal, onde tem de fato universidade de formação, universidade de futebol. Esses caras foram povoando esses mercados, não à toa já é técnico português que classificou a Coreia para a Copa, você tinha técnico português na final da Copa Africana de Nações, tinha dois técnicos portugueses no Mundial de Clubes", diz.
Julio Gomes considera que se não houver um movimento de mudança no desenvolvimento por parte da classe de treinadores brasileiros, a situação para eles só vai piorar, com mais clubes buscando profissionais de outros países.
"Os portugueses e espanhóis essencialmente pela formação, pelas escolas de formação deles, eles tomaram o lugar que era dos brasileiros, então é melhor mesmo a classe de treinadores brasileiros se coçar, não só porque está perdendo emprego não só no Brasil, essa é a última, é a gota d'água, é o último passo dessa tragédia, eles já tinham perdido emprego mundo afora", conclui.
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