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Jogadora brasileira relata tensão e apreensão para deixar a Ucrânia

A jogadora brasileira Lidi Oliveira em ação pelo FC Kryvbas Women - Foto: Arquivo pessoal
A jogadora brasileira Lidi Oliveira em ação pelo FC Kryvbas Women Imagem: Foto: Arquivo pessoal

Thiago Braga

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/02/2022 15h58

O avanço das tropas de Vladimir Putin sobre a Ucrânia na madrugada desta quinta-feira (24) não colocou sob risco apenas a população ucraniana, mas também jogadores brasileiros de futebol, tanto de equipes masculinas como femininas. Entre os atletas que não podem voltar para o Brasil está a jogadora Lidiane Oliveira, que atua no FC Kryvbas, na cidade de Kryvyi Rih, que fica a aproximadamente 400 km de Kiev, a capital do país.

"Eu escutei barulho de bomba porque o hotel em que a gente morava fica ao lado da base militar da cidade. E aí foi quando bateu o desespero. E aí tiraram a gente daquele hotel perto da base e colocaram a gente em um mais afastado. Muita coisa passa pela cabeça porque a gente está aqui e não sabe o que fazer, qual rumo tomar", relatou a Lidiane Oliveira, ao UOL, diretamente da Ucrânia.

O medo por estar em um país que está sob ataque cresceu também pelo que a jogadora viu no trajeto entre os hotéis, quando a delegação da equipe transitou pelas ruas da cidade.

Rua na cidade ucraniana de Kryvyi Rih mostra posto de gasolina lotado - Foto: arquivo pessoal - Foto: arquivo pessoal
Rua na cidade ucraniana de Kryvyi Rih mostra posto de gasolina lotado
Imagem: Foto: arquivo pessoal

"Não cheguei a ver tanques. Mas as ruas e os postos estavam lotados, com o povo tentando deixar a cidade", disse. Além de Lidiane, a equipe conta com as brasileiras Kedma Laryssa e Gabriela Zidoi.

A ponta esquerda está na Ucrânia desde de agosto do ano passado, mas já tinha atuado no país anos atrás. Ela, que teve passagem pelo Fortaleza e JC de Manaus, aqui no Brasil, estava negociando a rescisão do contrato com FC Kryvbas Women para voltar ao país.

Com o ataque da Rússia via terra, ar e mar, deixar a Ucrânia não será fácil. "Eu estava com as passagens compradas para viajar no sábado. Mas agora não sabemos o que vai acontecer porque os aeroportos estão fechados", afirmou a atleta. Moradora da capital paulista, agora ela não sabe quando conseguirá voar de volta para São Paulo.

Lidiane afirmou que a embaixada brasileira na Ucrânia mostrou-se prestativa, mas ainda não tem detalhes de como serão feitas as saídas de brasileiros que moram no país. A embaixada recomenda que os brasileiros que possam deixar a Ucrânia por meios próprios para outros países ao oeste do país façam tão logo possível.

E para os brasileiros que não puderem deixar o país, a embaixada pede que essas pessoas procurem um local seguro para o momento, longe de bases militares, instalações de internet e áreas responsáveis pela produção de energia elétrica. O embaixador do Brasil em Kiev, Norton Rapesta, afirmou que jogadores brasileiros serão evacuados das regiões da Ucrânia afetadas pelo conflito com a Rússia. O embaixador, porém, não deu detalhes de como será a evacuação.

Todo o elenco do FC Kryvbas Women deveria viajar nesta quinta-feira para a Turquia, mas os planos foram alterados após o ataque russo. O Campeonato Ucraniano foi oficialmente suspenso.