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Sem escolta, grupo de jogadores brasileiros não consegue deixar a Ucrânia

Jeremias Werneck e Augusto Zaupa

Do UOL, em Porto Alegre, e colaboração para o UOL, em São Paulo

25/02/2022 22h51

O grupo de jogadores brasileiros, suas famílias e profissionais do futebol ligados ao Shakhtar Donetsk e ao Dínamo de Kiev, não conseguiu deixar a capital ucraniana na noite desta sexta-feira (25). Por falta de segurança, eles decidiram não seguir à Estação Central de Kiev e tentar pegar o trem oferecido pelo Itamaraty como alternativa para chegarem à fronteira da Ucrânia com a Romênia.

Eles foram avisados pelo Itamaraty, com pouca antecedência, de que um trem partiria com destino à cidade de Chernivsti, no oeste da Ucrânia, de onde poderiam tentar chegar à Romênia. Mas sem qualquer garantia de segurança, o grupo optou por permanecer no Hotel Ópera, onde estão instalados em um bunker.

"Nós fomos avisados do trem muito em cima da hora e sem nenhuma estratégia de segurança. Não era viável sair, nos deslocarmos todos. Ainda mais naquele horário. Estamos aqui ainda", disse ao UOL Esporte o empresário Augusto Nogueira, que representa o lateral Vinicius Tobias, de 18 anos, que transferiu-se do Internacional para o Shakhtar no fim de janeiro.

Segundo Nogueira, são aproximadamente 50 brasileiros que estão instalados no bunker. "Temos crianças, desde bebês de 3, 4 meses, até crianças de 6, 7 anos. Não há a mínima segurança para sair à rua. Estamos ouvindo barulho de bomba aqui no hotel."

O empresário afirma que já começam a faltar alimentos e água no hotel. "A situação está crítica, e estamos muito preocupados. Mas não pretendemos sair sem que tenha a mínima segurança. Acreditamos que o governo brasileiro vai achar uma forma de nos tirar daqui."

O contato do grupo de brasileiros com a representação diplomática brasileira se dá apenas por canais eletrônicos — pelo site ou pelo Telegram. Foi por meio do aplicativo de mensagens que o grupo foi informado, às 21 horas de Kiev, que o trem sairia apenas uma hora depois. Ninguém da Embaixada do Brasil em Kiev os procurou. "Ninguém [nos procura]. Só nós e Deus", lamentou Nogueira.

Além de Vinicius Tobias, que completou 18 anos às vésperas da invasão russa na Ucrânia, estão no bunker do hotel Ópera jogadores como o zagueiro Marlon, ex-Fluminense, o meia-atacante Pedrinho, ex-Corinthians, o atacante David Neres, ex-São Paulo, e o lateral Dodô, ex-Coritiba.

No Instagram, Marlon fez uma publicação às 2 horas de Kiev (21 horas de Brasília), em que confirmava a situação dramática dos brasileiros que estão abrigados no hotel. "Seguimos no bunker do Hotel Ópera, em Kiev. Não tentamos embarcar no trem organizado pela embaixada brasileira. Seria um alto risco para todos nós.".

O jogador, que mostrou em vídeo as condições do grupo no bunker, prosseguiu em seu apelo: "Seguimos precisando da ajuda do governo brasileiro! Nossos mantimentos estão acabando. São muitas crianças aqui!".