Ligado a Putin, russo Roman Abramovich anuncia saída do comando do Chelsea
O bilionário russo Roman Abramovich, proprietário do Chelsea desde 2003 e personagem polêmico no futebol europeu, anunciou que está deixando o comando da administração do clube depois de quase 20 anos.
Em comunicado oficial divulgado na tarde de hoje, o magnata informou que está transferindo o poder à fundação de caridade do clube inglês. O fato acontece durante a guerra entre seu país e a Ucrânia, que gera sanções de algumas nações europeias.
"Durante meus quase 20 anos de posse do Chelsea FC, sempre considerei meu papel como guardião do clube, cujo trabalho é garantir que sejamos tão bem-sucedidos quanto podemos ser hoje, bem como construir para o futuro, ao mesmo tempo desempenhando um papel positivo em nossas comunidades. Sempre tomei decisões com o melhor interesse do clube no coração. Continuo comprometido com esses valores. É por isso que hoje estou dando aos curadores da fundação de caridade do Chelsea a administração e os cuidados do Chelsea FC", disse.
"Acredito que atualmente eles estão na melhor posição para cuidar dos interesses do clube, jogadores, funcionários e torcedores", comentou em nota.
Em meio a guerra, o parlamento britânico proibiu, anteontem, que oligarcas russos morem no Reino Unido, entre eles Roman Abramovich — a decisão é parte das sanções à Rússia como resposta ao ataque à Ucrânia. A mídia inglesa, então, registra que essa troca de guarda poderia ter sido apenas uma manobra cautelosa do empresário e que, na prática, seria ele ainda o comandante dos "Blues".
Bilionário ligado a Putin
Dono de um patrimônio de US$ 14,5 bilhões (mais de R$ 74 bilhões), o empresário ocupa a posição 142 no ranking das pessoas mais ricas do mundo da revista Forbes. A forma como ele, atualmente com 55 anos, construiu seu império, a partir da queda da URSS, em 1991, é cercada de mistérios.
Após o fim do regime soviético, Abramovich, que era um comerciante, foi apresentado a Boris Yeltsin, o primeiro presidente da Rússia após o colapso da URSS, por Boris Berezovsky — o empresário, que morreu em 2013, ficou conhecido no Brasil por seu envolvimento com o escândalo Corinthians-MSI.
Abramovich, Berezovsky e outros empresários foram beneficiados pela decisão do governo russo de privatizar estatais em favor de alguns homens de negócio, que a partir daí tornaram-se magnatas.
Desde então, o dono do Chelsea foi responsável pela criação e venda de cerca de 20 empresas das mais diversas áreas de atuação.
Em 1995, ele e Berezovsky compraram o controle acionário da companhia de petróleo Sibneft, em um programa estatal que ficou conhecido como "empréstimos de ações". Abramovich chegou a ter 80% das ações da quinta maior companhia petrolífera do país. A Sibneft foi vendida à estatal Gazprom em 2005.
Influente figura dos mais altos círculos de poder do governo russo, Abramovich teria convencido Yeltsin a fazer de Vladimir Putin seu sucessor em 1999.
As vidas de Berezovsky e Abramovich, antes sócios e amigos, no entanto, tomaram rumos diferentes com ascensão de Putin.
Enquanto, o primeiro bateu de frente publicamente com presidente, o segundo fez vista grossa para seus métodos pouco democráticos. Putin e Berezovsky trocaram farpas públicas, e o empresário alegou ter sido alvo de pelo menos duas tentativas de assassinato. Ele foi encontrado morto em 2013 em sua casa em Londres, e as investigações apontaram suicídio.
Segundo livro escrito por Berezovsky — e contestado pelo dono do Chelsea —, a proximidade entre Abramovich e Putin é tanta que o empresário teria dado um iate de presente de aniversário para o presidente russo.
Entrada no mundo do futebol
Em 2003, Abramovich, já poderoso, era governador da província russa de Chukotka — nomeado pelo próprio Putin — quando anunciou a compra do Chelsea.
Com investimento de 100 milhões de libras (o equivalente a R$ 685,4 milhões, na cotação atual), o oligarca transformou o clube inglês. Neste período, investiu mais de 2 bilhões de libras (R$ 13,7 bilhões), fazendo o clube de Stamford Brigde se transformar em uma potência.
Sob o seu comando, o Chelsea quebrou um longo jejum no Campeonato Inglês e conquistou uma série de títulos, incluindo duas Champions League e um Mundial de Clubes.
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