Paraná Clube: da fusão gloriosa dos anos 90 ao medo do fim; veja trajetória
Rebaixado de maneira dramática ontem para a 2ª divisão do Campeonato Paranaense, o Paraná Clube já passou por momentos de glória em sua relativa curta trajetória no futebol profissional.
Fundado no fim de 1989, o time, situado em Curitiba, foi considerado o "bicho-papão" da região justamente nos anos 1990, garantindo seis títulos estaduais em apenas sete temporadas. Há participações notórias também na Libertadores e no Campeonato Brasileiro.
O UOL Esporte conta, abaixo, um resumo da história de altos e baixos da equipe apelidada de "Tricolor da Vila". Confira:
Prazer, Paraná!
O Paraná Clube foi fundado em dezembro de 1989 após uma fusão realizada entre dirigentes do Colorado e do Pinheiros, antigos times de Curitiba que disputavam as principais competições do estado.
Após um almoço em clima amigável entre os cartolas das duas instituições, optou-se, em um guardanapo de papel, por juntar o vermelho do Colorado com o azul do Pinheiros para formar a identidade da nova equipe, que também trazia a cor branca nos detalhes.
A instituição Paraná Clube passou, a partir disto, a ter estádio Durival Britto e Silva, conhecido como Vila Capanema, como casa — daí o apelido de "Tricolor da Vila".
No ano seguinte, o time disputou o seu primeiro campeonato estadual e, após terminar na liderança de um dos grupos da seletiva nacional, acabou classificando-se para a Série C do Campeonato Brasileiro — tudo isso sob o comando do já consagrado técnico Rubens Minelli, tricampeão brasileiro nos anos 70 por Internacional e São Paulo.
Década de glórias
A campanha no torneio nacional de 1990 surpreendeu e o time conseguiu avançar até a semifinal, garantindo uma vaga para a Série B do Brasileirão no ano seguinte e mostrando a força precoce.
Em sua segunda participação no Campeonato Paranaense, veio a primeira conquista: já sob comando de Otacílio Gonçalves, a equipe sagrou-se campeã do estadual, empatando com o Coritiba na última rodada e garantindo o título por pontos ganhos.
A façanha se repetiu por cinco vezes seguidas (1993, 1994, 1995, 1996 e 1997) e, neste período, Minelli voltou a comandar a equipe em algumas ocasiões. Foi nessa época que o meia Ricardinho, hoje comentarista dos canais Globo, foi lançado ao cenário nacional.
No período, o Paraná passou a ganhar mais destaque nacional ao protagonizar boas campanhas na Copa do Brasil, como em 1995 e 1996, e no Brasileirão, quando faturou a Série B de 1992.
Primeiras decepções
Depois de ganhar o título do confuso Módulo Amarelo da Copa João Havelange, que juntou times das Séries B e C nacional em 2000, a equipe passou por alguns anos sem grandes conquistas.
Até 2005, foram dois vice-campeonatos estaduais e algumas participações consideradas boas na Série A do Brasileirão, mas ainda um desempenho considerado aquém para o que se pretendia.
A estrela de Caio Júnior
O então jovem paranaense Caio Júnior, que já havia jogado e treinado o Paraná entre o fim dos anos 90 e começo dos anos 2000, voltou ao clube em 2006 com uma missão: classificar a equipe para a Libertadores.
Dito e feito: na última rodada do Brasileirão daquele ano, o time arrancou, na Vila Capanema, um empate com o campeão São Paulo e contou com a sorte ao ver o Vasco tropeçar diante do Figueirense. Resultado? 5° lugar na tabela e vaga garantida na 1ª fase do torneio continental.
Aquela campanha, aliás, colocou Caio Júnior de vez no hall nacional dos técnicos. Pouco depois, ele foi trabalhar no Palmeiras e passou por várias outras equipes até fazer história com a Chapecoense em 2016 — a saga acabou triste com o acidente aéreo da equipe, que matou, entre outros, o técnico.
Meses depois da tragédia, aliás, o Paraná homenageou o eterno ídolo ao batizar a sua sala de imprensa como "Caio Júnior".
Do auge a queda
Na Libertadores de 2007, o Paraná, já com o ex-goleiro Zetti no comando, até fez uma campanha de respeito: passou do Cobreloa na 1ª fase, avançou na fase de grupos e parou só nas oitavas de final, diante do Libertad.
No Brasileirão, no entanto, a situação foi diferente, e a equipe foi rebaixada com 41 pontos, à frente apenas de Juventude e América-RN.
Foi o início da estagnação: de 2008 até 2016, o Paraná alternou entre bons e maus momentos, mas não chegou a subir para a Série A ou cair para a Série C.
Somente em 2017, apesar de estar em reconstrução e com problemas financeiros, o tão esperado acesso veio após uma ótima campanha que culminou com a classificação por antecedência: o "desafogo" se deu depois de o time vencer o CRB, em novembro daquele ano.
O que era a expectativa de repetir o que foi feito nos anos 90 não se concretizou e, no ano seguinte, em uma péssima campanha no Brasileirão, o Tricolor da Vila voltou a cair — já em uma época em que a crise financeira assolava de vez a instituição.
Decadência completa
Em 2019, o Paraná até "bateu na trave" ao realizar uma boa campanha na Série B, mas não figurou entre os quatro melhores e se manteve na 2ª divisão do torneio.
O caos veio em 2020, quando a equipe, já sem grandes investimentos, retornou à Série C. Para piorar, no ano passado, mais uma queda dramática: desta vez para a Série D.
Até onde vai a crise?
O rebaixamento no estadual, ocorrido ontem e marcado pela invasão de torcedores ao gramado da Vila Capanema, ligou de vez o sinal vermelho para os paranistas, que podem ver o endividado clube ficar sem calendário nacional a partir do ano que vem.
Isso acontece caso a equipe não consiga o acesso para a 3ª divisão do Brasileirão nos próximos meses. O medo, para alguns, é o da própria falência da jovem (e vitoriosa) instituição ainda ao fim de 2022.
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