Com bombas e pedradas, atentados contra jogadores se multiplicam pelo país
Os jogadores de futebol do Brasil têm vivido sob um clima de medo e tensão com a recorrência de atentados de torcedores contra atletas na última semana. Quatro veículos de clubes foram atacados com pedras ou bombas nos últimos dias, em diferentes cidades do país. Três jogadores, Villasanti do Grêmio, e Danilo Fernandes e Matheus Bahia, do Bahia, ficaram feridos e precisaram de atendimento médico.
O clássico Gre-Nal foi adiado depois que o ônibus do Grêmio foi apedrejado no sábado. Mas o Bahia entrou em campo contra o Sampaio Corrêa na quinta-feira, pela Copa do Nordeste, mesmo depois que torcedores do próprio time arremessaram uma bomba contra o veículo a caminho do estádio. Danilo e Matheus, feridos no atentado, não puderam jogar.
No mesmo dia, a van que transportava o elenco do Náutico foi alvo de pedras arremessadas por torcedores após uma derrota fora de casa. No sábado, em Maringá (PR), a delegação do Cascavel deixou o estádio também sob pedradas que quebraram as janelas traseiras do ônibus. Nos dois casos, ninguém ficou ferido.
Em Curitiba, torcedores invadiram o campo para agredir os jogadores do próprio time, o Paraná, que amargava um rebaixamento no Estadual. Em Caxias do Sul, na serra gaúcha, um jogador do Caxias foi vítima de ofensas racistas proferidas por um torcedor antes do clássico contra o Juventude. E outro recebeu uma cusparada enquanto tentava cobrar um lateral.
O ódio e a violência da torcida contra os jogadores do próprio time ou de times rivais têm motivado apelos para que os clubes, as polícias e as entidades que comandam o futebol garantam a integridade física dos jogadores.
"Até quando isso no futebol brasileiro?", questionou o meia Giovanni, do Cruzeiro. "Espero que a polícia possa identificar esses assassinos e que eles possam passar a vida inteira presos. Quando um jogador morrer as coisas vão mudar? Saímos de casa, deixamos nossas famílias e queremos voltar em segurança. Espero que um dia as coisas possam mudar no nosso país. E as leis possam ser severas a quem cometer crimes."
"Rivalidade, zoeiras, piadas, tudo isso sempre fez parte do futebol! Agora, eu não consigo entender o motivo de colocar a integridade física de uma pessoa por conta de uma 'paixão' ou 'rivalidade' do esporte! O próximo passo é uma tragédia", escreveu Zé Rafael, volante do Palmeiras, depois dos repetidos ataques.
As polícias da Bahia e do Rio Grande do Sul investigam quem seriam os autores dos ataques. Em Salvador, a PM apreendeu carros que teriam sido utilizados no ataque e apontou líderes da principal organizada do clube como suspeitos. Em Porto Alegre, a polícia deteve e logo em seguida liberou dois suspeitos por falta de provas.
O aumento da violência contra os atletas tem motivado discussões sobre reações mais duras da própria categoria. O jornalista Paulo Vinicius Coelho defendeu no SporTV uma greve geral de jogadores enquanto a segurança deles não for garantida. Medidas semelhantes foram proposta por diferentes blogueiros do UOL, como Juca Kfouri, Marilia Ruiz e Mauro Cezar Pereira.
Quem sabe não seja o começo da solução. Houve agressão? Não tem jogo
Juca Kfouri
A nossa guerra tem que parar o futebol
Marília Ruiz
Não adianta proibir organizadas, adotar a presença de uma só torcida, entre outras medidas já testadas e comprovadamente inúteis. O negócio, a solução, passa por identificação dos responsáveis e punição ao CPF, à pessoa física. Enquanto isso não acontecer, sempre haverá o risco de alguém aparecer disposto a desfrutar da impunidade.
Mauro Cezar Pereira
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