Topo

Uruguaio do Dínamo lembra desespero na Ucrânia: 'Me escondia para chorar'

O brasileiro Dodô (e) e o uruguaio Carlos de Pena (d) seguram bandeira da Ucrânia - Reprodução/Instatgram @carlosdepena
O brasileiro Dodô (e) e o uruguaio Carlos de Pena (d) seguram bandeira da Ucrânia Imagem: Reprodução/Instatgram @carlosdepena

Colaboração para o UOL, em Maceió

28/02/2022 17h04

O jogador uruguaio Carlos de Pena, do Dínamo de Kiev, usou as suas redes sociais hoje (28) para compartilhar o que sentiu desde o início da invasão da Rússia à Ucrânia. Ele estava num hotel no centro de Kiev junto aos brasileiros e suas famílias e fez o mesmo trajeto para a saída do país. Ele lembra que acordou com o barulho das bombas e do desespero nos quase três dias dentro do bunker.

"Fiquei com muito medo e me escondi para chorar várias vezes para não demonstrar desespero na frente dos outros e me mostrar forte. Agora quero orar pelos meus companheiros de equipe na Ucrânia e suas famílias e por todo o povo ucraniano que está sofrendo com esse terrível absurdo", escreveu o jogador.

Segundo ele, os momentos de desespero começaram às 4h45 da manhã do dia 24 de fevereiro, quando a Rússia iniciou os ataques. Ele se juntou ao brasileiro Vitinho, também do Dínamo, e foi para o hotel em que estavam os outros jogadores brasileiros e seus familiares.

"As rotas desmoronadas, a falta de comida e combustível, nos fizeram passar a noite em um subsolo do hotel com uma estrutura mais forte contra possíveis bombardeios. A preocupação era grande e, embora as autoridades nos ligassem, as soluções para escapar não apareceram. Foi muito arriscado sair de Kiev e éramos um grupo de 40 pessoas que estavam juntas em tudo. Na sexta-feira, tropas russas estavam invadindo vários lugares perto de Kiev. As explosões pareciam próximas, civis começaram a morrer e o medo cresceu. A noite chegou e os russos já estavam fora da capital, ameaçando tomá-la", descreveu.

No último sábado (26), ele fez parte do comboio de carros que saiu do hotel em direção à estação de trem, já que aquela surgiu como a única solução para a saída do país.

"No sábado a solução parecia não aparecer, até que depois de conversar com uma jornalista da BBC com experiência em 3 guerras, decidimos fazer uma viagem até a fronteira com a Romênia, apesar do risco de acontecer ou sofrer algum problema. Conseguimos pegar o trem, parando em várias cidades e depois de 17 horas chegamos a uma cidade fronteiriça, onde pegamos um ônibus até cruzarmos para a Moldávia."

Esse mesmo trajeto foi feito pelos brasileiros, que se dividiram entre a Moldávia e a Romênia. Todos eles agora veem as rotas para retorno ao seus países de origem.

"Agora quero orar pelos meus companheiros de equipe na Ucrânia e suas famílias e por todo o povo ucraniano que está sofrendo com esse terrível absurdo. A solidariedade dos ucranianos é digna de admiração. Peço PAZ, pelo fim desse pesadelo. E não deixo de agradecer, porque no fundo, cheguei a pensar que não ia sair dali!", concluiu.