Classificação e Jogos
A Fifa decidiu suspender a Rússia de todas as competições internacionais de futebol, o que significa que a seleção do país não poderá disputar as eliminatórias e, consequentemente, a Copa do Mundo de 2022, no Qatar. A decisão foi tomada em conjunto com a Uefa por conta da invasão à Ucrânia.
A seleção russa tinha jogo marcado pelas eliminatórias europeias para 24 de março, contra a Polônia, que já havia avisado que não entraria em campo.
E aí, a decisão de suspender a Rússia das eliminatórias e da Copa do Mundo é justa? Fizemos essa pergunta aos colunistas do UOL Esporte. Veja o que eles responderam:
É correto, afinal futebol e política sempre estiveram profundamente conectados. Independentemente do que se avalie sobre a guerra, seria inviável seguir com a recusa das outras nações em enfrentar a Rússia. Não que a FIFA seja um poço de retidão e coerência, visto que já fez (assim como FIA, COI, entre outros) vista grossa para outras questões graves. Como faz diariamente, aliás, para os abusos cometidos no Catar.
ALICIA KLEIN
O esporte é reconhecido pela ONU como um instrumento importante de promoção da paz no mundo. Os regulamentos esportivos também abraçam princípios que são inconciliáveis com a guerra. Agora, não é uma decisão pacífica, e ela pode ser contestada juridicamente. Historicamente, o esporte tenta a utopia de seguir um caminho distante da política, adotando os princípios de igualdade e da autonomia. Fundamental é que a decisão tomada não seja pontual, mas um compromisso que se torne uma política concreta da entidade na proteção de direitos humanos. E quando ela é efetiva, ela vale para todos.
ANDREI KAMPFF
Sim, é importante que outros setores mostrem como a decisão da Rússia de promover a guerra é rejeitada.
DANILO LAVIERI
Justa, mas hipócrita, porque nunca fez o mesmo com o Estados Unidos, que vive invadindo países com os quais nem fronteira faz.
JUCA KFOURI
Que ótimo seria se sempre que uma nação agredisse a outra houvesse uma reação dessas proporções. Não apenas frases soltas, mas uma ação global coordenada para parar guerras, agressões e mortes. Mas aí eu deixo a pergunta provocativa no ar: Por que algumas guerras são aceitas e outros não?
JULIO GOMES
Sim, ainda que não queiram, futebol e política se misturam e são conectados. Ainda que saibamos que a FIFA não é uma ONG do bem comum, o mínimo de respeito por questões humanitárias se faz necessário- mesmo que seja para preservar certa imagem e alguns patrocinadores.
MARÍLIA RUIZ
É correto. Mas quantos países os EUA invadiram e não foram punidos? E a questão dos direitos humanos na Arábia Saudita? E no próprio Catar, sede da Copa?
MENON
É injusto com os jogadores, mas eles que cobrem o irresponsável do ditador que comanda o país deles. E que o boicote aos russos siga ocorrendo em tudo quanto é esporte. Toda tentativa de frear essa imbecil guerra é válida.
MILTON NEVES
A decisão é justa, mas é preciso que o mesmo tratamento seja dispensado em eventuais novos casos semelhantes. Vale para um, vale para todos.
PERRONE
Pode até não ser justa com os jogadores russos, que nada têm a ver com a megalomania bélica de Vladimir Putin e sairão prejudicados da decisão. Mas a Fifa não tinha opção. Era isso ou colocar em risco a realização da Copa do Mundo visto que havia um pesado movimento de boicote à Rússia vindo das outras seleções. Ou seja, decisão necessária.
RAFAEL REIS
Sim. E precisa virar um padrão. Por mais que o futebol e as pessoas que o amam não tenham relação direta com a decisão do governo russo, há questões humanitárias que precisam estar acima de qualquer outro aspecto.
RODRIGO COUTINHO
Fifa e UEFA fazem parte da comunidade de organismos internacionais, assim como a ONU. Sendo assim, faz sentido que respeitem a postura quase unânime de rejeição à guerra na Rússia entre os países, e estabeleçam sanções ao país agressor. Essa decisão derruba a falácia sobre o futebol não se envolver com política. Não havia nenhum clima para a Rússia enfrentar a Polônia, que abriga refugiados da Ucrânia, por uma vaga na Copa. A decisão é constrangedora para o presidente da Fifa, Gianni Infantino, que foi homenageado por Putin e era grande parceiro dele desde a organização da Copa-2018.
RODRIGO MATTOS
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