Após a eliminação do Grêmio para o Mirassol na primeira fase da Copa do Brasil, o técnico Roger Machado foi perguntado sobre o episódio do último sábado (26), quando o ônibus do tricolor gaúcho foi alvejado por pedras no caminho do Beira-Rio para a disputa do Gre-Nal, que acabou adiado. O treinador fez uma reflexão e considera que todos no ambiente do futebol são culpados para a violência e que não se trata de um episódio isolado.
No UOL News Esporte, Milly Lacombe elogia a visão de Roger Machado e forma como coloca que a violência é uma questão que está além do futebol, com a necessidade de tratar a causa e não apenas o sintoma.
"A lucidez do Roger é uma coisa arrebatadora porque tem um treinador que diante desse nível de stress, de pressão e de trauma consiga colocar as coisas nesses termos e se implicar no que aconteceu, porque o futebol não acontece em um ambiente separado da sociedade, todos e todas temos que nos implicar no que está acontecendo", diz Milly.
"Eu escrevi um texto em novembro dizendo que a violência vai piorar. Não existe você viver no país que é o Brasil hoje, com esses índices de fome, de desigualdade, de falta de moradia, de falta de acesso à saúde sem testemunhar o aumento da violência. O futebol é só mais um ambiente em que essa violência se manifesta", completa.
A jornalista afirma que não se pode tratar o futebol como algo alheio ao que se vive na sociedade, simplesmente apontando que foram vândalos e não torcedores.
"A gente precisa se implicar no que está acontecendo e foi o que o Roger fez, é de uma lucidez, é de uma beleza o discurso dele, a declaração dele e raro, infelizmente, raro porque o que a gente mais ouve são colocações do tipo 'são vândalos, não são torcedores'. A gente é tudo isso, a gente é capaz de cometer atrocidades, a gente é capaz de fazer coisas lindas, é necessário entender o que é que está acontecendo, parar de analisar e criticar o sintoma, olhar a causa, a causa é lá atrás", diz Milly.
José Trajano também cita o contexto político do país e ressalta a importância de um técnico se colocar como fez Roger Machado em relação ao episódio.
"O Roger é um sujeito exemplar pelo comportamento dele, a trajetória dele, que a gente vem acompanhando e a gente tem que incluir aí no que a Milly falou o incentivo à violência por parte desse governo, a liberação de porte de armas, o ódio que se manifesta através de declarações de pessoas que estão lá no topo. O Roger se colocou, isso foi muito importante", conclui.
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