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De órfão pobre a bilionário: como Abramovich faturou fortuna de R$ 74,3 bi

Roman Abramovich, dono do Chelsea - Ian KINGTON / AFP
Roman Abramovich, dono do Chelsea Imagem: Ian KINGTON / AFP

Do UOL, em São Paulo

04/03/2022 14h49

A vida do empresário Roman Abramovich mudou após a invasão da Rússia à Ucrânia. Por causa de sua proximidade com o presidente russo Vladimir Putin, o oligarca russo precisou colocar o Chelsea à venda, nesta semana, com receios de sofrer sanções por causa da guerra, que já deixa mortos.

Reportagem do jornal britânico Daily Mail aponta que, nos últimos 20 anos, o nome de Abramovich esteve envolvido em batalhas judiciais, incluindo alegações de chantagem, suborno e acusações não comprovadas de fraudes em empréstimos.

Ele também foi questionado sobre suas ligações com o presidente russo, mas já negou na justiça que seja "o caixa" de Putin no Ocidente, embora seja visto como um de seus "facilitadores". Ele teria, inclusive, recomendado que Putin deveria ser o sucessor do então presidente russo, Boris Yeltsin, em 1999.

Até recentemente, Abramovich vivia sua vida extremamente privilegiada em paz, a bordo de seus enormes iates, em suas mansões ou em um dos jatos particulares que compõem seu império de US$ 14,5 bilhões (R$ 74,29 bilhões). Ele também encontrou tempo para criar uma grande família, incluindo sete filhos — Ilya, Arina, Sofia, Arkadiy, Anna, Aaron e Leah — de duas de suas três ex-esposas.

Mas, agora, o russo tem colocado alguns de seus ativos à venda antes que eles sejam congelados por causa da guerra contra a Ucrânia, com pedidos — até agora negados — de que o Chelsea fosse tirado dele.

Órfão na infância e vendedor de bonecas

De origem humilde, o empresário de 55 anos, nasceu em Saratov, no sudoeste da Rússia. Os pais morreram quando ele ainda era criança. Abramovich foi criado por seus avós em Komi, na Sibéria, desde os quatro anos de idade. Ambos seus avós, Vasily e Faina, eram da Ucrânia.

A mãe de Abramovich, Irina, morreu aos 28 anos, vítima de envenenamento. O pai, Arkady, morreu após ser esmagado por um guindaste em um canteiro de obras, quando ele tinha três anos.

Apesar das perdas, o oligarca, que é judeu e possui cidadania russa, israelense e portuguesa, não se queixa da infância. "Na sua infância, você não pode comparar as coisas: um come cenoura, outro come doce, ambos são gostosos. Como uma criança, você não pode dizer a diferença entre eles", comentou certa vez.

Abramovich começou a trabalhar como comerciante, vendendo bonecas em uma banca em um mercado, depois de abandonar duas faculdades, segundo a biografia "Roman Abramovich: The Billionaire" (Roman Abramovich: o Bilionário).

Em 1987, depois que ele serviu o exército russo por um breve período, os pais de sua primeira esposa, Olga Lysova, deram ao russo 2.000 rublos (menos de R$ 100 na cotação atual) como presente de casamento. Isso lhe permitiu ampliar a gama de produtos que vendia para desodorantes e perfumes.

Ele começou a ganhar dinheiro a partir do fim da União Soviética e da abertura do mercado russo para o mundo. As mudanças permitiram que empresários comprassem estatais.

Sua fortuna cresceu quando Abramovich se associou a Boris Berezovsky, que no Brasil ficou conhecido a partir do escândalo MSI/Corinthians. Próximo do presidente Boris Yeltsin, Berezovsky deu a Abramovich acesso à ascensão social e proximidade com o governo.

Abramovich continuou próximo a Putin, e em 2007, o presidente russo o consultou sobre quem deveria ser o sucessor dele na presidência. O empresário indicou Dmitry Medvedev, que ficou no cargo entre 2008 e 2012, até o retorno de Putin.

Dinheiro da compra e venda de estatais

Azpilicueta, capitão do Chelsea, ergue troféu de campeão do Mundial de Clubes - Matthew Ashton - AMA/Getty Images - Matthew Ashton - AMA/Getty Images
Azpilicueta, capitão do Chelsea, ergue troféu de campeão do Mundial de Clubes
Imagem: Matthew Ashton - AMA/Getty Images

A partir do fim da União Soviética, o governo russo permitiu a venda das estatais. Abramovich se uniu a Berezovsky para comprar as ações da empresa petrolífera Sibneft por 100 milhões de libras (o equivalente a R$ 672 milhões, na cotação atual), cinco vezes menos do que o valor estimado na época.

Ao vender a empresa, anos depois, Abramovich ganhou 1,8 bilhão de libras (R$ 12,1 bilhões na cotação atual).

A maior parte da riqueza de Abramovich no Reino Unido encontra-se na Evraz, uma gigante siderúrgica e de mineração listada na bolsa de valores de Londres, da qual ele é o maior acionista.

Além dos negócios, Abramovich também atuou na política, tornando-se governador da região de Chukotka, no extremo leste da Rússia, em 2000.

Em 2003, comprou o Chelsea e transformou a equipe em um gigante da Premier League. Com investimentos massivos em grandes nomes, como Hernán Crespo, Juan Verón, Joe Cole, Didier Drogba, Tiago Mendes, Alex e o técnico José Mourinho, o Chelsea conquistou uma série de títulos importantes.

O período entre 2005 e 2012 foi o mais vencedor, com a conquista dos Campeonatos Ingleses de 2006 e 2010, das Copas da Inglaterra em 2007, 2009 e 2010 e da Copa da Liga em 2007. O clube também faturou a Champions League em 2011/12 e na última temporada europeia, credenciando-se a disputar — e vencer — o Mundial de Clubes, em cima do Palmeiras.