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Como Medina foi de queridinho a ameaçado de demissão em dois meses de Inter

Alexander Medina, técnico do Inter, pode ser demitido após eliminação na Copa do Brasil - Ricardo Duarte/Inter
Alexander Medina, técnico do Inter, pode ser demitido após eliminação na Copa do Brasil Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

04/03/2022 04h00

O Inter perdeu para o modesto Globo-RN por 2 a 0. Muito mais do que a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil e o impacto disso no orçamento do clube, a queda em Ceará-Mirim pode encerrar o projeto do clube com Alexander Medina no comando. Ameaçado pela falta de bons jogos e agora com uma eliminação dura sobre os ombros, o uruguaio será assunto em reuniões no Colorado.

Medina foi apresentado no dia 7 de janeiro. Ou seja, tem pouco menos de dois meses de trabalho no clube. Foram nove partidas no total, três vitórias, três empates e três derrotas, gerando aproveitamento de 44%. Seu time marcou 10 gols e levou 11.

O momento atual contrasta com a alegria em sua contratação. O Inter repetia que tinha conseguido um dos melhores treinadores emergentes no continente, respaldado por um ótimo trabalho no Talleres, da Argentina, e indicado por Gallardo como seu sucessor no River Plate.

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Mas bastou o início da temporada para mudar o cenário. A explicação central para isso se vê no campo. O Inter não conseguiu, até hoje, ter um bom desempenho sequer na temporada. O próprio Medina admite que sua equipe viveu de "minutos positivos", mas também sofreu bem mais do que era esperado.

Ainda que esteja recebendo os jogadores que precisa e até já tenha reclamado pela falta de reforços, o uruguaio fez questão de assumir a responsabilidade pela derrota para o Globo-RN, que pode ter sido seu último jogo no comando.

No gramado do Barretão, a maior surpresa não foi o rendimento fraco da equipe, que pouco criou ou frequentou o campo ofensivo, mas uma falha do goleiro Daniel. Nos jogos iniciais do ano, o Inter só conseguiu algumas vitórias e evitou tropeços ainda mais graves por grandes atuações dele. Mas um lance simples acabou em frango e um dos destaques do magro 2022 vermelho acabou também entrando na lista dos vilões.

Outro fator que transformou o ambiente de Medina é a falta de um rival mais duro. Segundo apurou o UOL Esporte, o Inter se vê preocupado ao imaginar o que acontecerá quando tiver pela frente uma equipe de sua estatura. Não houve sequer Gre-Nal até o momento — o que seria dia 26 foi adiado. O temor aponta para quando pegar equipes como Flamengo, Atlético-MG, Palmeiras, entre outros. Isso também está presente na avaliação gaúcha.

"São vários aspectos que precisam ser mudados. Isso envolve uma imersão da direção, do corpo técnico, par que possamos não errar. Temos que avaliar corretamente e tomar as medidas corretas para que nosso rumo seja mudado, nosso planejamento alterado. Sofremos um baque no momento e precisamos entender isso e mudar o planejamento para que as coisas voltem ao que nosso trabalho e nossa pretensão pede. Essa eliminação precoce não é do tamanho do Inter, nos deixa indignados, e vamos trabalhar para voltarmos a vencer", disse o presidente Alessandro Barcellos.

Por fim, Medina não tem agradado na hora de mexer no time. Houve jogos em que David, contratado após boa temporada no Fortaleza e que é atacante, terminou na lateral direita. Até mesmo Rodrigo Dourado chegou a ser usado como lateral em momentos do jogo.

Na queda para o Globo-RN, quando perdeu Johnny, no intervalo, por uma indisposição estomacal, ao invés de atacar, Medina colocou Rodrigo Dourado e trouxe o rival para o campo ofensivo. Quando precisou levar o time ao ataque, coube a D'Alessandro, com 40 anos, ser chamado, algo que tem ocorrido repetidamente neste ano. Mas agora não deu certo.

Não houve, até então, focos de indisciplina ou reclamações dos atletas. A relação com Medina resta intacta. O problema é que dentro de campo o time não deu qualquer sinal de caminhar para o destino correto. A direção, que acompanha mais de perto as atividades de dia a dia, busca razões para que as atividades e o ambiente não se reflitam em campo. Até agora não os encontrou, e agora pensa que uma ruptura com o que está sendo feito possa ser o caminho ideal.

Além do treinador, o departamento de futebol também deve ser revisto. Figuras como o executivo Paulo Bracks e o vice Emilio Papaléo Zin podem ser desligados a partir dos encontros que tomarão os próximos dias.

"É necessário reunirmos departamento de futebol e conselho de gestão. As coisas precisam voltar para os trilhos, é isso que o Inter quer", finalizou Barcellos.

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