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Vítor Pereira se anima com elenco do Corinthians e explica contrato curto

Técnico Vítor Pereira foi apresentado oficialmente no Corinthians na tarde de hoje, no CT Dr. Joaquim Grava - Reprodução/Corinthians TV
Técnico Vítor Pereira foi apresentado oficialmente no Corinthians na tarde de hoje, no CT Dr. Joaquim Grava Imagem: Reprodução/Corinthians TV

Do UOL, em São Paulo

04/03/2022 12h56

Em sua apresentação oficial no Corinthians, o técnico Vítor Pereira se mostrou animado com a qualidade técnica do elenco alvinegro. Na primeira entrevista coletiva, na tarde de hoje (4), detalhou como quer que o time jogue, falou do aumento de treinadores portugueses no Brasil e também explicou o motivo de seu contrato ser de apenas nove meses (assista na íntegra mais abaixo).

"Ontem [no primeiro treino], já me diverti um pouco, porque de fato há qualidade técnica no elenco. Agora vamos pensar na intensidade, pois temos jogadores experientes", pondera Vítor Pereira em uma longa resposta sobre como pensa o futebol e como pretende implantar estas ideias neste elenco corintiano. "Minha carreira toda foi projetando uma metodologia de treino e um modelo de jogo, mas ser treinador é muito mais do que isso: é chegar, avaliar bem o que temos e então deixar os jogadores confortáveis no modelo de jogo", afirma.

Em resumo, ele admite ainda estar conhecendo os jogadores e que não tem como dar um prazo para o Corinthians mudar de cara em campo. "Depende da resposta dos jogadores", argumenta o novo treinador, que insistiu que a adoção do novo modelo é um trabalho conjunto com os atletas.

É ter um jogo que nos permita ter mais a bola, exacerbar este momento no treino e depois, para evitar correr muito para trás, temos que ser muito agressivos no momento da perda da bola. São dois momentos importantes para evitar que esta equipe fique correndo quilômetros e mais quilômetros correndo para trás e depois para frente.
Vítor Pereira, novo técnico do Corinthians.

Questionado sobre o tempo de contrato, que se encerra em dezembro deste ano, o treinador revelou preferir reavaliar o trabalho a cada final de temporada. "Tive que pagar a multa para sair quando estive na Arábia Saudita, e nunca mais voltei a fazer contratos de longa duração. Preciso chegar ao final da temporada sabendo se estou feliz e se o clube está feliz comigo", afirmou.

Vítor Pereira estreia pelo Corinthians às 16 horas (de Brasília) de amanhã (5), já em clássico contra o São Paulo, no Morumbi, pela décima rodada do Campeonato Paulista. "Naturalmente gostaria de ter mais tempo de trabalho para mudar mais algumas coisas, mas vamos ao clássico com objetivo de ganhar", avisou.

Confira algumas respostas de Vítor Pereira:

Como o Corinthians vai jogar

"Evidentemente tenho as minhas ideias de jogo, e minha carreira toda foi projetando uma metodologia de treino e um modelo de jogo, mas ser treinador é muito mais do que isso: é chegar, avaliar bem o que temos e depois então deixar os jogadores confortáveis em seu jogo. Venho para organizar, criar um jogo que tenha os jogadores confortáveis e dentro de suas características. É tentar encontrar um equilíbrio entre a qualidade técnica que de fato existe no elenco e a capacidade física da equipe. É ter um jogo que nos permita ter mais [posse de] bola, exacerbar este momento no treino e depois, para evitar correr muitos metros para trás, temos que ser muito agressivos no momento da perda da bola. São dois momentos importantes para evitar que esta equipe fique correndo quilômetros e mais quilômetros correndo para trás e depois para frente."

Evolução depende também dos jogadores

"Nós vamos modelando o nosso jogo, isso quer dizer que temos ideias que já começamos a trabalhar, estimular os comportamentos, mas é a qualidade dos jogadores que vai acrescentar às nossas ideias. Depende da resposta dos jogadores. Se optamos pela posse de bola, e funciona muito bem porque a qualidade técnica é alta, isso me diverte como treinador, e é a possibilidade de eu também evoluir como treinador. Já trabalhei em outros países em que acontecia o contrário: a mesma posse e bola, o mesmo exercício, mas a qualidade era mais baixa e o resultado do exercício era diferente. Então é preciso diminuir ou aumentar a exigência do treino. Portanto quem vai dizer se o Corinthians vai jogar um grande nível de futebol são os jogadores; nós vamos estimular isso. Ontem já me diverti um pouco, porque de fato há qualidade. Agora vamos pensar na intensidade, pois temos jogadores experientes e vamos em busca deste jogo."

Conhecendo os jogadores

"Alguns jogadores eu já conheci os enfrentando, outros por vê-los jogar pela televisão. Mas já tive experiências engraçadas no futebol em que, tinha uma ideia sobre determinado jogador e depois, começando a trabalhar com ele, o jogador manifesta coisas que eu nunca o tinha visto fazer em outras ocasiões. Portanto esta é uma fase de avaliação para mim. Apesar de conhecer as características de muitos deles, muitas vezes os jogadores nos surpreendem -alguns de forma positiva, outros de forma negativa. Por isso é uma avaliação. Tendo já uma certa experiência, não precisamos de tanto tempo para esta avaliação. Já treinei muitos níveis diferentes, times de topo, outros com menos qualidade, e sempre tentando tirar o máximo proveito dos jogadores. É este nosso objetivo no Corinthians, mas não consigo dizer exatamente o tempo que leva, se em um mês já vamos ver o time com a identidade que pretendo porque dependo da resposta deles."

Tempo de contrato

"É o tempo de uma criança nascer", brincou. "Tenho tomado algumas decisões em minha vida que são muito intuitivas, emocionais. Para me convencer é preciso apelar um pouquinho ao meu sentimento. Quando saí do Porto e fui para a Arábia Saudita, tinha dois anos de contrato mas quis ir embora ao final do primeiro ano. Tive que pagar a multa de um ano, portanto nunca mais voltei a fazer contratos de longa duração porque preciso chegar ao final da temporada sabendo se estou feliz e se o clube está feliz comigo. Então, se tivermos ambos satisfeitos com o trabalho desempenhado juntos, se houver de fato uma sintonia, renova-se o contrato. Não quero ficar em um clube contrariado, nem quero que o clube fique comigo contrariado."

Adaptação a São Paulo e ao Brasil

"Xangai e Istambul são cidades grandes também. Mais do que a cidade, é nos adaptarmos à cultura, e acredito que nisto seja mais fácil adaptar-se ao Brasil do que à China, porque culturalmente temos muito em comum. Na língua também é fácil. A grande dificuldade será o clima, porque gosto de um jogo intenso, mas com qualidade. O calor afeta um pouco esta intensidade, mas os jogadores estão muito mais habituados do que eu com o calor. Outra dificuldade serão as viagens, os jogos competitivos, a reformulação da minha metodologia de treino para trabalhar às vezes sem carga, entre um jogo e outro. Os desafios me estimulam. Quando me sinto desafiado, é por aí que vou.

Técnicos portugueses no Brasil

"Já tivemos muitos treinadores brasileiros em Portugal, décadas atrás. Tenho por princípio que competência não tem nacionalidade, não tem idade, cor, nada. Competência ou se tem ou não se tem. Se eu fosse brasileiro, encararia a vinda de treinadores estrangeiros como uma oportunidade de perceber coisas novas, ver técnicos de outros países. Eu mesmo pretendo trazer algo novo para o futebol brasileiro. E para mim também é um desafio entender a realidade no Brasil, de aprender com treinadores brasileiros, jogar a cada três dias com intensidade grande.

Objetivos no Corinthians

"Quero títulos. Para além da qualidade de jogo, é importante ganhar. Gosto de ganhar com qualidade de jogo, mas ganhar é fundamental. Em um clube desta dimensão, com uma torcida enorme, é importante competir por títulos. Não posso prometer os títulos, mas posso prometer o trabalho para ir em busca deles."

O que o motivou a ir ao Corinthians

"Fui convidado para vir ao Brasil várias vezes. Sou um treinador fundamentalmente dos detalhes, táticos e estratégicos, então é isso o que me motiva. A qualidade dos jogadores me motiva, e aqui tenho certeza que temos qualidade. É também um campeonato com qualidade. A dimensão do clube também motiva, o tamanho da torcida, e a insistência do presidente que me fez sentir que de fato queriam muito que fosse eu. Depois percebi que a torcida também queria, e pronto. Mesmo antes de vir, senti que já havia uma ligação. Minha decisão foi por aí."

Estreia no clássico

"Os grandes jogos me estimulam. Em Portugal ganhamos dois títulos [com o Porto], clássicos com Benfica e Sporting. Na Grécia há clássicos muito quentes, na Turquia igual. Poderia até contar algumas histórias com experiências lá, daria um livro. A única diferença é que nunca joguei um clássico com três dias de treinos, mas é uma experiência nova. Quando assumi o Porto, por exemplo, o primeiro jogo foi contra o Barcelona pela Supercopa Europeia, tinha um peso enorme. Sei que para a torcida tem um significado enorme, mas é natural. Naturalmente gostaria de ter mais tempo de trabalho para mudar mais algumas coisas, mas vamos ao clássico com objetivo de ganhar."

Trabalho com jogadores jovens

"Comecei nas equipes de base do Porto, e acho que treinar é também ensinar. Podemos ensinar jovens de 20 anos ou experientes de 35, porque há sempre detalhes a transmitir. Eu gosto muito de trabalhar com jovens, porque é mais fácil: ele está no processo de aprendizagem e não há aquele processo de desmontar e depois montar. Um jogador experiente já tem coisas adquiridas que às vezes não estão de acordo com aquilo que queremos, aí é mais difícil alterar algumas coisas. É com o equilíbrio entre jovens e experientes que faz equipes fortes."

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado inicialmente, o jogo entre São Paulo e Corinthians está marcado para este sábado (5), às 16h. O erro foi corrigido.

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