Árbitro de clássico em MG relata medo de sair na rua e fala em 'terrorismo'
Igor Benevenuto, árbitro que comandou o clássico de ontem entre Cruzeiro e Atlético-MG, concedeu uma entrevista ao Seleção SporTV hoje e, com declarações fortes, relatou o "terrorismo psicológico" que está passando.
O Atlético-MG venceu o jogo por 2 a 1, de virada, com um pênalti marcado a favor, que gerou muita reclamação, e um gol no final do jogo. Por conta disso, Igor relatou as ameaças que vem sofrendo:
"Horas antes do clássico eu recebi várias mensagens no Whatsapp e no Instagram sobre ameaças, sobre marcações em pênalti ou etc... Depois do clássico, o meu celular e Instagram virou uma tristeza, só agressões e ameaças. Ontem passou um carro na frente da minha casa duas vezes dizendo que iam me matar, que iam matar pessoas da minha família. Eu não fui pra casa ainda, estou fora de casa e não sei que dia eu volto. Minha vida virou um estresse por causa desse jogo, dessa penalidade, que foi o único lance questionável da partida", declarou Benevenuto.
O árbitro do clássico considerou o que tem passado como "terrorismo psicológico".
"O Casão (Walter Casagrande") disse uma frase muito importante. Estamos vivendo um terrorismo velado, não igual outros países que é real, é um terrorismo psicológico que eu tô vivendo. A Federação (mineira) se disponibilizou sim (a ajudar), mas eu já avisei que entrei em contato com meu advogado particular, sempre uso os serviços dele, mas eles ofereceram ajuda. Não somos só nós que passamos por isso, vocês também, a gente sabe.", contou Igor.
Igor Benevenuto ainda relatou que mudou de visual justamente para não ser reconhecido nas ruas de Belo Horizonte:
"Eu uso barba há algum tempo, desde o ano passado. Eu tirei a barba por conta do jogo de ontem, eu tirei ontem justamente por causa do jogo, pra ter mais tranquilidade. Eu tirei de forma proposital pra ver se eu mudava um pouco de fisionomia, a gente não sabe o que pode acontecer, não tenho ido na academia e tenho usado boné, me disfarçando quando tenho que sair pra ninguém me reconhecer, a gente não sabe o que pode acontecer".
O árbitro ainda frisou que "não está tudo bem", reafirmou que continua achando que Hulk sofreu o pênalti que foi marcado. Igor finalizou repudiando os atos dos agressores.
"Eles (agressores) precisam entender que Instagram e Whatsapp não é terra de ninguém, eles não podem fazer isso. É muito triste, a gente tem visto muitas coisas ruins, pedradas, no México, passou dos limites, precisamos punir da maneira adequada essas pessoas. Essas pessoas prejudicam demais a vida de muitos por causa de um esporte que tinha que trazer alegria e paz para todos", finalizou o árbitro.
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