'Podemos ouvir Neymar?', questiona Henry sobre saúde mental no futebol
Ídolo francês, o ex-jogador Thierry Henry abordou a questão da saúde mental no mundo do futebol. Em entrevista ao 'L'Equipe', ele revelou ter passado por momentos difíceis durante sua carreira e que gostaria que esse tema deixasse de ser um tabu no esporte. O campeão do mundo também tratou da situação de Neymar e Lionel Messi no PSG.
"Sim, Neymar está um pouco pior... mas há razões. Ele falou muitas vezes em entrevistas sobre seu bem-estar e a pressão", introduziu Henry. "Ele fala, mas podemos ouvi-lo? Ele pede ajuda, tem coisas passando na cabeça dele como em qualquer ser humano", completou.
No ano passado, a estrela brasileira deu uma série de declarações sobre o tema, inclusive de que a Copa do Mundo de 2022 pode ser a sua última.
O ex-atacante, que fez história no Arsenal e no Barcelona, acrescentou que a questão da saúde mental é normalmente esquecida quando se fala de jogadores como Neymar e Messi. "Quando Lionel chorou saindo do Barcelona, não foi programado. Quando você pensa que nunca vai sair de algum lugar e de repente acontece, cria um choque emocional", explicou.
Henry fez um paralelo com uma própria situação para comentar a adaptação do argentino ao PSG. "Quando saí do Arsenal para o Barcelona [em 2007], demorei um ano para ficar bem", contou. Apesar de ter cinco gols em seis jogos pela equipe francesa na Liga dos Campeões e 11 assistências no Campeonato Francês, o camisa 30 vem sendo criticado por ter marcado somente duas vezes no torneio nacional.
Outro assunto tratado na entrevista foi a manifestação pública de atletas, como os casos da tenista Naomi Osaka e da ginasta Simone Biles. Hoje treinador adjunto da Bélgica, Henry disse não saber como as pessoas reagiriam se um jogador de futebol explicasse, no final de uma partida, que não estava mentalmente bem. "Na minha época, era muito mais difícil, totalmente tabu", afirmou.
Ele também falou sobre as consequências de um futebolista assumir que está passando por um momento de dificuldade emocional. "O que os torcedores adversários vão cantar, o que eles vão gritar quando você fizer um arremesso lateral ou quando chegar ao estádio? 'Ah, ele estava com medo'. Não é fácil abrir todas as portas", ponderou.
"Chorar era impossível, você não podia mostrar suas fraquezas. Aconteceu de eu chorar, sozinho, mas lutei para não desmoronar. Agora eu choro", revelou.
Por fim, Henry avaliou como sendo uma força o ato de ser vulnerável e reforçou que questões de saúde mental não podem ser mais abafadas atualmente. "Quando alguém se abre hoje, não podemos mais nos virar e rejeitar o que dizem. Por que seria errado dizer que você não está bem em sua cabeça?", concluiu.
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