Desafio de Vítor Pereira é encontrar lugar para Róger Guedes render mais
Aos 30 minutos do primeiro tempo do clássico contra o São Paulo no último sábado (5), o atacante Róger Guedes, do Corinthians, recebeu no campo de defesa da equipe alvinegra. Pressionado, tentou sair driblando, perdeu a bola e na sequência um cruzamento rasteiro passou na frente de Cássio e por pouco não resultou no segundo gol dos donos da casa.
O lance mostra que um dos principais pontos que o técnico Vítor Pereira tem a corrigir no time é quanto ao posicionamento do atacante do Corinthians. O erro de Guedes, mesmo que pontual, mostrou também que o jogador esteve abaixo dos outros membros do quinteto do Timão (Paulinho, Renato Augusto, Giuliano e Willian).
"O que tentei foi que a equipe se sentisse mais confortável com a bola e tivesse linhas de passe. O Róger fez isso. Às vezes ele fez bem, às vezes não tão bem, fez movimentos muito lateralizados. Quando você lateraliza muito, o que acontece? Quando entramos na área, nosso atacante não está lá. Quero atrair a marcação, mas nosso atacante não pode andar tanto nos corredores laterais, tem que fazer o movimento no corredor central para quando chegarmos na linha de fundo ele lá estar. Muitas vezes, ele veio demasiado baixo, à frente da linha dos meias, às vezes até lado a lado com os volantes, mas não quero isso do meu atacante. Assumo a responsabilidade, foram dois dias de trabalho, ainda falta muito tempo", afirmou o treinador português após a derrota no Majestoso.
Após perder a bola, Guedes ouviu ainda no campo instruções de Vítor Pereira para corrigir o movimento. Não deveria girar para a direção do gol, e sim na direção das laterais. O grande trabalho que o técnico tem é para resolver a produção ofensiva do Timão. No atual Campeonato Paulista, em nove jogos, o time marcou nove gols. No Brasileirão do ano passado, em 38 jogos, anotou 40 gols. Além disso, terá de resolver o posicionamento de Róger Guedes em campo.
"Ele jogou muito tempo da carreira dele como ponta, mas não aquele ponta preso, um ponta que entrasse em diagonal na área, que fosse para dentro, tinha um pouco mais de liberdade. A questão é que o Corinthians se ressente de um camisa 9 de um nível melhor. O Jô não está em um grande momento da carreira dele, está no final da carreira. E o Róger pode jogar nessa função também, desde que ele tenha essa liberdade de movimentação. Quando você deixa o Róger fixo como centroavante, de costas para o gol, você acaba matando muito do futebol dele", analisa Rodrigo Coutinho, colunista do UOL.
Neste ano, Róger Guedes jogou todas as partidas do Corinthians. Balançou as redes duas vezes, ambas contra o São Bernardo, e deu duas assistências. Em comparação com os números do camisa 9 no Campeonato Brasileiro do ano passado, de fato Guedes teve uma queda de desempenho. É preciso ponderar também que agora ainda é começo do ano, a temporada ainda está no início e a estreia na Libertadores deve acontecer só em abril.
Neste ano, o único quesito onde o camisa 9 apresentou melhora foi no acerto de passes, que subiu de 83% para 85% em relação ao Brasileirão do ano passado.
O acerto nos dribles teve queda de 10%, de 43% para 33%. A eficiência nos cruzamentos também caiu. Passou de 24% no ano passado para 13% este ano.
Tão importante quanto esses números é o mapa de calor de Guedes. Enquanto na temporada passada Róger circulava por todo o campo de ataque, até aqui ele tem ficado mais preso ao lado esquerdo do ataque do Corinthians.
"O Róger tem a característica dos jogadores dos anos 90 no Brasil, quando os times jogavam muito com uma dupla de ataque. Sempre com dois jogadores de mobilidade, que podem jogar na área, fora da área, caem pelos lados, com mais liberdade de movimentação. O Vítor Pereira pode pensar em uma dupla de ataque, jogar no 3-4-3, dando amplitude. O Róger pode jogar em qualquer função dessas do ataque", avaliou Rodrigo Coutinho.
No clássico no Morumbi, na parte final do jogo, o técnico chegou a lançar o time em busca do empate com 3 zagueiros e preenchendo o campo de ataque.
"A mudança tática não foi para defendermos com três, mas para abrir completamente o Gustavo na direita e o Willian na esquerda, juntando o Róger perto do Jô para termos presença na área. Outra coisa que precisamos trabalhar são os movimentos coordenados, um vai, o outro vem, para tentarmos desequilibrar a linha defensiva adversária. O Gustavo e Willian dos lados para tentar o um contra um. Ainda na esquerda, o Bruno tinha a capacidade de sair de trás para a frente, para desequilibrar, mas não conseguiu muito. É necessário trabalho na alteração da estrutura. E é o que vamos fazer. Sabemos das qualidades e que temos defeitos a esconder", pontuou Vítor Pereira.
O tempo pedido para aprimorar a equipe poderá ser utilizado nesta semana livre pelo treinador. O Corinthians só volta a campo no próximo sábado, quando enfrenta a Ponte Preta, pela 11ª rodada do Campeonato Paulista.
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