Guardiola rebate uma das 'grandes mentiras do futebol'
O técnico do Manchester City, Pep Guardiola, comentou as chances de a Argentina ganhar a Copa do Mundo do Qatar e rebateu as críticas a respeito da "inexperiência" do técnico Lionel Scaloni, de 43 anos, em entrevista ao podcast La Primera Jugada (A primeira jogada), do jornal argentino Olé. Para o espanhol, a "experiência".
O treinador, líder da Premier League, usou como exemplo a final do Mundial de Clubes de 2005, entre Liverpool e Milan, para validar seus argumentos.
"Essa experiência é uma grande mentira do futebol. Sempre contei aos meus jogadores no Barcelona, no Bayern e agora no City sobre uma final da Liga dos Campeões de 2005. O Milan venceu o Liverpool por 3 a 0 no primeiro tempo. E o Milan tinha uma equipe experiente, gente de mil batalhas como Cafu, Dida, Nesta, Pirlo, Maldini, Gattuso, Crespo, Inzaghi... E perdeu! Em 20 minutos do segundo tempo estava 3 a 3. A Argentina tem a ilusão dos jovens, acho que Scaloni e o [Pablo] Aimar [auxiliar técnico da seleção argentina] também estão lá. Deram a ele o que aquele grupo de jogadores precisava. E deu certo. A experiência é um mistério", disse Guardiola.
Para ele, o fato de ter ganhado a Copa América no ano passado dá à seleção argentina uma motivação a mais para erguer o tricampeonato mundial.
"Não estou lá, mas o que dizem sobre a força do grupo é fundamental. Em um torneio tão curto quanto uma Copa do Mundo, está ficando claro para mim que isso pesa muito, mais do que a questão tática, que tem pouca influência sim. O grupo é assim, acredito sinceramente que o fato de ter vencido a Copa América dá a eles um 'nossa, consegui, conseguimos'. Eles não perdem há muito tempo. E isso te dá força, invicto... E o fato de você sempre ter Messi deixando jogadores como Di María, Lautaro ou Julián Álvarez à frente é uma grande vantagem nesses torneios. A Argentina é candidata. A autoestima é essencial, ainda mais se você já ganhou a Copa América. Vai depender de como eles chegarem", disse se referindo ao título após vitória de 1 a 0 sobre a seleção brasileira em julho do ano passado.
Embora seja fã do futebol argentino, Guardiola também negou que tenha planos de assumir a seleção do país em algum momento da carreira.
"Nunca tentaram me jogar no River nem me chamaram para dirigir a seleção argentina. Quanto à seleção, acho que deveria ser dirigida por um argentino. Esse cargo é de um argentino. Depois, tenho costumes e pontos em comum. Falamos a mesma língua, gostamos de coisas parecidas, amamos a vida, a comida, estar com amigos e entes queridos, treinei vários jogadores argentinos e tenho amigos que moram lá. Acho que todos adoramos lugares baseados sobre as pessoas que estão lá e isso faz você se sentir confortável. Depois, há Valdano, Cappa, César Luis Menotti, nada menos, literatura argentina é muito legal... Com certeza irei de novo, de férias, não para trabalhar".
Guardiola ainda comentou sobre as diferenças entre Messi no começo da carreira e o camisa 10 da seleção argentina atualmente.
"Não é fácil ser Messi neste mundo do futebol. E agora ele vai para a Copa do Mundo, não tenho dúvidas. Que ele mudou? Você envelhece, e a energia que tem aos 20 não é a mesma agora. Todos nós mudamos, somos todos diferentes. Ele mudou, jogou milhões de jogos nas pernas, na cabeça e está se readaptando, logicamente, como deveria ser. Aos 20, 21 anos tinha aquela energia de comer o mundo e uma juventude que as pernas lhe deram. Hoje, aos 34, 35 é inteligente o suficiente para saber quando fazer e quando não fazer."
O treinador também comentou a influência de Messi em sua própria carreira. "O que Messi quer dizer? Tudo. Tudo. Ele sabe que havia um grupo de jogadores incríveis que o ajudaram quando estávamos juntos no Barcelona naqueles quatro anos. Havia um grupo impressionante de jogadores. Muitas estrelas no momento certo. Todos nós nos reunimos e tinha que acontecer. Xavi, Pujol, Iniesta... Gerou-se entre todos nós uma química que só acontece uma vez na vida. Ganhamos muito e sem ele teríamos vencido, mas como foi não, impossível. Sem comparação, Messi é como Michael Jordan quando Phil Jackson [ex-treinador do Chicago Bulls] podia sentir aquela sensação de que tudo estava fluindo e não havia problemas. Era 'pegamos o avião e vamos para outro' e assim por diante. Devo-lhe uma boa garrafa de vinho para agradecê-lo pelos contratos que ele me deu fez assinar".
O técnico espanhol e Lionel Messi trabalharam juntos no Barcelona de 2008 a 2012. Eles conquistaram 14 títulos, entre eles duas Liga dos Campeões: 2008/09 e 2010/11.
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