Até agora, Ronaldo só colocou R$ 23 mi dos R$ 400 mi previstos no Cruzeiro
Quando o Cruzeiro e o Ronaldo anunciaram que negociação de 90% da SAF do clube por R$ 400 milhões, logo o torcedor celeste imaginou que o time de futebol viveria dias melhores. Após o rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro em 2019 e o não acesso nas duas temporadas seguintes, a troca na gestão esportiva era a esperança que o cruzeirense precisava. Mas 75 dias depois da assinatura do contrato de intenção de compra e venda, Ronaldo colocou apenas R$ 23 milhões dentro da Raposa.
É verdade que o Fenômeno ainda não é oficialmente o dono de 90% da SAF cruzeirense. Embora já esteja totalmente no comando e responsável por todas as decisões do futebol, Ronaldo tem até o dia 18 de abril para assinar o contrato definitivo de compra. Por enquanto os departamentos jurídicos das duas partes fazem o que se chama de Due Diligence. É o momento que Ronaldo tem acesso a todos os documentos do clube. Contas vencidas, contas a pagar, dinheiro para receber, dinheiro antecipado. Enfim, toda a situação financeira é passada a limpo.
"A cada dia que abrimos uma gaveta, encontramos uma surpresa negativa", comentou Ronaldo, no início de janeiro, em sua primeira entrevista como proprietário do futebol cruzeirense.
Como o Cruzeiro é uma associação e não existe um dono, os R$ 400 milhões da compra precisam ser investidos no próprio clube. Seja no futebol ou até mesmo com o pagamento de dívidas. O projeto de Ronaldo à frente da Raposa prevê o investimento esportivo, mas o aporte financeiro não será grande logo na primeira temporada. Por enquanto, a preocupação é deixar a máquina funcionando. Pagar as dívidas mais urgentes e manter salários em dia, de jogadores e todos os funcionários, são as prioridades.
Tanto que Ronaldo tirou do bolso apenas R$ 23 milhões dos R$ 400 milhões que se comprometeu a investir no Cruzeiro. O dinheiro nem foi diretamente para o futebol, já que foi utilizado para pagar algumas dívidas que causaram transfer ban na Raposa. Para a Série B, que vai começar daqui a um mês aproximadamente, o Cruzeiro vai receber reforços. Mas todos dentro de uma realidade do clube, nenhuma grande aquisição está prevista.
Com uma série de dívidas que pressionam o funcionamento do clube, mais um transfer ban - punição que impede o clube de contratar - está por chegar (por causa da compra do meia Rodriguinho junto ao Pyramids, do Egito) e receitas antecipadas pela gestão anterior, os recursos do Cruzeiro são curtos. Por enquanto, nestes primeiros meses de Ronaldo, o clube honra os compromissos com o dinheiro da bilheteria, do sócio-torcedor e da venda do atacante Thiago.
Mas para os próximos meses, sem a entrada de novos recursos, Ronaldo pode ter que bancar os salários. Será necessário elevar as receitas para que o Fenômeno não tenha que tirar grana do próprio bolso para pagar contas recorrentes. O orçamento do Cruzeiro para 2022 caiu de R$ 90 milhões para R$ 35 milhões. Ou seja, o dinheiro que poderia ser usado na montagem do time, pode servir para manter as contas em dia.
Investimento maior em 2023
Já para o ano que vem, a expectativa é de um cenário bastante diferente. A meta da direção cruzeirense é o acesso, o que imediatamente significaria uma injeção de aproximadamente R$ 100 milhões nas receitas nas contas do Cruzeiro. Junte-se a isso um clube mais organizado financeiramente e administrativamente.
Com o time na Série A do Brasileiro, menos apertado com dívidas e com mais receitas, Ronaldo terá condições de iniciar o investimento no time de futebol. Até lá, o cruzeirense terá de confiar na gestão atual e no trabalho de Paulo Pezzolano, que tem agradado.
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