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Depois de ser 'campo de b*', Maracanã volta a ser aliado do Flamengo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

13/03/2022 04h00

A goleada do Flamengo sobre o Bangu, na noite de ontem (12), foi o pontapé para uma nova fase da relação do Rubro-Negro com o Maracanã. Outrora considerado trunfo, o estádio já foi motivo de críticas públicas de dirigentes e dor de cabeça para o elenco, mas o "batismo" de Paulo Sousa pode indicar um novo caminho.

O Maracanã esteve fechado neste início de temporada para reparos no gramado, justamente ponto alvo de críticas nos últimos anos. Agora, é híbrido, o reforço de uma camada de grama sintética.

Aliado nas boas campanhas de 2019, o Maracanã foi alvo de reclamações ainda no decorrer daquela jornada, com indicações do técnico Jorge Jesus, mas ganhou ares de "vilão" ao longo do ano seguinte. Na ocasião, o meia Diego fez uma crítica pública e o vice-presidente de futebol Marcos Braz disse se tratar do "pior gramado do Brasil", que estava um "horror".

"Acho que saímos do Maracanã com mais um título. Certeza absoluta: é o pior gramado do Brasil. Está um horror, não existe e não sei como que faz. Desesperador", afirmou Braz, à época, ao canal "Paparazzo Rubro-Negro", ao deixar o Maracanã.

Após se lesionar em uma partida contra o Independiente del Valle, do Equador, pela Libertadores, Gabigol classificou como "campo de bosta".

Após rusgas e buscas por soluções, em 2022, ao menos a impressão inicial, foi diferente. Arrascaeta, autor de um dos gols no triunfo por 6 a 0, fez elogios.

"Com certeza [gramado bom]. Ajuda muito este estilo de jogo. Tomara que fique bom por muito tempo", disse, à CariocãoTV.

Com 63.450 torcedores presentes, o técnico Paulo Sousa se disse "inteiramente batizado" e se sentindo "verdadeiramente treinador do Flamengo". O português, inclusive, indicou que o estádio pode fazer a diferença na campanha rubro-negra.

"Foi extraordinário, como disse inicialmente, me senti batizado. Foi um público fabuloso. É essa sinergia que queremos ter e temos essa necessidade, principalmente nos períodos que passarmos mais dificuldades ao longo do jogo. Precisamos dessa energia, que possam nos empurrar para que continuemos com qualidade, e que consigamos sair vencedores. Sinto que sou privilegiado. Hoje, posso dizer, sem dúvida, que me sinto cada vez mais treinador do Flamengo", disse.

Na última sexta-feira, o UOL Esporte publicou uma entrevista com Severiano Braga, CEO do Maracanã, que revelou planos de criar um laboratório de testes para a implementação de novas tecnologias no terreno de jogo.

"A gente trabalhou para isso [a solução], mas a tecnologia de gramado tem outras alternativas. Há clubes que têm um viveiro próprio para testes de novas tecnologias. O Real Madrid, por exemplo, tem o campo dele e um campo de testes de novas tecnologias. Fazem um laboratório e adotam no seu gramado. Está nos nossos planos ter algo similar para fazer esses testes. Para fazer esse laboratório, precisamos de uma área para testar e trazer para cá", disse Braga, que acrescentou:

"A gente sabe que essa prática [da grama híbrida] é usada há mais tempo na Europa, mas a gente não sabia se nossa grama ia se adaptar bem com a fibra. O River Plate usou grama parecida, nós ligamos para eles, que disseram que foi um diferencial muito grande. Procuramos literatura, ligamos para clubes. Mas cada estádio tem sua particularidade."

O contrato atual de gestão do Maracanã tem à frente Flamengo e Fluminense, em uma parceria que se iniciou em abril de 2019 e que, desde então, vem sendo renovada de seis em meses, período onde o processo licitatório definitivo ainda estava sendo elaborado.

O Vasco, por sua vez, já apresentou interesse em participar da gestão do estádio, visando utilizá-lo em jogos de maior apelo de público, e também como alternativa ao projeto de reforma de São Januário, que se sair do papel, deixará a casa cruzmaltina sem partidas por um longo período.