Topo

OPINIÃO

Colunistas: quem são os culpados pelos problemas no calendário brasileiro?

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

14/03/2022 12h04

Após a vitória por 1 a 0 no clássico contra o Santos, no Allianz Parque, o técnico Abel Ferreira criticou os futuros desfalques do Palmeiras por conta das convocações para seleções e voltou a contestar o calendário brasileiro, inclusive apontando os clubes como vilões - ao lado das federações. O time alviverde, por exemplo, poderá perder Weverton, Gustavo Gómez, Piquerez e Kuscevic para o mata-mata do Paulistão.

"Eu, se fosse presidente de um clube, ficaria muito bravo, porque pago salários aos jogadores e fico sem eles. Aqui, mais uma vez, dou minha opinião: os clubes e as entidades que organizam os campeonatos também são responsáveis. Se não pensarmos de forma global, se pensarmos só no dinheiro, estaremos na altura em que ficamos sem jogadores. Não entendo isso e vou sempre bater na mesma tecla. É urgente", cutucou Abel.

Estendemos o tema aos colunistas do UOL Esporte, que responderam à seguinte pergunta: Quem são os principais culpados pelos problemas no calendário brasileiro? Veja o que eles disseram:

CBF e clubes. A primeira por pensar, acima de tudo, em sua sustentação política, hoje totalmente na mão das federações estaduais. Os outros por não conseguirem se unir para mudar este cenário, aceitando a estrutura de poder que permite este calendário insano, onde um clube bem-sucedido disputa até 90 partidas em um ano, muitas delas sem seus principais atletas. Os clubes têm os jogadores, as torcidas, a cobertura diária da imprensa. Se houvesse união, duvido que não pudessem influir sobre algo tão simples como parar nas datas FIFA.
ALICIA KLEIN

Culpa da CBF. Os clubes são vítimas, mas também cúmplices. Problema antigo, sem solução enquanto a liga não virar realidade.
ANDRÉ ROCHA

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, foi preciso ao colocar os clubes como vilões do calendário brasileiro ao lado das federações. Em busca de achar culpados para esses absurdos que vivemos no futebol brasileiro, há quem tente apontar para todos e isentar os próprios clubes. Alguns dizem que os dirigentes apenas recebem o calendário e assinam. Outros tentam culpar até mesmo Tite por convocar os nomes que ele considera ideal. Há os que pedem o fim do futebol de seleções. Tudo isso deixa de lado o objetivo principal de 99% dos atletas, que é representar seu país nas principais competições, especialmente a Copa do Mundo.
DANILO LAVIERI

Os principais culpados são os clubes que não se impõem diante da CBF. E as entrevistas de Abel Ferreira são a melhor contribuição dele ao futebol brasileiro.
JUCA KFOURI

A culpa é compartilhada. CBF é a principal responsável. Federações estaduais estão no mesmo patamar. Clubes são também culpados, com dirigentes amadores pensando no bolso e nos interesses pessoais. E até os atletas, que deveriam se posicionar de maneira mais firme e unida. Mas, no fim, a grande culpada é mesmo a cartolagem.
JULIO GOMES

É um combo: clubes, federações e CBF. Os clubes reclamam (principalmente os treinadores, já que os dirigentes têm teto de vidro), mas não peitam CBF e federações por mudança no calendário. com estaduais mais enxutos, com clubes das Séries A e B jogando pouquíssimas partidas. Abel tem razão quando diz que os clubes têm responsabilidade.
MARCEL RIZZO

Abel está certo. Os grandes culpados são os clubes, dirigidos por medíocres, incapazes de gerir o futebol.
MENON

A exemplo do que disse o vitorioso Abel Ferreira, a culpa é sim das federações, principalmente da CBF, e dos clubes. Mas uma solução para "enxugar" nosso calendário, seria encurtar o Campeonato Brasileiro. Sou crítico ao sistema de pontos corridos, todos sabem disso! Um Brasileirão mais dinâmico, com uma fase e depois na base do "mata-mata", além de proporcionar mais emoção no final, seria um alívio na carga de jogos e também nas perdas de atletas para a seleção. Simples assim!
MILTON NEVES

Os principais responsáveis são os cartolas da cúpula da CBF e dos clubes. Os da confederação por pensarem mais na briga pelo poder do que em temas relevantes para a modalidade. Os das agremiações por terem imensa dificuldade para se unirem em busca de mudanças que valorizem o futebol como produto. Na maioria das vezes, cada um pensa no seu. Se a Liga sair do papel, isso pode começar a mudar. PERRONE

Os principais culpados são os próprios clubes, incapazes de se unir para obrigar a CBF a mudar o calendário. Agora mesmo, baixaram a cabeça e aceitaram que o colégio eleitoral da próxima eleição para a presidência da CBF se mantivesse com as regras absurdas que dão todo poder às Federações. Claro, a CBF também é culpada. Mas se os clubes, unidos, a enfrentassem, o problema do calendário (e muitos outros) já poderiam ter sido resolvidos. A Liga pode solucionar tudo isso. Talvez possa. Mas quem garante que ela de fato será criada? E como será administrada? Ninguém sabe. E a CBF continua a dar as cartas e a distribuir regiamente o dinheiro que o futebol gera para seus comparsas e apaniguados.
RENATO MAURÍCIO PRADO

A CBF é a maior culpada, pois é quem organiza tudo. Mas os clubes têm grande parcela, já que aceitam o que é proposto. Há tempos que a quantidade maior de jogos significa um retorno financeiro maior vindo dos direitos de transmissão e até mesmo de bilheteria. Os clubes que vivem um momento melhor, que chegam às finais dos campeonatos e, consequentemente, disputam mais partidas por ano, são sempre os que mais reclamam do calendário. Principalmente porque ainda são eles que acabam tendo jogadores em evidência e convocados para as seleções nacionais.
RODOLFO RODRIGUES

Os dirigentes, principalmente os que estão no comando há vários anos. Não fazem nada para quebrar essa estrutura totalmente nociva ao futebol brasileiro. Muitos deles se beneficiam desta estrutura.
RODRIGO COUTINHO

A responsabilidade pelo calendário é da CBF, sem votação ou ouvir clubes, está previsto no estatuto da CBF. A CBF aliás ignorou sugestões feitas pelo Flamengo para o calendário de 2022. O calendário é feito com estaduais de três meses para agradar às federações. Agora, na negociação da eleição e eventual apoio a Ednaldo Rodrigues, os clubes erraram ao ceder poder de votos às federações sem exigir claramente mudanças no calendário, por enquanto, só pediram mais influência no departamento de competições. Se os estaduais não forem reduzidos, prejudica s Liga. Há um dilema, especialmente em São Paulo, porque o campeonato é rentável e por isso os clubes terão de decidir se vale a pena mexer nele, além de um contrato feito pela Federação que obriga realizá-lo em três meses.
RODRIGO MATTOS