Quem olhar a classificação final da primeira fase do Campeonato Gaúcho buscando Grêmio ou Inter no topo irá se frustrar. Não é o vermelho nem o azul que colore o primeiro lugar, mas o verde e amarelo do Ypiranga. O time da cidade de Erechim sonha com título e pode levar a decisão para 370 quilômetros longe de Porto Alegre.

"Colocamos como meta conquistar o título do Gauchão. Sonhar pequeno e sonhar grande dá o mesmo trabalho", contou o executivo de futebol do clube, Farnei Coelho, ao UOL Esporte. "É um sonho que vamos trabalhar muito para tentar tornar realidade. Todos nós fizemos um trabalho muito bom, superamos as expectativas de todos até agora", completou.

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O Ypiranga é tradicional no Rio Grande do Sul. Ainda que nunca tenha sido campeão gaúcho, é considerada uma das equipes de melhor estrutura longe da capital. Possui o estádio Colosso da Lagoa, com capacidade para 30 mil torcedores e dá aos atletas o conforto que pode para exercerem seu trabalho.

"O clube tem uma gestão muito séria com o presidente Adilson [Stankiewicz]. É uma direção que paga dia 5 e dia 15. Os jogadores moram bem, comem bem, têm estafe completo, médico, nutricionista, psicólogo. É um grupo que os clubes do interior raramente têm. Aqui todos estão direcionados para o mesmo lado, estafe, comissão, diretoria. Se existe algum segredo para tudo que está acontecendo, é isso", contou o executivo.

Mas se engana quem pensa que o Canarinho esbanja gastos. Todo custo mensal do futebol não passa R$ 250 mil mensais. A renda do clube é egressa de patrocínios de empresas locais, de cotas de televisão e aproximadamente 1.800 sócios que pagam mensalidade.

"Estamos conquistando a torcida a cada dia. São mais e mais sócios que surgem. Ainda temos 10 cônsules pela região. Toda região do Alto Uruguai torce pelo Ypiranga. Ainda mais porque estamos longe da capital", contou.

Neste Gauchão foram 21 pontos conquistados em 11 partidas. O time treinado por Luizinho Vieira marcou 18 gols e sofreu oito, terminando a primeira fase como melhor defesa do torneio e na liderança da competição. Entre os destaques do time aparecem Falcão, Erick e John Lennon.

E não é só no Estadual que o Ypiranga tem feito bonito. Nas últimas duas temporadas a equipe ficou perto de subir para a segunda divisão do futebol brasileiro. Tal objetivo segue vivo e é prioridade em 2022.

"Quando fomos contratados, em dezembro de 2021, eu e o Luizinho, o presidente deixou bem claro que os objetivos eram chegar na semifinal do Gauchão, mas o principal era subir para Série B, isso pode mudar o clube de patamar e é o objetivo de toda região", disse. "Estava dentro do plano chegar na semifinal. Mas colocamos como meta ser campeão, porque sonhar pequeno ou sonhar grande dá o mesmo trabalho", completou.

Para construir uma campanha firme, o Ypiranga estabelece dois exemplos. O primeiro é a Chapecoense, que conseguiu chegar à elite do futebol brasileiro. E também o XV de Campo Bom, que esteve entre os finalistas do Gauchão por vários anos, mas hoje já não atua profissionalmente.

"Temos esses dois espelhos. São dois exemplos que tentamos levar", explicou.

O orgulho de levar a decisão do Estadual para longe de Porto Alegre depende da semifinal. Os jogos contra o Brasil e Pelotas serão computados na pontuação geral para definição dos manos de campo da final. Ou seja, se conseguir se classificar, é preciso ter somado mais que o outro semifinalista. O Grêmio terminou a primeira fase também com 21 pontos. O Inter fez 19.

"Já estamos felizes de ter um time do interior na final. Isso é um reconhecimento para todo mundo, para todos os profissionais do interior, isso representa muita gente. E chegar a trazer a final para cá seria uma realização como profissional. Estamos perto de conseguir isso. Brigar pelo título em casa seria muito importante", finalizou.