Brasil tem significados distintos para técnicos de Palmeiras e Corinthians
Adversários na quinta-feira, pelo Paulistão, no Allianz Parque, Abel Ferreira e Vítor Pereira fazem um duelo que mexe não apenas com duas das maiores torcidas do Brasil, mas também com uma boa parte da Península Ibérica. O Dérbi desta semana coloca em oposição dois treinadores portugueses que veem o mercado brasileiro com olhares distintos, e que a ele chegaram em pontos diferentes de suas trajetórias.
Os técnicos de Palmeiras e Corinthians fazem, na América do Sul, um embate que também chama muita atenção em Portugal e no restante da Europa pelo peso que a escola portuguesa tem hoje no futebol mundial.
Abel Ferreira, 43, vive no Palmeiras seu primeiro grande momento. Após passagens sem conquistas por Sporting (POR), Braga (POR) e PAOK (GRE), desembarcou no Brasil para conquistar uma Copa do Brasil, uma Recopa Sul-Americana e nada menos que duas Libertadores.
O Palmeiras e os títulos aqui conquistados são seu cartão de visita para o mundo. Desde que chegou ao Alviverde, ele já esteve na mira de clubes do Oriente Médio, França, Espanha, Inglaterra e, mais recentemente, foi alvo de consulta do gigante Benfica, da capital de seu país.
Já Pereira, 53, faz refletir em seu currículo os dez anos de idade a mais que seu conterrâneo, e segue o caminho oposto: desembarca por aqui com um currículo construído mundo afora.
Se por um lado não tem as conquistas continentais, que correspondem a 75% das taças de Abel, já foi campeão em três países diferentes e já levantou quatro ligas nacionais: duas em Portugal, com o Porto, uma na Grécia, com o Olympiacos, e uma na China, com o Shanghai SIPG — além de duas Supertaças de Portugal, uma copa grega e outra chinesa.
O fator família pesa muito para ambos
As conquistas de Abel abrem e devem abrir cada vez mais portas ele no exterior. No Palmeiras, não é de hoje que existe uma constante expectativa pouco velada de que, em algum momento relativamente próximo, o treinador vai deixar a Academia de Futebol.
Já Vitor, mesmo ainda longe do fim de sua carreira, tenta elevar um tanto do seu prestígio no clube do Parque São Jorge.
Depois de quatro temporadas de sucesso na China, Pereira ficou menos de seis meses no Fenerbahce (TUR). Foram apenas 25 jogos pela equipe de Istambul.
Durante a negociação, o treinador alvinegro parecia um pouco reticente com o emprego que lhe era oferecido. Tanto que firmou com o clube apenas até o fim do ano.
Pereira tinha como objetivo principal trabalhar na Premier League e temia a máquina de moer treinadores do futebol brasileiro. Acreditava que poderia fazer um grande movimento de mudança sob risco de perder rapidamente seu emprego.
Mas além disso, ele tinha questões familiares envolvendo a saúde de sua sogra, que também ficavam mais complicadas com a transferência continental. Conforme o treinador mesmo disse, Duílio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, insistiu muito, além de subir a proposta financeira, para trazê-lo ao Brasil.
A família também tem um peso enorme nas decisões de Abel Ferreira. Não por acaso, a presidente verde Leila Pereira aproximou-se muito da esposa do técnico para convencê-la a se mudar para o Brasil e assim conter o ímpeto de Abel de voltar para casa. Ainda sem sucesso.
O primeiro embate entre ambos acontece na quinta-feira. Embora seja apenas um dos muitos jogos que os dois terão pela frente, por todo peso institucional e histórico, inegavelmente vai traçar parte importante dos destinos dos dois técnicos - algo que Abel já certamente aprendeu, e que Pereira vai rapidamente descobrir.
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