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Flamengo retoma hábitos perdidos e volta a investir em ciência com Sousa

Médico Márcio Tannure e técnico Paulo Sousa conversam durante treino do Flamengo - Marcelo Cortes/Flamengo
Médico Márcio Tannure e técnico Paulo Sousa conversam durante treino do Flamengo Imagem: Marcelo Cortes/Flamengo

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/03/2022 04h00

Classificado para mais uma final de Carioca, o Flamengo planta fora das quatro linhas os frutos que pretende colher em campo. Enquanto Paulo Sousa ainda busca o encaixe ideal para seu time, o clube faz uma nova sinalização de que abraçou o método de trabalho do português.

Desde que chegou, Sousa e sua comissão técnica reestabeleceram um contato que andava perdido no Ninho do Urubu. Os profissionais se aproximaram dos membros do Departamento de Saúde e Alto Rendimento (Desar) e retomaram processos que tinham sido abandonados desde a saída de Jorge Jesus. Os questionários diários de saúde voltaram a ser rotina.

Diariamente, os jogadores respondem perguntas aparentemente corriqueiras sobre como foi a noite de sono de cada um deles e como reagiram ao treino, por exemplo. Com base nesses dados, informação, o Desar, que é gerenciado por Márcio Tannure, realiza cruzamento com os dados fornecidos pelo WIMU, um GPS de última geração que ajuda a entender como o atleta reagiu ao treino.

O clube também recuperou o trabalho preventivo e a individualização dos treinos. Após um raio x completo de cada jogador do grupo, as atividades físicas passaram a ser personalizadas, e o Fla vê nisso uma arma importante para a prevenção de lesões. Após as atividades, as informações colhidas no dia são debatidos no departamento e Sousa recebe um relatório detalhado.

As reuniões diárias foram mantidas, mas o Fla tenta trocar tempo por objetividade. A avaliação neste ano é de que se perdia muoto tempo com debates, mas que as análises nem sempre chegavam ao treinador e muito raramente eram aplicadas em treinos. O resultado dessa falta de sintonia foram lesões em série e pouca conexão entre as áreas. Com Sousa, só os coordenadores das respectivas áreas participam dos encontros, e o clube vê os problemas musculares despencarem no Rubro-Negro.

Hoje, o Flamengo tem três jogadores afastados dos gramados, mas nenhum devido a contusão ou lesão muscular. O zagueiro Pablo sofreu uma lesão no joelho após levar uma pancada em treino. O zagueiro Rodrigo Caio segue em recuperação de cirurgia no joelho realizada ano passado. Já o atacante Bruno Henrique sofreu luxação no ombro no primeiro jogo contra o Vasco e está em recuperação.

Com fé de que o investimento na ciência é um caminho fundamental para o protagonismo, a direção autorizou e o clube concluiu a compra do "io-iô training", um equipamento 2 em 1 que ajuda na simulação de movimentos que os jogadores fazem em campo e é a nova menina dos olhos das áreas técnicas e científica.

O "io-iô" é um aparelho que pode dar ênfase nos movimentos de aceleração, desaceleração, retomada da velocidade e mudança de direção. As múltiplas funções permitem o trabalho de resistência, velocidade e extensão muscular. A tecnologia não é tão comum no futebol, mas é muito utilizada nos esportes olímpicos.

Diante das possibilidades no Ninho, o Flamengo projeta investimento maior em um software já utilizado no Ninho. A ferramenta que ajuda nas avaliações dos questionários diários será ampliada e não ficará mais restrita às informações vindas da fisiologia. Em breve, todo o departamento médico será contemplado.

Após vencer o Vasco por 1 a 0, resultado que credenciou o Rubro-Negro a seguir na lua pelo tetracampeonato, os jogadores terão mais um dia de folga hoje (22). A volta aos trabalhos está programada para 15h de amanhã (23).