'Nem o Caetano': Abel Ferreira do Palmeiras vive dia de popstar na TV
Havia uma dúvida: será que o Abel Ferreira se importaria de parar para dar autógrafos, antes de fazer o exame de covid-19, no Ambulatório da Fundação Padre Anchieta, onde fica a TV Cultura?
"Ele, eu não sei. Mas são 21h08, eles não chegaram, e 21h25 eu tenho que estar com ele dentro do estúdio, microfonado, para a chamada no jornal", avisou Valéria Luizetti, produtora do programa Roda Viva, a um grupo de sete colegas que esperavam pelo português. O técnico do Palmeiras era o convidado do tradicional programa de entrevistas da noite de segunda-feira (22).
Mas deu tempo. E Abel, que é bastante tímido e fala muito baixo quando à paisana, muito diferente daquele tipo que chuta garrafas após algumas vitórias, concedeu autógrafos em livros, camisas, tirou fotos e recebeu abraços. "Eu sei que é mico, eu sei", repetia uma das componentes desse espontâneo comitê de boas vindas, enquanto enxugava lágrimas persistentes.
"Nem o Caetano [Veloso] causou tanta mobilização", disse Valéria, ao UOL Esporte. "O Caetano ganhou a Libertadores?", indagou outra, rindo. Na entrada do café onde havia uma recepção para umas 30 pessoas, pelo menos outras 30 esperavam pela chegada de Abel Ferreira. Dentro, não foram poucos, os cumprimentos. E Abel, enfim, foi para o estúdio.
Seu assessor de imprensa particular, Erich Onida, e um dos assessores de imprensa do Palmeiras, Daniel Romeu, auxiliaram o técnico na tarefa de distribuir exemplares de "Cabeça Fria, Coração Quente", livro assinado pelo técnico que lidera a lista de mais vendidos da revista Veja, termômetro do mercado editorial brasileiro há quatro décadas. A tarefa acabou pouco antes de o programa entrar no ar, às 22h.
Abel responde 37 perguntas
No início do programa, enquanto a apresentadora Vera Magalhães lia um breve currículo seu, Abel Ferreira, fora do quadro, fazia expressões de concordância ou não. "Um vencedor", disse a apresentadora, em uma parte do texto que corria seu teleprompter. À qual Abel respondeu com o gesto de "mais ao menos".
A primeira pergunta, é claro, foi sobre a renovação de contrato. E Abel já mostrou ali um hábito típico de sua persona como entrevistado: o de começar a responder às indagações que lhe são feitas com outro tema. E revelou ter aceitado ir ao programa por causa de Ayrton Senna (1986) e Telê Santana (1992), cujas participações no Roda Viva nos ficaram célebres e chegaram ao conhecimento de Abel, em Portugal.
Mas, justiça seja feita, ele retomou o assunto. Confirmou que conversou sobre a questão contratual com a presidente do Palmeiras Leila Pereira na última sexta-feira (19). Que a resposta vem em breve, e que seus jogadores serão os primeiros a saber. Mais tarde, ele diria também que a assinatura só acontecerá se sua esposa [Ana Xavier] se mudar para o Brasil.
Pela anotação de Erich Onida, seu assessor de imprensa, foram feitas a Abel 37 perguntas pelos jornalistas Wladyr Lemos (Cultura), Renata Fan (Band), Abel Neto (ESPN), Leonardo Cruz (O Estado de S. Paulo), Martin Fernandez (O Globo) e Paulo Vinícius Coelho, o PVC (Sportv/Folha/CBN), além da anfitriã Vera. Isso fora as perguntas que eram feitas no intervalo, quando a conversa seguia do ponto em que parara no ao vivo.
Num dos intervalos, a questão de PVC sobre o Palmeiras talvez ter focado demais em se defender, a ponto de prejudicar sua estratégia de ataque contra o Chelsea, na final do Mundial de Clubes, seguiu quase por todo intervalo. "Vocês queriam que eu colocasse o meu time para cima deles. Aí, tomamos três, quatro, e quero ver o que vocês vão falar", disse ele, entre risos.
Em quase todos os blocos, houve leves estouros de tempo. Os jornalistas tinham muito a perguntar ao treinador, o tempo era curto. E Abel também tinha muito a dizer. Como, por exemplo, declarar sua aversão à política. Explicar como o calendário tinha de ser feito. Dizer que não gostaria de ser técnico por muito mais tempo, talvez uns cinco anos. E afirmar que o Palmeiras foi campeão mundial em 1951. "É o que dizem os livros", responde assertivo, sobre o assunto.
Mais de 100 pessoas no estúdio
O programa chegou ao fim por volta das 23h40. Ato contínuo ao encerramento, mais de 100 pessoas invadiram o estúdio de gravação. Os autógrafos, fotos, abraços e lágrimas que não puderam ser entregues a ele antes de o programa começar enfim chegaram a Abel. Que atendeu a todos, até o fim.
"Enchem seu saco porque você é do Palmeiras. Se fosse técnico do Corinthians ou do São Paulo, já tinham feito uma estátua sua", bradou um dos funcionários/torcedores já no estacionamento. "Deixa esse negócio de estátua para lá", respondeu Abel, sorrindo tímido, enquanto assinava uma camisa antiga do Palmeiras.
Abel ligou o carro para sair da Fundação Padre Anchieta à 0h30 de terça-feira. A menos de nove horas do horário em que seu time começa a treinar na Academia de Futebol. Segundos depois, assim que o portão abriu, outros dez palmeirenses pararam ao lado de seu carro com novos celulares, livros e camisas para Abel assinar. Esses não eram funcionários. "Saímos de casa assim que o programa acabou", explicou uma torcedora.
"Você tem que renovar, Abel", ainda ouviu ele, antes de ir embora. "Fiquem calmos, que vai dar tudo certo", respondeu, com um sorriso de quem tem convicção sobre o que decidiu.
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