Por que o trabalho de Alexander Medina ainda não deslanchou no Inter
Alexander Medina está ameaçado de demissão no Internacional. Com o time jogando abaixo do esperado, eliminado da Copa do Brasil e perto de sair fora também do Gauchão, o uruguaio tem amanhã (23) o prazo para mostrar trabalho. Algo que até agora não aconteceu.
No clube desde o início da temporada, o ex-técnico do Talleres, da Argentina, transformou uma grande expectativa em decepção ao não conseguir dar padrão de jogo ao time. As oscilações preocupam e a direção do clube, antes irredutível na permanência, adicionou um "até quarta-feira" para falar da garantia de sequência no leme, isso após a derrota no clássico para o Grêmio por 3 a 0, no último sábado (19).
As razões para o rendimento aquém do esperado podem ser muitas, mas a reportagem do UOL Esporte separou as principais para você.
Característica do time x modelo de jogo
O modelo de jogo de Alexander Medina tem como peça fundamental a presença de jogadores de intensidade. Dois extremas rápidos pelos lados e um atacante que pode atuar como pivô ou em movimentação. É necessário laterais que consigam contribuir no ataque e na defesa cobrindo um espaço grande de campo em pouco tempo e volantes com capacidade de criação.
O Inter não tinha quase nada disso no começo da temporada. Aos poucos, a direção avançou na reforma do elenco para atender as necessidades do técnico. Chegaram jogadores para o meio-campo, como Gabriel e Liziero, Bustos para a lateral direita, Wanderson, considerado exemplo de ponta que o técnico gosta, ainda nem estreou. Mas o encaixe costuma demorar um pouco e tempo é algo raro no futebol brasileiro.
Treinos bons, jogos ruins
É paradoxal o que acontece no Inter. Enquanto os relatos de bastidores contam treinos positivos, jogadores unidos com a comissão técnica, um ambiente de evolução em todos os aspectos, basta o ensaio virar atuação para que tudo mude.
Ainda que o trabalho de dia a dia seja elogiado, Medina não conseguiu vencer a barreira de transformar treino em jogo e isso tem pesado bastante contra o seu trabalho. Não há qualquer relato de insatisfação do grupo, a direção sempre elogia o que acontece no CT Parque Gigante, mas levar isso até o Beira-Rio está demorando mais do que o esperado e cria dúvidas cada vez maiores.
Falta de resultados cria insegurança
O Inter vive uma sequência complicada. Depois dos vice-campeonatos da Copa do Brasil (2019) e do Brasileiro (2020), o time gaúcho vê a torcida pressionar pela volta dos títulos. O Gauchão não é conquistado desde 2016.
Na esteira da necessidade de vitórias e com a pressão evidente no ambiente vermelho, qualquer tropeço inicial toma proporção ainda maior. Pedidos de paciência são facilmente esquecidos, uma vez que quedas pesadas estão ainda vivas na memória. O Inter foi eliminado da Copa do Brasil para o modesto Globo-RN e foi superado facilmente pelo Grêmio, em casa, no último fim de semana. Com apenas um bom jogo em 2022, as derrotas ganharam peso bem superior às vitórias.
Observação do grupo e testes
Vindo de outro mercado, Alexander Medina precisava conhecer profundamente o elenco do Inter e realizar testes antes de ter sua avaliação concreta do que poderia fazer com o grupo atual. Por isso, usou vários jogos para procurar o que chama de "associações" em campo. Alternou as duplas de volantes, de zagueiros, extremas, moveu jogadores de posição, observou características. Porém, ao trocar tanto não criou entrosamento praticamente nenhum e gerou insegurança em alguns atletas.
Trocas "estranhas"
Também pesou contra Medina algumas alterações pouco convencionais durante os jogos. Ele chegou a usar Rodrigo Dourado como lateral direito, terminou partida com Caio Vidal também na função de lateral, Edenilson chegou a ser utilizado em três funções diferentes no mesmo jogo. As alterações também geraram questionamento nos bastidores.
Rival em baixa, derrota em casa
O ápice das dúvidas sobre Medina veio no último sábado quando o Grêmio, que disputará a Série B do Brasileiro neste ano, superou o Inter com alguma naturalidade dentro do Beira-Rio. O resultado, em um ambiente que já não era o ideal, trouxe instabilidade ainda maior para o já conturbado ambiente vermelho.
Após o jogo, o vice de futebol, Emilio Papaléo Zin, disse que "até quarta-feira" não teria nenhuma mudança. Depois disso, não só o técnico poderá cair, mas o departamento de futebol mudar profundamente. Já neste ano, o executivo Paulo Bracks foi demitido.
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