'Ataque de Fifa': como Tite pretende organizar quarteto ousado da seleção
A seleção brasileira vai enfrentar o Chile, amanhã (24), com um ataque inédito e promissor. O time terá Antony na ponta direita, Vinicius Júnior aberto pela esquerda e Lucas Paquetá e Neymar mais centralizados, dividindo responsabilidades entre meio-campo e ataque.
Trata-se de uma escalação sem centroavante de origem e que privilegia atacantes ousados, que gostam do drible e do jogo em alta velocidade — como é a preferência de quem se diverte no videogame, em jogos como o aclamado Fifa. Já classificada para a Copa do Mundo do Qatar, a seleção cumpre tabela nas Eliminatórias testando opções táticas e tentando empolgar o torcedor em seu último jogo no país antes do torneio. Quase 50 mil ingressos já foram vendidos e a bola rola a partir de 20h30 (de Brasília), no Maracanã.
Paquetá e Neymar são titulares frequentes da seleção e chamam atenção pelo entrosamento nas tabelas e até em dancinhas na comemoração dos gols. A dupla faz parte do ranking dos dez maiores dribladores das Eliminatórias, de acordo com as estatísticas oficiais. Neymar é o top 1, com média de seis dribles certos por jogo. Já o companheiro é o nono colocado da lista e tem 89% de precisão em suas tentativas de finta na competição.
Vinicius Júnior tem só seis jogos nas Eliminatórias, mas aparece com destaque num contexto em que tem mais tempo para mostrar serviço. No Campeonato Espanhol, ele é o maior driblador de todos. A média é de três vezes por jogo em que deixa adversários para trás em jogadas de um contra um.
A marca de Antony no Campeonato Holandês também é boa, de 1,8 drible bem-sucedido por jogo. Pela seleção, por outro lado, o ex-são-paulino tem só seis jogos e ainda não foi titular. Nesta quinta-feira será sua estreia. Azar dos marcadores do Chile.
"Sempre gostei muito disso. Desde pequeno, sempre foi isso. O drible, brincar. Quem me inspirou nisso foi o meu próprio irmão. A gente ia para a quadra jogar e brincar. É de mim, sim, uma coisa que eu gosto muito. Tenho aperfeiçoado, colocado em prática. É uma coisa que me trouxe até aqui", disse o jogador do Ajax, que tem 22 anos.
Time ofensivo, mas seguro
A estratégia pensada pelo técnico Tite leva em conta que Antony e Vini Jr vão ajudar a marcar os laterais e pontas da seleção chilena em alguns momentos, numa espécie de primeiro combate da organização defensiva. O treino de ontem (22) foi marcado por uma série de interferências do treinador pedindo que os dois jovens atacantes ajudassem a fechar os espaços na saída de bola do adversário.
O lateral-direito Isla, do Flamengo, é um que deve dar trabalho para Vinicius Júnior o tempo todo. Por isso, o jogador do Real Madrid teve atenção especial de Tite. Numa fechada de corretor que Vini acertou, o técnico foi só elogios: "Se tu fizer isso aí vai ser do c...".
Além disso, há a ideia de que Guilherme Arana ajude Vini pelo lado. Neste cenário, o lateral esquerdo avança para dar um bote ou tirar espaço de adversário, é compensado defensivamente por um dos volantes (Fred ou Casemiro) e permite que o atacante abra uma linha de passe, receba a bola mais perto de Neymar e Paquetá para tabelas e dê mais volume ao ataque brasileiro.
Antony e Vini Jr, aliás, estão para lá de acostumados com essa ideia de marcar lateral. É princípio do jogo deles no Ajax e no Real Madrid, não acessório. A ideia é sempre pressionar no campo do adversário para recuperar rápido a bola e definir as jogadas. O contexto da seleção é o mesmo, a única diferença é que o Chile defende com três jogadores e os pontas vão fazer esta pressão inicial sobre os mais externos deles neste caso específico.
Apesar dessas armas para que o time seja mais seguro, o foco de ambos será atacar. No treino da seleção pré-goleada por 4 a 0 sobre o Paraguai, a exigência de Tite ficou clara numa instrução para Vinicius Júnior: "Vai pra cima! Carretilha, caneta, f...-se!". A referência à carretilha diz respeito ao que o atacante brasileiro fez num jogo contra a Argentina, ano passado.
Para completar a formação, jogando por dentro estarão Lucas Paquetá e Neymar. É uma configuração em que eles iniciam alinhados e se alternam nas funções. Naturalmente, o primeiro tende a ocupar mais a faixa central como meia e o outro fazer as vezes de falso 9. Juntos, são responsáveis diretos por 38 dos 89 gols da seleção no ciclo para a Copa do Qatar, entre gols e assistências.
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