Ceni elogia atuação do São Paulo e pede para torcida não vaiar Igor Gomes
A virada conquistada pelo São Paulo sobre o São Bernardo, por 4 a 1, hoje (22), no Morumbi, agradou a Rogério Ceni. O treinador elogiou a intensidade da equipe para buscar o resultado depois de sair atrás do placar.
O São Paulo pressionou o primeiro tempo, mas parou nas defesas de Alex Alves. O gol do São Bernardo saiu logo aos 7 minutos da segunda etapa, o que fez com que o Tricolor tivesse que correr atrás.
"Não era para ter sido um drama como foi, porque as oportunidades no primeiro tempo foram claríssimas, o goleiro fez muitas defesas. Se repetiu o enredo de outros jogos. (...). Tivemos foco para nos mantermos no jogo, as alterações foram importantes. Claro que a expulsão também nos favoreceu, por dar mais espaço no campo, mas o time agrediu o quanto pôde, teve muitas chances", analisou Ceni.
O São Bernardo ficou com um a menos aos 21 minutos, quando a partida estava empatada por 1 a 1. Paulino Moccelin fez falta em Alisson e recebeu o segundo cartão amarelo. Com a vantagem numérica, o São Paulo aumentou a pressão e buscou a virada.
No momento da expulsão, Ceni já havia feito três alterações simultâneas. Sem a vitória garantida, a torcida presente no Morumbi vaiou Reinaldo, que perdeu a bola no gol do São Bernardo, e Igor Gomes. Durante a entrevista coletiva, o treinador pediu para que os torcedores evitem a cobrança ao longo do jogo.
"Esse menino é da base do São Paulo, um garoto fisicamente acima da média, que faz o trabalho sujo que é se matar, organizar para que outros possam definir o jogo. Pode ser que às vezes ele não vá bem, mas quanto custou o Igor Gomes? É um investimento de Cotia. Não vaiam, não façam isso, são esses garotos que podem tirar o São Paulo dessa situação, que se enterrou. Aplaudam o cara", prosseguiu.
Classificado para a semifinal, o São Paulo agora espera a partida entre Corinthians x Guarani, na quinta-feira, para saber se jogará o duelo em seus domínios. Se o time alvinegro vencer por 4 a 3 ou por dois gols de diferença, o confronto será disputado na Neo Química Arena.
Confira outras falas da entrevista coletiva de Rogério Ceni:
Desempenho de Pablo Maia
Para um garoto com a idade que ele tem não é fácil jogar 8, 9 jogos seguidos mantendo um bom padrão de jogo. Fico feliz com o gol hoje. Treinamos bastante esse chutes com ele, porque ele já tinha como característica isso.
Talvez a melhor atuação ofensiva da equipe, em que criou reais possibilidades de gols. Alguns erros defensivos que não estávamos acostumado a cometer. São Bernardo é um bom time, bem superior ao último jogo, e hoje acho que levamos mais a sério, na acepção da palavra, o jogo.
Mas ofensivamente o jogo que mais criamos, o jogo que criamos as melhores oportunidades. Defensivamente, alguns erros que não são tão comuns acontecer e ainda temos que trabalhar para melhorar.
Rodízio constante de jogadores
Quando se tem um espaço maior de tempo entre um jogo e outro - eu considero um bom espaço cinco dias - você tem a chance de manter mais jogadores. Vínhamos jogando nos últimos 15 idas de quinta, domingo, quarta, sábado. É impossível qualquer treinador em qualquer lugar do mundo jogar com o mesmo time. Se você quer energia, o que temos aqui são esses garotos que produzem energia e alguns jogadores talentosos que fazem a diferença. A característica que marca esse time é a energia, a vitalidade. É inegável a mudança do ano passado para esse ano em matéria de postura, agressividade, marcação forte. O que sustenta esse time é o coletivo.
Temos jogadores bons, tecnicamente que fazem a diferença, mas aqui o que predomina é o coletivo. Quem tiver a fim de entregar o que pode para o time, sem dúvida nenhuma terá a prioridade.
Importância de jogar a semifinal no Morumbi
Contra o Corinthians ou contra o Guarani faria diferença jogar fora de casa. Por isso queríamos um resultado melhor no jogo passado. Hoje fizemos tudo para vencer. Qualquer adversário que tenhamos numa eventual semifinal, logicamente é melhor jogar em casa. Fomos a Campinas e perdemos para o Guarani. Não vencemos em Itaquera. O mando de jogo tem algum significado importante.
Diferença do Palmeiras de ter dois anos seguidos de trabalho
Eu vejo o Palmeiras como um baita time do futebol, um estilo de jogo que seu treinador vai aprimorando e tendo sucesso. Ninguém é campeão duas vezes seguidas da Libertadores por acaso.
O Palmeiras tem o mérito pela situação financeira que vive, investimento na base.
Vejo o Corinthians talvez uma equipe talvez mais talentosa, porque o Willian é o jogador mais diferente que temos no Brasil, um cara que ainda poderia jogar na Europa.
E nós vamos competir, não vamos deixar de competir, temos que valorizar nossos jogadores e vamos lutar contra quem estiver na nossa frente. Favoritismo não entra em campo, mas tenho que reconhecer que o Palmeiras tem um estilo muito bom de jogo.
O Corinthians cria muito, tem mais posse de bola. Cada um dentro da sua característica. Dentro da competitividade e do coletivo, vamos tentar fazer bons jogos. Ainda tem o Red Bull Bragantino, que acho uma belíssima equipe, e os postulantes Guarani, Santo André e o Ituano.
Maturidade dos jovens em momentos decisivos
Independentemente do clássico, são jogadores jovens, mas que já estão jogando há alguns anos na equipe, isso ajuda bastante. E é difícil, é diferente quando jogo eliminatório, você toma um gol e tem 30 minutos para virar o jogo.
Pode acontecer de você querer resolver tudo sozinho, mas eles tiveram calma, bem posicionados. Eles têm um talento, são jogadores que coletivamente trabalham bem. E tiveram maturidade, calma.
E outra coisa importa: saiu o gol e em nenhum momento a torcida parou de gritar. Pode ver que a torcida não mudou o tom, começou a cantar mais forte. E isso faz com que o atleta continue motivado.
Mas o mais importante é que eles tiveram calma para exercer as jogadas, fazer as tabelas, construir, porque foram jogadas bonitas construídas. A jogada do segundo gol, do Pablo, foi uma jogada improvisada, mas com coragem para executá-la.
Isso mostra que eles são jovens, com seus 22, 23, alguns com seus 18, 19 anos, mas eles estão dispostos. Eu gosto de gente que tem fome, que quer aprender, quer ganhar, quer ser campeão, quer vencer o próximo jogo e esses garotos mostram que têm fome de vitória. Acho que isso é importante ressaltar, porque tomar decisões boas faltando 30 minutos em um jogo eliminatório é sempre mais pesado em um jogo eliminatório.
Como Ceni ajuda esses garotos?
Eu cheguei ao profissional aos 19 anos. Cheguei ao São Paulo aos 17, mas ao profissional aos 19. E eu sei que aqueles caras que me acolheram bem me ajudaram muito a desenvolver o meu trabalho. Então é o mínimo que os mais velhos têm que fazer pelos mais novos: é acolhê-los bem.
Claro que nem todos vão dar certo. Alguns vão passar, alguns vão para equipes menores, alguns vão estourar, como Lucas estourou, como Antony estourou, como tantos outros. E quando vai para melhor a gente fica feliz porque é um retorno que eles deixam para o clube e é um retorno para a vida deles futura.
Então eles sempre vão ter o respeito e o apoio. Eu vim da base, eu morei quatro anos embaixo da arquibancada, não tinha Cotia.
São energias diferentes, por exemplo, entre Rafinha e Reinaldo. O Reinaldo está lá gritando todos os dias, sempre de bom humor. O Rafinha é impressionante... e os meninos são a energia pura do campo, força física, eles são a boa energia que circula dentro do CT.
E assim como tantos outros. O Miranda foi meu grande parceiro de zaga, um cara que me ajudou a ser campeão muitas vezes e nesse momento não jogou, mas está lá, firme, trabalhando, continua sendo o capitão do time.
Eu quero dar mais minutos, mas o que move esse time é a energia. Tem jogadores de muita qualidade. Se eles conseguirem elevar o nível de competividade, energia, igual desses garotos, logicamente eles também vão ganhar cada vez mais minutos.
Como você e os líderes ajudam os mais jovens a lidar com as vaias?
A minha é a mesma com eles todos os dias. Eu acabei o jogo e falei para ele: foca no jogo, foca no campo. Se você fizer dentro do campo, esse mesmo torcedor vai te aplaudir.
E é de direito também. O torcedor, na emoção, perdendo um jogo... mas eu entendo que o jogo é emoção, aqueles 90 minutos são de emoção. Mas quando acaba o jogo, há tempo de a gente refletir e, no próximo jogo, tentar com aplauso incentivar, para que mesmo o jogador não estando bem numa partida, ele possa ter outra oportunidade. Ele é formado aqui dentro, merece. Todos merecem. E uma torcida como a nossa, que gritou cada vez mais depois do gol sofrido, ela não combina a atitude.
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