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São Paulo vê Cotia decidir enquanto lida com vaias da torcida a Igor Gomes

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

23/03/2022 04h00

O processo de evolução do São Paulo na temporada passou pela afirmação de jogadores vindos de Cotia, casa das categorias de base do clube. Pablo Maia e Rodrigo Nestor são dois dos atletas que ganharam espaço com Rogério Ceni nos últimos meses e foram fundamentais na vitória por 4 a 1 sobre o São Bernardo, pelas quartas de final do Paulistão.

Alçado ao time titular por uma carência do elenco, que tinha apenas Luan como primeiro volante, Pablo Maia foi titular da equipe em nove partidas até aqui. A entrada dele permitiu que Rodrigo Nestor deixasse a função e começasse a jogar um pouco mais avançado, com liberdade para criar jogadas e tabelar com os atacantes.

"Desde que eu subi, eu venho me preparando para jogar em qualquer posição. Lógico que na posição que eu estava jogando era uma posição que não usa melhor as minhas características, mas se o professor precisar que eu jogue ali, eu jogo sem problema nenhum. Acredito que me encontrei na posição que estou jogando agora, tenho mais liberdade e acho que uso melhor as minhas qualidades", analisou Nestor.

A parceria dos dois tem dado frutos ao São Paulo. Foi dos pés do camisa 25 que saiu a assistência para o golaço marcado por Pablo Maia contra o São Bernardo, o primeiro dele pelo time profissional do Tricolor.

Maia ainda deixou a partida com uma assistência para Calleri fazer o quarto gol do São Paulo. Antes disso, quando o São Bernardo havia saído na frente do placar, Nestor foi o responsável por empatar o jogo.

"Eu nunca tinha jogado com o Pablo, na base acho que nunca tinha jogado com ele. É um menino muito humilde, escuta bastante, orienta também, acredito que vem dando certo essa parceria", prossegue Nestor, de 21 anos, um a mais que o companheiro. "Se você olha, o Maia parece mais velho que eu", brinca.

Igor Gomes sofre com pressão da torcida

Igor Gomes, jogador do São Paulo, durante partida contra o São Bernardo - Miguel SCHINCARIOL/São Paulo FC - Miguel SCHINCARIOL/São Paulo FC
Imagem: Miguel SCHINCARIOL/São Paulo FC

A boa fase de Nestor e Maia contrasta com a de Igor Gomes. O camisa 26 tem feito boas partidas, mas vive momento de pouco entendimento com a torcida. Assim como aconteceu na partida contra o Juventude, no ano passado, quando o São Paulo se livrou do rebaixamento, Gomes foi substituído ontem ouvindo vaias de praticamente do Morumbi inteiro.

A atitude da torcida gerou uma espécie de blindagem do São Paulo. Jonathan Calleri lamentou o ocorrido e o técnico Rogério Ceni pediu para que os torcedores mudem de atitude com Igor Gomes.

"Esse menino é da base do São Paulo, um garoto fisicamente acima da média, que faz o trabalho sujo que é se matar, organizar para que outros possam definir o jogo. Pode ser que às vezes ele não vá bem, mas quanto custou o Igor Gomes? É um investimento de Cotia. Não vaiem, não façam isso, são esses garotos que podem tirar o São Paulo dessa situação, que se enterrou. Aplaudam o cara", pediu Ceni.

Em entrevista na zona mista depois da partida, Calleri se mostrou incomodado com o que presenciou no Morumbi. "Fico chateado quando alguns meninos, como o Igor, que sempre dá tudo pelo time, saem xingados. Não gosto dessas coisas. Mas espero que o Igor possa ser campeão, possa ser importante nessas três partidas, porque precisamos de todo mundo".

A elástica vitória por 4 a 1 sobre o São Bernardo ajudou a abafar o peso das vaias a Igor Gomes. Ainda assim, Rogério Ceni afirmou ter tido uma conversa com ele no vestiário. "Eu falei para ele focar no jogo, focar no campo, porque se ele fizesse dentro de campo, o mesmo torcedor ia o aplaudir".

Igor Gomes tem sido um dos pilares de Rogério Ceni desde o início de sua segunda passagem como técnico do clube. Ele entende que o camisa 26 dá a intensidade necessária ao meio de campo para compensar a falta de velocidade do time pelos lados.

"Eu entendo que o jogo é emoção, aqueles 90 minutos são de emoção. Mas quando acaba o jogo, há tempo de a gente refletir e, no próximo jogo, tentar com aplauso incentivar, para que mesmo o jogador não estando bem numa partida, ele possa ter outra oportunidade. Ele é formado aqui dentro, merece. Todos merecem. E uma torcida como a nossa, que gritou cada vez mais depois do gol sofrido, ela não combina a atitude", completou.

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