Gre-Nal acabou em briga ou polícia nos últimos 4 jogos; veja consequências

Considerado um dos principais clássicos do futebol nacional, o Gre-Nal tem se destacado mais pela violência fora de campo - e confusões envolvendo jogadores - que pela disputa esportiva. Em todas as quatro últimas partidas entre Grêmio e Inter, alguns acontecimentos acabaram na polícia ou no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJD-RS).

A rivalidade entre as duas equipes é antiga. São mais de 100 anos de história. Até hoje, os dois clubes já se enfrentaram 437 vezes, com 160 vitórias do colorado contra 139 do tricolor, além de 138 empates.

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Na última partida, na noite de quarta-feira (23), tudo ocorria bem até os minutos finais. O estranhamento de dois atletas, Ferreira (Grêmio) e Bruno Méndez (Inter), resultou na expulsão e briga (discussão acirrada entre eles) até a porta do vestiário. Seguranças dos clubes precisaram separar os jogadores. O capitão gremista, Geromel, durante entrevista coletiva, ao término da partida, enalteceu a responsabilidade dos atletas darem o exemplo nas quatro linhas.

"Infelizmente no final teve uma confusão totalmente desnecessária. A gente cobra, mas tem que começar pela gente para dar exemplo", disse. "A gente não pode, a gente cobra paz e chega aqui e dar mau exemplo", completou. Enquanto ele falava, um funcionário terceirizado da Arena, que estava na beira do gramado, insultou atletas do Grêmio e, na sequência, foi agredido.

Não é de hoje que o clássico ganha destaque negativo. No dia 12 de março de 2020, o primeiro Gre-Nal da história da Libertadores da América - o de número 424 - foi marcado por uma briga generalizada. A partida terminou sem gols, mas com quatro expulsões para cada lado. No Grêmio, receberam o cartão vermelho: Luciano, Paulo Miranda, Pepê e Caio Henrique. Já pelo Internacional, Moisés, Edenilson Cuesta e Praxedes. Esse não foi o pior. Em 1969, durante o torneio de inauguração do Beira-Rio, o certame não foi finalizado porque houve a expulsão de 20 dos 22 atletas que participavam do duelo.

Relembre os últimos fatos que movimentaram o clássico.

Expulsões, briga e espancamento de terceirizado da Arena

O Inter venceu o Gre-Nal 437 por 1 a 0 na Arena, na noite desta quarta-feira (24), pelo jogo de volta das semifinais do Gauchão. A partida classificou o Grêmio para a decisão devido à vitória por três gols de vantagem na partida anterior. Tudo ia bem, até que ao fim do jogo as torcidas foram flagradas com sinalizadores. Houve rojões de colorados contra os gremistas.

Em campo, Ferreira (Grêmio) e Bruno Méndez (Inter) receberam cartão vermelho após estranhamento em campo. Ambos acabaram expulsos e precisaram ser separados no caminho ao vestiário. Em seguida, em razão de ter encerrado a partida sem cumprimento do acréscimo anunciado, o árbitro Leandro Vuaden acabou cercado e precisou de escolta para deixar o campo.

O mais grave ocorreu enquanto o capitão tricolor dava entrevista. Geromel falava da importância dos jogadores "darem o exemplo" em campo, na questão da não violência em clássicos. Um funcionário terceirizado da Arena, que não teve o nome informado, provocou atletas gremistas. Em consequência disto, foi agredido por alguns atletas e seguranças, até ser retirado. A administração da Arena informou que se trata de um carregador contratado apenas para este jogo.

Jogador gremista é atingido por celular durante comemoração

O volante Lucas Silva precisou de atendimento médico e pontos no lábio após ter tido o rosto acertado por um celular, arremessado por um torcedor do Internacional, durante o Gre-Nal 436, no dia 19 de março. Na primeira partida que definiria os finalistas para a final do Gauchão, o Grêmio venceu por três a zero, no Beira-Rio.

A agressão aconteceu após o terceiro gol marcado pelo tricolor. Um torcedor ficou irritado com a vibração e arremessou um celular no rosto dele. O meio-campista Jean Pierre recolheu o aparelho e o entregou para o delegado da partida. O fato foi citado na súmula e, com isso, o Inter pode ser denunciado ao Tribunal de Justiça Desportiva. Há chances de que o clube seja punido com multa - que pode variar de R$ 100 a R$ 100 mil - e a perda de mando de campo de uma até 10 rodadas. Ainda não há definição sobre isso.

O atleta gremista precisou levar três pontos. Nas redes sociais ele se manifestou: "Mais um capítulo triste do nosso futebol, de tantos que já tivemos e que parece ter aumentado nos últimos dias. Estou bem, foram três pontos, mas o que fica é a chateação pelo ocorrido e a certeza de que ninguém será punido". Ainda não foi definida nenhuma punição para o clube dono da casa.

O responsável pela agressão se apresentou à Polícia Civil. A delegada Ana Luiza Caruso informou que o acusado tem 22 anos e confessou o crime. Foi confeccionado um termo circunstanciado (por ser de menor potencial ofensivo). Ele vai responder por lesão corporal. No histórico criminal, antecedentes por crimes patrimoniais e porte de arma de fogo.

Clássico cancelado após ataque a ônibus tricolor

Depois do ônibus do Grêmio ser atingido por pedras e barras de ferro na chegada ao Beira-Rio, para o Gre-Nal 435, no dia 26 de fevereiro, o duelo foi cancelado. A partida foi transferida para o dia 9 de março, quando o colorado venceu por um a zero, em um certame sem intercorrência.

À época, devido a pedras arremessadas em direção ao veículo, o volante Villasant foi atingido e teve um traumatismo craniano e precisou ser levado ao hospital. Teve alta no domingo seguinte. Nesta semana, o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul multou o Internacional em R$ 150 mil.

O colorado foi julgado, não só pelo ataque da torcida, mas também por arremessos de cadeiras dentro do Beira-Rio. Pelo primeiro fato, foram R$ 100 mil, além de R$ 50 mil pelo segundo. Acusado de gestos racistas feitos por um torcedor e também por terem arremessado cadeiras, o Grêmio foi absolvido. As decisões cabem recurso. O Inter deve recorrer da decisão, mas informou que só irá se posicionar após o acórdão.

Torcedores do Inter são vítimas de "falsa blitz" e são agredidos

Pela série A do Campeonato Brasileiro, o Gre-Nal 434, foi marcado - mais uma vez - por violência fora de campo. Em trânsito para o estádio Beira-Rio, no dia 6 de novembro, um grupo de torcedores do Inter, que saiu de Caxias do Sul, distante cerca de 130 quilômetros da capital Porto Alegre, foi alvo de uma emboscada. No fim da manhã, nas proximidades do viaduto da BR-116, em São Leopoldo, um grupo de uma torcida organizada do Grêmio, armou uma falsa blitz para apedrejar, agredir e roubar os adversários.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os agressores se passavam por agentes de trânsito. Usavam, inclusive, coletes refletivos e cones para desviar o tráfego para dentro da cidade. Quando o coletivo parou, os gremistas quebraram os vidros do veículo e deixaram três passageiros feridos. Um bumbo da torcida rival foi roubado. Diferentemente do episódio envolvendo o ataque ao ônibus que levava os atletas do Grêmio ao estádio, na ocasião do ataque ao coletivo de torcedores colorados a partida não foi cancelada, mesmo envolvendo vários agressores e pessoas feridas.

Quatro meses depois, a Polícia Civil indiciou - nesta semana - cinco homens identificados pela participação na confusão. Eles tiveram a prisão preventiva solicitada à Justiça. Eles vão responder por roubo, lesões, danos materiais e participação em organização criminosa, diante da reiteração de crimes em outras oportunidades.

O Gre-Nal estava sem a presença dos torcedores tricolores dentro de campo, isso porque a Justiça havia proibido o ingresso devido a invasão de campo na Arena, no domingo dia 31 de outubro, após derrota da equipe por 3 a 1 para o Palmeiras. A vitória foi do Inter por 1 a 0. Marcado por ânimos acirrados, a derrota praticamente deixou o tricolor na série B.

O meia Patrick (ex-Inter) causou uma briga generalizada ao segurar um caixão do Grêmio, fazendo alusão ao rebaixamento, após o apito final. Houve troca de socos e insultos. Ele acabou expulso, o que constou na súmula da arbitragem.