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Rueda, sobre pressão por reforços no Santos: 'não sou masoquista, pô'

Andres Rueda, presidente do Santos, na Vila Belmiro - PEDRO ERNESTO GUERRA AZEVEDO
Andres Rueda, presidente do Santos, na Vila Belmiro Imagem: PEDRO ERNESTO GUERRA AZEVEDO

Lucas Musetti Perazolli

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

28/03/2022 13h19

O presidente Andres Rueda sabe da necessidade de reforços no Santos, mas prioriza a situação financeira do clube e lamenta não poder trazer "quatro, cinco ou seis" para colocar o Peixe em outro patamar.

Em entrevista à Rádio 365, Rueda comentou sobre esse impasse entre contratações e pagamento de dívidas. Reforços chegarão, mas talvez não sejam o que a torcida espera (e pressiona).

"Meu grande legado seria colocar travas no nosso estatuto para que as próximas gestões não consigam quebrar o clube. Um exemplo: quem não paga imposto recebe advertência e depois é rua. Expulsão. Não adianta expulsar depois. Deixaram de pagar impostos por um ano e virou R$ 60 milhões. Fizemos acordo e pagamos uma bala por mês. Poderia ser dinheiro para jogador. Vocês acham que eu gosto da pressão de não contratar? Não sou masoquista, pô. Queria trazer quatro, cinco ou seis jogadores para disputar títulos e ir para frente, mas não temos como contratar Cueva e Bryan Ruiz da vida, chegar em segundo e quebrar o clube. A salvação é travar ao máximo no estatuto as gestões de má fé", disse o presidente.

"Com nosso convívio com outros clubes, percebemos uma nova geração de dirigentes. Vemos pouco a pouco clubes que dão ênfase à gestão, preocupados com o financeiro. Esse é o caminho. Se não for assim, matarão a galinha dos ovos de ouro. Se bem gerido, todos podem ficar satisfeitos. Se eu quiser hoje contratar um jogador e dizer que pagarei 50 milhões, posso fazer. Esse é o problema. Contrataram o Soteldo e não pagaram. É liberdade demais no executivo sem responsabilidade financeira em cima dos atos. Não dá para contratar sem dinheiro para agradar torcida. E pior: não agrada. Não ganharam nada e colocaram clube em insolvência. Temos que engessar mais o executivo. Sou presidente, mas não tenho direito de quebrar o clube. O grande problema nosso é que os presidentes fizeram o que bem entenderam. E hoje sofremos consequências", completou.

Andres Rueda voltou a explicar o processo de contratações no Santos e mostrou confiança no trabalho do técnico Fabián Bustos e do executivo de futebol Edu Dracena.

"A gente tem um excelente técnico, fundamental nesse processo de reconstrução, que é o Fabián Bustos. E um excelente executivo de futebol, que é o Edu Dracena. Eles indicam que tipo de jogador, que posição carente, e temos que ir atrás. Nosso treinador e nosso executivo chegaram e fomos transparentes. Explicamos nosso problema financeiro momentâneo e falamos das nossas limitações. Todo jogador que a diretoria vai atrás é referendado pelo técnico e área executiva. Fazemos um esforço dentro das nossas possibilidades. Tentamos até passar um pouco do limite que seria razoável porque entendemos que o time precisa ser reforçado. Por incrível que pareça, a maior dificuldade não é financeira, mas sim a dificuldade de liberação de outros clubes. Temos sempre planos A e B e logo logo teremos novidades. Com certeza vão aumentar e muito nossa capacidade de jogo. Temos que trazer jogadores tarimbados para dar suporte para nossa molecada", avaliou Rueda.

O último reforço anunciado pelo Santos foi Willian Maranhão, ex-Bahia. O volante não agradou boa parte da torcida, mas foi aprovado por Bustos.

"Comitê de Gestão não entra no mérito técnico. Maranhão foi aprovado pelo Bustos, com avaliação positiva do departamento de futebol. Maranhão e todos os contratados passam por isso. Auro, Maicon, Ricardo Goulart, todos. Solicitações embasadas pelo técnico e área de futebol. Eles são cientes do nosso problema financeiro e se adequam. Pedir é fácil, mas temos uma situação financeira difícil. Avaliaram mais de 30 volantes e, dentro das nossas condições, acharam que era uma boa contratação", frisou.

Por fim, Andres Rueda se diz orgulhoso por receber críticas "apenas" no assunto futebol.

"A torcida está brava e com razão comigo, já pedi desculpas, mas pelo futebol. As últimas gestões eram criticadas por desvio de conduta e coisas eticamente incorretas e ilegais. Eu fico orgulhoso. Futebol a gente corrige, colocamos no eixo de novo buscando competência. E eu tenho total confiança no nosso técnico e nosso executivo de futebol e teremos em breve os resultados que a torcida espera", concluiu.

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