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Mineiro dá prejuízo ao Atlético-MG e não paga sequer uma folha salarial

Jogadores do Atlético-MG comemoram a conquista do Campeonato Mineiro 2021 - Fernando Moreno/AGIF
Jogadores do Atlético-MG comemoram a conquista do Campeonato Mineiro 2021 Imagem: Fernando Moreno/AGIF

Lohanna Lima e Victor Martins

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte, MG

30/03/2022 04h00

Ano após ano, a realização do Campeonato Mineiro no modelo atual é motivo de discussão entre clubes, jogadores e torcedores. Muitos defendem a ideia de que as equipes que possuem calendário mais apertado disputem a competição com jogadores da base, uma vez que o ganho técnico é questionável. A parte financeira era o principal atrativo, mas isso também mudou. Tanto é que a arrecadação do Atlético-MG com bilheteria e cota de TV — únicas formas de gerar receitas — não paga nem sequer uma folha salarial do clube atualmente.

A Federação Mineira de Futebol (FMF) não trabalha com premiação para os participantes do torneio nem ao campeão. O vencedor leva apenas o troféu e 50 medalhas cedidas pela entidade.

Atualmente, a folha salarial do Atlético gira em torno de R$ 15 milhões. Contando com o melhor desempenho na cota de TV e considerando os lucros e prejuízos que o clube teve como mandante no decorrer da competição, o Galo chegará perto de uma arrecadação de R$ 8,3 milhões - pouco mais do que a metade que gasta mensalmente para mante o time.

Cota de TV

Neste ano, a Globo reduziu significativamente o valor investido na transmissão do Estadual. Foram R$ 5 milhões aplicados em todo o torneio para exibir os jogos na TV aberta, com o Atlético recebendo R$ 1,3 milhão — o maior valor entre os clubes participantes. O restante da arrecadação dependeria dos pacotes de TV fechada e pay-per-wiew, o que faz com que a projeção final para o Galo seja de R$ 6,5 milhões. O Atlético já chegou a receber cerca de R$ 14 milhões só da Globo em temporadas anteriores.

Bilheteria

Em seis jogos como mandante no Mineiro, o Galo teve prejuízo em três deles na bilheteria. Somando os duelos contra Tombense e Patrocinense, pela fase classificatória, e Caldense, pela semifinal, o clube terminou devendo cerca de R$ 172 mil ao Independência e ao Mineirão. No clássico diante do Cruzeiro, o Galo ultrapassou R$ 1,6 milhão em arrecadação. Ainda teve valores positivos contra Athletic e Caldense, somando R$ 225 mil nas duas partidas.

Melhor para o rival?

No quesito arrecadação pelos direitos de transmissão, o rival Cruzeiro recebeu à vista o valor de R$ 5 milhões da plataforma Tempo Sports, que exibiu o time celeste como mandante durante toda a competição. O clube ainda teve participação nos pacotes vendidos.

A necessidade de receber o valor à vista seduziu a Raposa. Devido à crise financeira que enfrenta, o clube utilizou o dinheiro para quitar débitos mais urgentes. Além disso, o valor recebido de uma vez é quase o que está previsto para o Atlético-MG arrecadar a depender das aquisições do Pay-Per-View, o que fez com que o Cruzeiro entendesse que o negócio era melhor fora da Globo.