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Mineiro deve seguir com jogo único na final em 2023; Atlético-MG é contra

Taça que será entregue ao campeão mineiro de 2022 fez um tour por Belo Horizonte - Divulgação/Federação Mineira de Futebol
Taça que será entregue ao campeão mineiro de 2022 fez um tour por Belo Horizonte Imagem: Divulgação/Federação Mineira de Futebol

Victor Martins

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte (MG)

01/04/2022 11h00

Atlético-MG e Cruzeiro vão decidir o Campeonato Mineiro, amanhã (2), às 16h30, no Mineirão. Independentemente de qual clube seja o campeão, o formato com a decisão em uma única partida já é considerada um sucesso pela Federação Mineira de Futebol (FMF). Faltam pouco mais de 24 horas para o encerramento da edição 2022, mas a convicção é de que a mudança no regulamento fez bem para a competição e deverá ser mantido para os próximos anos, como apurou o UOL Esporte.

Entre os fatores que fazem a avaliação ser positiva é a indefinição sobre o campeão. Não há dúvidas de que o Atlético é o grande favorito para ficar com o título — pelos títulos do Brasileirão e Copa do Brasil, além de ter um dos elencos mais fortes do país — apenas confirmando a expectativa que existia antes mesmo da primeira rodada.

Para a final em jogo único, no entanto, o Cruzeiro não está totalmente descartado da disputa. Existe um clima de tensão e ansiedade em Belo Horizonte, criado pelo clássico que será jogado no sábado. Basta andar pelas ruas e constatar que o assunto principal nas rodadas de conversa é o Galo x Raposa do final de semana.

Como o Atlético tem um elenco muito superior ao rival, a final em duas partidas e com a vantagem de jogar por dois empates, já que o time alvinegro fez a melhor campanha na primeira fase, as chances de o Cruzeiro ser campeão seriam bem menores. Mas com um jogo apenas e decisão nos pênaltis, em caso de empate, o favoritismo atleticano perde força. Em um jogo só tudo pode acontecer, vide os três últimos clássicos: uma vitória do Cruzeiro e dois triunfos atleticanos com gols nos acréscimos do segundo tempo.

"A gente está trabalhando essa final com muito carinho, com muito cuidado. A nossa ideia é transformar essa final num produto comercial, um produto agradável para o torcedor. Estamos preparando uma série de novidades, coisas novas e diferentes, para que as pessoas vejam como um grande evento, não apenas um jogo de futebol, mas muito mais do que isso. A Federação Mineira abraçou essa ideia, a gente acha que o campeonato tem muito a ganhar, com interesse das pessoas, o interesse das marcas, para ser um incremento de receita para os clubes. A receita líquida vai toda para os clubes, então cada vez mais queremos transformar essa final num megaevento, para que cada vez mais a gente tenha mais receitas para os clubes finalistas. Ficamos muito satisfeitos com a venda de ingressos, da forma como foi. Estamos com a expectativa de que seja um grande jogo, que as pessoas saiam de lá surpreendidas por tudo o que estamos fazendo e por um grande espetáculo", disse Leonardo Barbosa, diretor de competições da FMF, ao UOL Esporte.

Outro aspecto positivo da final em jogo único é o Mineirão é a divisão igualitária dos ingressos entre duas maiores torcidas de Minas Gerais. Será apenas a terceira vez, desde 2013, que o clássico terá 50% de torcedores de cada lado. O que era uma tradição do clássico mineiro, se perdeu após as reformas do Gigante da Pampulha e da Arena Independência.

A procura por ingressos está muito boa e a tendência é que os 55 mil bilhetes colocados à venda se esgotem de forma antecipada. Para os saudosistas, a possibilidade de ter ao menos um clássico por ano com torcida dividida já vale a pena.

Neste sábado, como parte do evento que se tornou a final do Mineiro, a banda Pixote vai se apresentar no Mineirão. Serão exibições antes e no intervalo do jogo, além de uma participação especial na festa do clube campeão. A ideia da FMF é transformar a final do Estadual em um acontecimento especial nas temporadas futuras, independentemente dos clubes envolvidos. Mas é óbvio que ter um Atlético x Cruzeiro ajuda demais.

Atlético sozinho

Quando o assunto final em jogo único foi cogitado para o Campeonato Mineiro, apenas o Atlético se opôs. O clube alvinegro votou contra a mudança no regulamento, enquanto os demais participantes do Módulo I do Estadual votaram a favor. A direção atleticana viu a alteração como uma manobra para favorecer o rival Cruzeiro, que atualmente tem uma equipe tecnicamente inferior ao Galo.

"A final única não é uma decisão da Federação, é uma decisão tomada pelos clubes no arbitral. A Federação pode sugerir, mas não pode impor. Prevaleceu a decisão de uma maioria. A gente tem vários riscos, mas a partir do momento que você faz um jogo único, você diminui a disparidade entre as equipes e aumenta o interesse do público. Nosso objetivo é um só, é fazer um grande evento para aumentar as receitas. Sabemos como é difícil para os clubes do interior e também para os clubes da capital. Então nosso interesse é incrementar as receitas com um grande espetáculo", explicou Leonardo Barbosa.

Para 2023, o presidente do Atlético, Sérgio Coelho, já declarou que vai tentar voltar com a decisão em dois jogos. Ida e volta, com vantagem para o time de melhor campanha. No entanto, o Galo dificilmente terá sucesso na empreitada. A primeira questão é respeitar o Estatuto do Torcedor, que determina que o regulamento tem de prevalecer por pelo menos duas temporadas seguidas. Outro caminho é buscar uma autorização especial do Conselho Nacional do Esporte (CNE).

No entanto, o Atlético é voz isolada na luta contra a final em jogo único. Os demais integrantes do Campeonato Mineiro estão satisfeitos e a diretoria alvinegra terá de trabalhar bastante nos bastidores para puxar alguns votos e conseguir uma alteração no regulamento da competição. Mas passado o Mineiro, com Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores pela frente, dificilmente o Estadual terá uma atenção dentro do clube.