Tite quer meias e atacantes nas vagas extras da Copa: 'Surgiu uma galera'
Classificação e Jogos
A Fifa deve confirmar nos próximos dias o aumento do limite de 23 para 26 jogadores convocados por seleção para a Copa do Mundo do Qatar, que será disputada entre novembro e dezembro. Foi um pedido dos treinadores no contexto da pandemia de covid-19. Entusiasta da ideia, Tite já planeja como vai usar as três vagas extras na seleção brasileira.
Em entrevista ao UOL Esporte na sede do Mundial no dia seguinte ao sorteio dos grupos, o técnico afirmou que tem a intenção de convocar mais meias e atacantes para compor o grupo.
Jogadores versáteis. Inteligente a pergunta, porque ela é técnica, estratégica e tática. Mas sim, possivelmente sim [vai chamar três jogadores com características ofensivas].
Algumas convocações recentes de Tite tiveram mais de 23 nomes e mostraram a preferência por jogadores de meio e ataque. Na janela de jogos de janeiro e fevereiro, foram três meias [Lucas Paquetá, Philippe Coutinho e Everton Ribeiro] e sete atacantes [Antony, Gabigol, Gabriel Jesus, Matheus Cunha, Raphinha, Rodrygo e Vini Jr]. Nos jogos de março, sete de novo: saem Gabigol, Matheus Cunha e Raphinha e entram Richarlison, Neymar e Gabriel Martinelli.
"Que a gente tenha ali do meio para frente surgindo uma galera, uma geração, que vai te dando uma versatilidade junto com outros atletas mais experientes, dentro das nossas possibilidades. Isso vai se desenhando, mas sem predefinir. Porque não quero entrar em caixinha. Eu me vejo pensando: 'ah, o núcleo está aqui, a espinha dorsal está aqui'. Mas não. 'Seu Adenor, faz assim ó: esquece, vira, espera o tempo, dá o devido tempo'", diz o treinador, num exercício de manter as portas abertas para novidades com a lembrança fresca do sofrimento na Copa do Mundo da Rússia, em 2018.
Na última Copa do Mundo perdemos o Dani, machucou Renato, Neymar machucou, estava num processo de recuperação, Douglas Costa, Fred... então hoje eu digo 'calma, trabalha essa equipe, esse conjunto, com todas as variações, e isso o ciclo de quatro anos vai te dando', porque aí vai ter um grupo melhor preparado."
Time melhor do que em 2018?
Tite chegou para a Copa da Rússia com mais entusiasmo da opinião pública do que deve chegar no Qatar. Mesmo assim, ele vê a seleção mais bem preparada agora do que no primeiro Mundial que disputou e caiu para a Bélgica nas quartas de final. Desta vez, ele teve um ciclo completo de quatro anos para testar alternativas e variações.
"Absolutamente, sim. Tu estás fazendo a pergunta sabendo da resposta, porque tu acompanhas (risos). Sim [time tem mais variações], pelas escalações e por essas percepções do 4-4-2 agora com dois agudos do lado e dois vindo buscar por dentro, sim. Um centroavante, no último jogo o Richarlison, com Antony e dois agudos, flechas, Coutinho que flutuava junto com Paquetá e dois meias que vão chegando" disse.
"Tu tem Dani, que vai ser sempre armador, porque se tu colocar ele na amplitude, como ponta, tu vai ser burro, porque não vai tirar o que ele tem de melhor. Arana deixa ele fazer essa transição, porque tem dominada a situação, Lodi melhor no último terço, Alex Sandro primeiro e segundo... esses ajustes. Fabinho e Casemiro, daqui a pouco uma situação, porque não joguei com os dois juntos, então pode ser uma alternativa", refletiu o técnico da seleção.
Ontem (1), logo após o sorteio que definiu Sérvia, Suíça e Camarões no caminho do Brasil no Grupo G da Copa do Mundo, Tite disse que chegava com mais "naturalidade" para a segunda Copa. Ao UOL, explicou o termo.
"É administrar um pouquinho a expectativa, sabe? Eu sei, ou melhor, vivenciei um pouquinho o turbilhão que é um jogo de Copa, tu imagina determinadas coisas. Eu busquei muitas informações sobre o que é Copa do Mundo com pessoas que já estiveram aqui, com profissionais da imprensa até, que sentiram essa situação. Mas é sempre parcial. Ela é total na dimensão quando tu participa. Hoje há uma naturalidade, mas uma expectativa grande também."
Tite já esteve uma vez no Qatar no ano passado, para estudar possíveis locais de treino e hotel da seleção no país durante a Copa do Mundo. Agora voltou para o sorteio e admite: o clima já está no ar.
Quando eu cheguei no meu quarto de hotel foi falando para mim mesmo: 'cara, a Copa começou já', e depois: 'Adenor, são oito meses ainda, tu espera, calma'. Mas trouxe essa atmosfera de que iniciou. Te traz toda uma energia, já te remete à Copa. Eu tive esse sentimento."
A seleção brasileira tem cinco amistosos antes da Copa do Mundo. São três em junho e dois em setembro antes da convocação final, em outubro.
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