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Votação aberta contribuiu para aclamação em mudanças da SAF no Cruzeiro

Com presença de Ronaldo, conselheiros do Cruzeiro aprovam itens exigidos pelo Fenômeno para a compra da SAF - Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Com presença de Ronaldo, conselheiros do Cruzeiro aprovam itens exigidos pelo Fenômeno para a compra da SAF Imagem: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Thiago Braga

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/04/2022 04h00

A noite ontem (4) foi cercada de expectativas na sede do Cruzeiro, no bairro do Barro Preto (região central de Belo Horizonte). Desde o momento em que foi notificado da decisão do juiz Bruno Lino, que suspendia a reunião do Conselho Deliberativo, o departamento jurídico do clube mineiro tentou reverter a decisão.

Mas a tensão se dissipou tão logo a Raposa conseguiu cassar a liminar. O que se seguiu foi aprovação de todos os pontos pedidos por Ronaldo Nazário para prosseguir com a compra das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro. Tudo isso por aclamação, sem nenhum voto em contrário dos conselheiros.

No pedido que fizeram à Justiça para que a reunião fosse suspensa, os desembargadores Antônio Carlos Cruvinel e José Eustáquio Lucas Pereira foram explícitos em um pedido muito específico, o de que, se o juiz entendesse que a votação não pudesse ser adiada, que pelo menos ela tivesse voto secreto.

"Isso porque, como é público e notório, a votação em questão tomou enormes proporções, sendo certo que diversos conselheiros vêm sofrendo ameaças de morte para que votem de determinada forma. Tais ameaças estão públicas em faixas espalhadas por toda a cidade, como é de notório conhecimento", escreveram os conselheiros celestes.

Segundo apurou o UOL Esporte, a medida da Justiça de não acatar esse ponto específico e não permitir que a votação fosse secreta foi determinante para que todos os pedidos de Ronaldo, como passar as Tocas I e II para a SAF em troca do pagamento da dívida tributária e da realização de uma recuperação judicial ou extrajudicial, foi determinante que o Fenômeno tivesse vitória esmagadora na votação, sem que nenhum conselheiro votasse contra o acordo.

Desde que o UOL Esporte revelou a carta que a Mesa Diretora do Conselho celeste publicou, afirmando que a venda da SAF para o ex-jogador é "lesiva" para o clube, os conselheiros começaram a sofrer pressão da torcida. Patrocinador e amigo de todas as gestões recentes, o empresário Pedro Lourenço foi o primeiro a se afastar das negociações por conta das ameaças que começou a sofrer.

Após o Conselho Fiscal notificar o presidente do Cruzeiro por falta de transparência, o então presidente do Conselho Deliberativo do clube, Nagib Simões, renunciou.

Nesta segunda-feira (4), foi a vez do conselheiro e ex-presidente Alvimar de Oliveira Costa recuar após ter tido um áudio vazado no último final de semana em que pedia justamente para que os conselheiros fossem à Justiça para tentar barrar a reunião que aconteceu no fim da noite, o que de fato chegou a ocorrer, até que a decisão foi cassada.

Além de pedir para que o pleito fosse secreto, os conselheiros criticaram a maneira com que a negociação entre Cruzeiro e Ronaldo, intermediada pela XP Investimentos - contratada pelo clube mineiro.

"Sob o argumento da inexistência de pretensos interessados na compra de apenas 49% das ações, o atual presidente (Sérgio Santos Rodrigues) convenceu o Conselho Deliberativo a aprovar a venda de 90% das mesmas, convocando para tanto uma outra Reunião Extraordinária, a qual se realizou em 17/12/2021, sendo aprovado por maioria. Ocorre que, surpreendentemente, na manhã do dia seguinte ao dia 17/12/2021, o presidente noticiou a venda de 90% das ações da empresa recém constituída à empresa capitaneada pelo Sr. Ronaldo Nazário de Lima, notório futebolista brasileiro que, inclusive, os Requerentes nutrem extrema admiração", alegaram.

Com a aprovação dos pedidos, Ronaldo agora tem o caminho livre para assinar o contrato de compra de 90% das ações da SAF do Cruzeiro, que deve ocorrer até o dia 18 deste mês. Na mesma data, acaba a exclusividade dele para comprar as ações, que pode voltar a ouvir propostas de outros interessados.